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quarta-feira, 4 de outubro de 2023

Ângelus: XXVI Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 1° de outubro de 2023

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Hoje o Evangelho fala de dois filhos, a quem o pai pede que vão trabalhar na vinha (Mt 21,28-32). Um deles responde imediatamente “sim”, mas depois não vai. O outro, pelo contrário, diz que não, mas depois arrepende-se e vai.
O que dizer destes dois comportamentos? Pensa-se imediatamente que ir trabalhar na vinha requer sacrifício, e que o sacrifício custa e não é espontâneo, mesmo na beleza de saber que somos filhos e herdeiros. Mas o problema aqui não está tão ligado à resistência a ir trabalhar na vinha, mas à sinceridade ou não diante do pai e de si mesmo. Com efeito, na realidade nenhum dos dois filhos se comporta corretamente, o primeiro mente, enquanto o outro erra, mas é sincero.

Vejamos o caso do filho que diz “sim”, mas depois não vai. Ele não quer fazer a vontade do pai, mas também não quer discutir e falar sobre isso. Por isso, esconde-se detrás de um “sim”, de um falso assentimento, que esconde a sua preguiça e lhe salva a cara momentaneamente, é um hipócrita. Passa sem conflitos, mas engana e desilude o seu pai, desrespeitando-o de uma forma pior do que teria feito com um “não” direto. O problema de um homem que se comporta assim é que não é apenas um pecador, mas um corrupto, porque mente sem problemas para cobrir e disfarçar a sua desobediência, sem aceitar qualquer diálogo ou confronto honesto.

O outro filho, o que diz “não”, mas vai, é sincero. Não é perfeito, mas é sincero. Claro que teríamos gostado de vê-lo dizer “sim” imediatamente. Não o faz, mas, pelo menos, manifesta diretamente e, em certo sentido, com coragem a sua relutância. Ou seja, assume a responsabilidade pelo seu comportamento e age à luz do dia. Depois, com esta honestidade básica, acaba por se questionar, por perceber que estava errado e por retomar os seus passos. É, podemos dizer, um pecador, mas não um corrupto. Ouvi bem: é um pecador, mas não é um corrupto. E para o pecador há sempre uma esperança de redenção; para o corrupto, porém, é muito mais difícil. De fato, os seus falsos “sins”, as suas aparências elegantes, mas hipócritas, e os seus fingimentos que se tornaram hábitos são como uma espessa “parede de borracha”, atrás da qual ele se protege das chamadas de consciência. E estes hipócritas fazem tanto mal! Irmãos e irmãs, pecadores sim - todos o somos -, corruptos não! Pecadores sim, corruptos não!

Olhemos agora para nós mesmos e, à luz de tudo isto, coloquemo-nos algumas questões. Perante o esforço de viver uma vida honesta e generosa, de me empenhar segundo a vontade do Pai, estou disposto a dizer “sim” todos os dias, mesmo que isso custe? E quando não consigo, sou sincero no confronto com Deus sobre as minhas dificuldades, as minhas quedas, as minhas fragilidades? E quando digo “não”, volto atrás? Falemos com o Senhor sobre isto. Quando cometo um erro, estou disposto a arrepender-me e a corrigir-me? Ou faço vista grossa e vivo com uma máscara, preocupando-me apenas de me mostrar uma boa pessoa e honesto? Em última análise, sou um pecador, como toda a gente, ou há algo de corrupto em mim? Não esqueçais: pecadores sim, corruptos não.
Maria, espelho de santidade, nos ajude a ser cristãos sinceros.

Parábola dos dois filhos (Jorge Cocco)

Fonte: Santa Sé.

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