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sábado, 4 de novembro de 2023

Homilia do Papa: Comemoração dos Fiéis Defuntos (2023)

Santa Missa na Comemoração de Todos os Fiéis Defuntos
Homilia do Papa Francisco
Rome War Cemetery
Quinta-feira, 02 de novembro de 2023

A celebração de um dia como o de hoje leva-nos a dois pensamentos: memória e esperança.

Memória daqueles que nos precederam, que transcorreram a sua vida, que concluíram esta vida; memória de tantas pessoas que nos fizeram bem: na família, entre amigos... E memória também daqueles que não conseguiram fazer tanto bem, mas foram recebidos na memória de Deus, na misericórdia de Deus. É o mistério da grande misericórdia do Senhor!

E depois esperança. A memória de hoje é uma memória para olhar em frente, para fitar o nosso caminho, o nosso percurso. Caminhamos rumo a um encontro, com o Senhor e com todos. E devemos pedir ao Senhor a graça da esperança: a esperança que nunca desilude, nunca; a esperança, que é a virtude quotidiana que nos leva em frente, que nos ajuda a resolver os problemas e a procurar soluções. Mas sempre em frente, em frente! A esperança fecunda, a virtude teologal de cada dia, de cada momento: chamar-lhe-ei a virtude teologal “da cozinha”, porque está à mão e vem sempre em nosso auxílio. A esperança que não desilude: vivemos nesta tensão entre memória e esperança!

Gostaria de meditar sobre algo que me aconteceu à entrada. Eu olhava para a idade destes soldados mortos. A maioria tem entre 20 e 30 anos. Vidas interrompidas, vidas sem futuro. E pensei nos pais, nas mães que receberam aquela carta: “Senhora, tenho a honra de lhe dizer que tem um filho herói”. “Sim, herói, mas o tiraram de mim!”. Tantas lágrimas naquelas vidas que foram interrompidas. E não pude deixar de pensar nas guerras de hoje. O mesmo acontece hoje: tantas pessoas jovens e menos jovens... Nas guerras do mundo, até nas mais próximas de nós, na Europa e não só: quantas mortes! Destrói-se a vida sem ter consciência disto.

Hoje, pensando nos mortos, conservando a memória dos mortos, preservando a esperança, peçamos ao Senhor a paz, para que as pessoas não se matem mais nas guerras. Tantos inocentes mortos, tantos soldados que perdem a vida. Mas isto, porquê? As guerras são sempre uma derrota, sempre! Não há vitória total, não! Sim, um vence o outro, mas por detrás disto há sempre a derrota do preço pago. Oremos ao Senhor pelos nossos mortos, por todos, por todos: que o Senhor receba todos! E rezemos também para que o Senhor tenha piedade de nós e nos dê esperança: esperança de que iremos em frente e de que estaremos todos com Ele quando nos chamar. Assim seja!


Fonte: Santa Sé.

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