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sábado, 21 de janeiro de 2017

Homilia: III Domingo do Tempo Comum - Ano A

 São Cirilo de Alexandria
Comentário sobre o Profeta Isaías
Somos chamados cristãos ou povo de Deus

Desde o Oriente atrairei a tua estirpe, desde o Ocidente te reunirei. Deus promete para a sinagoga ou para a Igreja formada de pagãos e judeus reunir a todos desde o Oriente ao Ocidente, ou seja, de todos os climas e lugares geográficos.
Quando fala de filhos e filhas que correm desde os quatro pontos cardeais, alude ao tempo da vinda de Cristo, tempo em que se deu a todos os habitantes da terra a graça da adoção através da santificação no Espírito. Ao dizer: A todos os que levam meu nome, dá a entender que a vocação não é exclusiva de uma nação, mas comum: a mesma para todos. Pois nós somos chamados cristãos ou povo de Deus. Também Pedro, na carta dirigida aos chamados pela fé, expressa-se desta maneira: Vós sois uma raça escolhida, um sacerdócio real, uma nação consagrada, um povo adquirido por Deus para proclamar as proezas daquele que vos chamou das trevas para entrar em sua luz admirável. Antes éreis não-povo, agora sois povo de Deus.
Fomos verdadeiramente renovados em Cristo pela santificação, recuperando o esplendor originário da natureza, a saber: a imagem d’Aquele que nos criou por Ele e n’Ele, renunciando ao pecado e a inveterada corrupção, somos ensinados a reiniciar uma vida nova; despojemo-nos do homem velho corrompido pelas seduções do erro, e nos revestimos do homem novo, renovado à imagem d’Aquele que nos criou. Ademais, este renascimento ou, como costuma dizer-se, esta nova criatura, efetuou-se em Cristo; portanto, a recebemos não de uma estirpe corrupta, mas em virtude da palavra do Deus que vive e permanece.
Portanto, além deste povo reunido dos quatro pontos cardeais e chamado por meu nome, não criei, plasmei ou efetivei nenhum outro para a minha glória. E o Filho pode muito bem ser chamado glória de Deus Pai, porque por Ele e n’Ele é glorificado, segundo aquilo: Eu te glorifiquei sobre a terra, ideia que Cristo desenvolve amplamente. Que nós que n’Ele cremos fomos plasmados por Ele, o sabemos com maior certeza ao sentir-nos conformados a Ele e ao apalpar – resplandecente em nossas almas – a beleza da natureza divina.
Algo semelhante disse também o salmista: Permaneça isto escrito para a geração futura, e o povo que será criado louvará o Senhor. E quando pouco depois acrescenta: Trazei ao povo cego, revela maravilhosamente a excelência inexpressável e admirável de seu poder. Já em outro tempo irradiou como estrela matutina sobre aqueles cujas mentes e corações estavam envoltos na treva da diabólica perversidade e no erro, e surgindo para eles qual sol de justiça, os tornou filhos já não da noite e das trevas, mas da luz e do dia, segundo a sapientíssima expressão de Paulo.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 122-123. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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