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quarta-feira, 31 de janeiro de 2024

Artigos sobre Liturgia: Revista Perspectiva Teológica 2019-2023

Há duas semanas destacamos aqui em nosso blog quatro artigos sobre Liturgia publicados em 2023 na Revista Atualidade Teológica, da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio).

Nesta postagem gostaríamos de dar continuidade à proposta com cinco artigos sobre Liturgia publicados entre 2019 e 2023 na Revista Perspectiva Teológica, periódico quadrimestral da Faculdade Jesuíta de Filosofia e Teologia (FAJE), sediada em Belo Horizonte (MG).

Primeiramente destacamos os três artigos publicados no vol. 55, n. 3, referente aos meses de setembro a dezembro de 2023, destacando os 60 anos da Constituição Sacrosanctum Concilium sobre a sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II.

Na sequência, de maneira retrospectiva, trazemos outros dois artigos relacionados à Liturgia, publicados no vol. 53, n. 3 (setembro a dezembro de 2021) e no vol. 51, n. 2 (maio a agosto de 2019).


Confira a seguir os resumos dos artigos, que podem ser acessados na íntegra no site da Revista:

O valor permanente de uma reforma para a nova evangelização: A Constituição Sacrosanctum Concilium e a reforma litúrgica 60 anos depois
Padre Washington Paranhos, SJ (Doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Salesiana de Roma)

A 60 anos da promulgação da Sacrosanctum Concilium, parece-nos que podemos assinalar uma mudança de perspectiva em curso: da atenção à “reforma” da Liturgia à Liturgia como “forma” de renovação da vida da Igreja. Este é o objetivo deste estudo. Na primeira fase, o foco estava inteiramente na Liturgia como um objeto a ser reformado: um objeto ao qual se devia atribuir significado, um objeto a ser embelezado, ser purificado e retirado a poeira, do qual precisava retirar as incrustações para fazê-lo brilhar, mas ainda assim permanece um objeto. A reforma litúrgica foi entendida como: a Liturgia a ser reformada. A atenção hoje, por sua vez, parece-nos mais orientada para a Liturgia como fonte de renovação da vida da Igreja. Ora, se a Liturgia se tornou fonte, ela não seria mais apenas objeto, como antes; ela se tornaria, agora, “lugar vital”, entendido como fonte propulsora e critério de verificação da renovação da vida da Igreja. Inicialmente trataremos brevemente da pré-história da reforma litúrgica, para depois falar da Constituição litúrgica e do seu fundamento, da sua aplicação e dos litígios que dela decorreram. A Igreja se constitui enquanto tal pelo fato de tomar forma a partir da celebração, do dom recebido. Deste modo, a Sacrosantum Concilium, mais do que um manual para reformar os ritos, revelou-se uma carta magna, capaz de inspirar a renovação e a reforma da Igreja.


Entre a Tradição e as Sagradas Escrituras: A Liturgia como norma da vida da Igreja
Padre Creômenes Tenório Maciel, SJ (Doutor em Teologia pelo Institut Catholique de Paris e em Ciências da Religião pela Universidade Católica de Pernambuco)

Se a relação entre a Liturgia, a Tradição e as Sagradas Escrituras é verdadeiramente estruturante, como preconiza Sacrosanctum Concilium, não confere à Liturgia, no ato celebrativo, uma densidade estruturante e normativa à vida eclesial? Como fundamento dessa hipótese se encontram duas ideias: primeiro, de que Tradição e Escrituras são como fontes, ou melhor, uma única fonte que irriga a Liturgia e lhe dá um tipo de autoridade com força de “lei”; segundo, de que o Concílio Vaticano II buscou, para além da elaboração de novas regras de culto, propor um “novo” paradigma para se conceber a relação entre Tradição, Escrituras e Liturgia. O presente estudo buscará, pois, compreender a Tradição e as Escrituras como princípios teológicos que interlaçam Sacrosanctum Concilium e as demais Constituições conciliares, ora em consonância, ora em dissonância, e como isso possibilita pensar teologicamente o caráter central e instituinte da Liturgia na vida da Igreja a partir do Vaticano II.


Sacrosanctum Concilium e os Sacramentos
Padre Luis Felipe Marques, OFMConv (Doutor em Teologia dos Sacramentos pelo Pontifício Instituto Santo Anselmo de Roma)

Na sacramentalidade da ação ritual, manifestação da ação de Cristo e da ação da Igreja, os homens glorificam a Deus e se santificam. Fiel à Tradição, o Concílio Vaticano II revisou, adaptou e restaurou à prática dos sacramentos a partir da redescoberta da Teologia da Liturgia. Com essa reflexão queremos contextualizar a compreensão que o Vaticano II tem da Teologia dos Sacramentos. O objetivo principal do Concílio foi mostrar que a celebração litúrgica é uma experiência de comunidade e de encontro com Deus nos ritos e nas preces da celebração. É no rito celebrado e participado que se realiza uma profunda e complexa inteligência do mistério.


A regra litúrgica e o jogo simbólico
Padre Creômenes Tenório Maciel, SJ

As normas da Liturgia foram constantemente compreendidas a partir de um horizonte jurídico englobado pelo Direito Canônico positivo, e isso sem necessariamente considerar o enraizamento das normas na complexa realidade humana. A partir de alguns estudos feitos por C. Lévi-Strauss, J. Henriot, E. Fink, R. Caillois, C. Duflo, E. Ortigues, R. Guardini, H. Küng, L-M. Chauvet, e M. Brulin sobre o jogo e o símbolo, este artigo busca mostrar que, ultrapassando os limites estabelecidos pelo direito, a regra da Liturgia é profundamente enraizada em princípios partilhados ao mesmo tempo pelas ciências sociais e a teologia. A abordagem desta problemática, além de contribuir na reflexão sobre o fundamento do caráter jurídico das práticas litúrgicas, pode ajudar a reconhecer a vida litúrgica como fonte de suas normas.


Migrações: Liturgia, humanidade e hospitalidade
Padre Washington Paranhos, SJ

As migrações internacionais e as várias abordagens constituem o contexto da nossa pesquisa. Interessa-nos entender com qual pensamento e com qual prática a Igreja se aproxima das migrações. Trata-se, na verdade, de se perguntar: qual teologia, qual missão e qual pastoral a Igreja propõe e promove no campo da mobilidade humana? A missão e a pastoral são obviamente uma direta consequência do pensamento, da teologia que inspira toda intervenção pastoral. Por isso, o nosso objetivo principal é o de encontrar a definição de uma teologia que seja mais adequada para nutrir e inspirar a missão e a pastoral da Igreja entre os migrantes. Acreditamos, mas obviamente devemos encontrar fundamentação, que a pergunta por qual teologia encontre a sua resposta exatamente na “estranheza” do migrante, hoje um emblema paradigmático do outro como outro. Disso vem a necessidade de demonstrar que o reconhecimento do migrante como outro, como estrangeiro, está na base de todo discurso sobre migrações e é contribuição importante para a sua gestão. Mas não só. O reconhecimento do migrante enquanto migrante é a revelação da nossa verdade antropológica e, ao mesmo tempo, da nossa verdade teológica. Diríamos que a pretensão do estudo é abrir a janela “migrações” como um “espaço” que nos permite falar de Deus e do homem, da Igreja e do mundo. Não apenas nos permite falar de Deus, mas de falar com Deus e de encontrá-lo no rosto do irmão migrante, com o qual o próprio Cristo se identifica: “Eu era estrangeiro e me acolhestes” (Mt 25,35). Em um segundo momento, faremos uma reflexão sobre o dado litúrgico-celebrativo e a questão das migrações. A ideia é pensar uma Liturgia mais humana e hospitaleira.



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