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terça-feira, 12 de dezembro de 2023

Ângelus: II Domingo do Advento - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 10 de dezembro de 2023

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
Neste II Domingo do Advento, o Evangelho fala-nos de João Batista, o precursor de Jesus (Mc 1,1-8), e descreve-o como «a voz daquele que grita no deserto» (v. 3). O deserto, lugar vazio, onde não se comunica, e a voz, meio para falar, parecem duas imagens contraditórias, mas no Batista elas conjugam-se.

deserto. João prega ali, junto do rio Jordão, perto do ponto onde o seu povo, muitos séculos antes, tinha entrado na terra prometida (cf. Js 3,1-17). Ao fazê-lo, é como se dissesse: para escutar Deus, é preciso voltar ao lugar onde, durante quarenta anos, Ele acompanhou, protegeu e educou o seu povo, no deserto. É o lugar do silêncio e da essencialidade, onde não podemos dar-nos ao luxo de nos determos em coisas inúteis, mas devemos concentrar-nos no que é indispensável para viver.

E esta é uma chamada de atenção sempre atual: para prosseguir no caminho da vida é necessário despojar-se daquele “mais”, pois viver bem não significa encher-se de coisas inúteis, mas livrar-se do supérfluo, para ir ao fundo de si mesmo, para captar o que é verdadeiramente importante diante de Deus. Só se, através do silêncio e da oração, dermos espaço a Jesus, que é a Palavra do Pai, é que poderemos nos libertar da poluição das palavras vãs e da tagarelice. O silêncio e a sobriedade - nas palavras, no uso das coisas, dos meios de comunicação social e das redes sociais - não são apenas “sacrifícios” ou virtudes, são elementos essenciais da vida cristã.

E chegamos à segunda imagem, a voz. Ela é o instrumento com o qual manifestamos o que pensamos e trazemos no coração. Compreendemos então que ela está muito ligada ao silêncio, porque exprime o que amadurece no interior, a partir da escuta do que o Espírito nos sugere. Irmãos e irmãs, se alguém não souber ficar em silêncio, dificilmente terá algo de bom para dizer; ao passo que, quanto mais atento for o silêncio, mais forte será a palavra. Em João Batista, essa voz está ligada à genuinidade da sua experiência e à clareza do seu coração.

Podemos interrogar-nos: que lugar ocupa o silêncio no meu dia-a-dia? É um silêncio vazio, talvez opressivo, ou um espaço de escuta, de oração, de guarda do coração? A minha vida é sóbria ou está cheia de coisas supérfluas? Mesmo que isso signifique ir contra a corrente, valorizemos o silêncio, a sobriedade e a escuta.
Que Maria, Virgem do silêncio, nos ajude a amar o deserto, a nos tornarmos vozes credíveis que anunciam o seu Filho que vem.

Pregação de João Batista no deserto
(James Tissot)

Fonte: Santa Sé.

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