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sábado, 6 de fevereiro de 2016

Homilia: V Domingo do Tempo Comum - Ano C

 Santo Agostinho
Sermão 43
“Cristo escolheu para ser apóstolos a alguns pescadores”

Estando o bem-aventurado Pedro com outros dois discípulos de Cristo Senhor, Tiago e João, na montanha com o próprio Senhor, ouviu uma voz vinda do céu: Este é o meu Filho amado, meu predileto, escutai-o. Recordando este episódio, o mencionado apóstolo escreve em sua carta: Esta voz trazida do céu nós a ouvimos estando com ele na montanha sagrada. E em seguida continua dizendo: Isto nos assevera a palavra dos profetas. Se ouviu aquela voz do céu, se garantiu a palavra dos profetas.
Este Pedro, que assim fala, foi pescador: e na atualidade é um inestimável sinal de glória para um orador ser capaz de compreender ao pescador. Esta é a razão pela qual o apóstolo Paulo, falando dos primeiros cristãos, lhes dizia: Atenham-vos, irmãos, em vossa assembleia: não há nela muitos sábios, segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos aristocratas; pelo contrário: Deus escolheu o néscio do mundo para humilhar aos sábios; Deus escolheu o fraco do mundo para humilhar ao forte. Ainda mais: tem escolhido o vil e desprezível, aquilo que não conta, para anular ao que conta.
Se para dar início à sua obra Cristo tivesse escolhido um orador, o orador teria dito: Fui escolhido em consideração à minha eloquência”. Se tivesse escolhido um senador, o senador teria dito: “Fui escolhida em atenção à minha dignidade”. Finalmente, se tivesse primeiramente escolhido a um imperador, o imperador teria dito: “Fui escolhido em consideração ao meu poder”. Que esses tais descansem e aguardem ainda um pouco. Descansem um pouco: não se prescinda deles nem sejam desprezados; sejam somente diferidos aqueles que pode gloriar-se de si mesmos e em si mesmos.
Dá-me, diz, esse pescador, dá-me esse ignorante e o analfabeto, dá-me a esse com quem o senador não se digna falar, nem sequer quando lhe compra um peixe: dá-me a esse. E quando lhe tenha cumulado de meus dons, ficará manifesto que sou eu quem atuo. Ainda que seja verdade que me proponho a fazer o mesmo com o senador, o orador e o imperador: quando chegar o momento o farei com o senador, mas com um pescador a minha ação é mais evidente. O senador pode gloriar-se de si mesmo, o orador também e o imperador: porém o pescador somente pode gloriar-se em Cristo. Que venha, que venha primeiro o pescador a ensinar a humildade que salva; através dele o imperador será mais facilmente conduzido a Cristo.
Lembrai-vos, portanto, do pescador santo, justo, bom, pleno de Cristo, com cujas redes, lançadas por todo o mundo, havia de ser pescado, junto com os outros, este povo africano (*); lembrai-vos, portanto, que ele tinha dito: Isto nos assevera a palavra dos profetas.
  

(*) Agostinho profere esta homilia em Hipona, norte da África, onde era Bispo.

Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 631-633. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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