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sábado, 15 de outubro de 2016

Homilia: XXIX Domingo do Tempo Comum - Ano C

São Basílio Magno
Tesouro espiritual
A oração nos une com Deus

Após a leitura seguem as orações. As almas nas quais o amor de Deus brotou cumprem com mais rapidez e perseverança. A oração que eleva a mente a Deus é boa. Precisamente nisto está a vida de Deus em nós, quando nos recordamos que o Senhor vive em nós. Desta forma somos templos de Deus, procurando que esta união não se interrompa por causa das preocupações terrenas, das inquietudes e quando as paixões desorientam o intelecto. Quem, portanto, ama a Deus e foge de tudo isto, orienta-se para Deus, afastando de seu coração as paixões que o conduzem ao pecado e permanece na luta que o leva às virtudes.
A força da oração reside no sentimento da alma e das obras virtuosas de toda a nossa vida. São Paulo fala: Portanto, quer comais, quer bebais ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus. Então, quando te sentas à mesa, reza; quando tomas o pão, agradece ao doador. Quando revitalizas o teu corpo fraco com o vinho, então pensa naquele que te concede estes dons para alegrar-te e reforçar-te nas fraquezas. E, apesar de teu escasso tempo para o alimento, recorda-te sempre de teu benfeitor, jamais te esqueças. Quando te vestes, agradece àquele que te deu as roupas. Se o dia passou, agradece ao Senhor que nos deu o sol para trabalhar e na noite a lua para iluminar.
A noite também teu seu motivo de oração. Quando contemplas o céu e admiras sua beleza, então ora ao Senhor de todo o mundo visível; reza ao grande Criador de todo o mundo visível; reza ao grande Criador de todo o mundo. Por todo ser vivente que descansa na noite, reza novamente àquele que interrompe nossa atividade com o sono e, logo após um breve descanso, nos permite recuperar todas as nossas forças. À noite, portanto, não será apenas para dormir. Não permitas que a metade da tua vida passe em sono inútil, mas distribui a noite entre o sono e a oração. Maior tempo, mesmo que o do sono, tem que ser para a perfeição espiritual... Então assim poderás rezar sem interrupção, sem limitá-la a orações de meras palavras, e todo o teu comportamento estará sempre unido a Deus; assim toda a tua vida será uma oração contínua e sem interrupção.
E o que pode ser melhor, mas na terra, do que imitar os coros angélicos? Quando a cada ocupação precede a oração, quando com cantos, como sal temperamos as ocupações, os belos e espirituais cantos concedem à alma alegria e esperançosa tranquilidade. Ir à madrugada para a oração, com cantos e hinos, louvando ao Criador e, em seguida, quando o sol despontar, voltar ao trabalho.
Os salmos são tranquilidade para a alma, princípio de paz, que tranquiliza os atormentados e inquietos pensamentos, que não só dominam a turbulenta ira, a despertada cólera espiritual, mas a conduz à misericórdia. Os salmos fortificam aos consagrados, reconciliam aos ofendidos e, entre amigos, induzem ao amor. Quem, então, pode ter por inimigo àquele com o qual juntos elevam salmos a Deus? E o esforço de salmos une com aquele bem maior que é o amor.
Este cantoé como se encontrasse algum porvir, uma esperança, uma predisposição a uma atitude conciliadora; o povo com um coro une-se em uma melodiosa sinfonia. Os demônios fogem dos hinos e chega à proteção dos anjos. Os salmos são uma boa arma contra os temores noturnos e para descanso nos trabalhos cotidianos. Os salmos são a segurança para as crianças, beleza para os jovens, alegria para os anciãos e a melhor defesa para as mulheres. Os salmos, para os principiantes, são começo; crescimento para os perfeitos; são a voz da Igreja, alegria para os dias festivos, que afugentam a tristeza para a salvação em Deus. Os salmos fazem brotar lágrimas do coração de pedra. Os salmos são corpo dos anjos, estadia celestial, incenso espiritual.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 738-739. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Gregório de Nissa para este domingo clicando aqui.

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