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segunda-feira, 23 de maio de 2022

Regina Coeli: VI Domingo da Páscoa - Ano C

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 22 de maio de 2022

Estimados irmãos e irmãs, bom domingo!
No Evangelho da Liturgia de hoje, despedindo-se dos seus discípulos na Última Ceia, Jesus diz, quase como uma espécie de testamento: «Deixo-vos a paz». E imediatamente acrescenta: «Dou-vos a minha paz» (Jo 14,27). Reflitamos sobre estas breves frases.

Antes de tudo, deixo-vos a paz. Jesus despede-se com palavras que exprimem afeto e serenidade, mas fá-lo num momento em que nada é sereno. Judas sai para traí-lo, Pedro está prestes a negá-lo, e quase todos prontos para abandoná-lo: o Senhor sabe disso, mas não repreende, não usa palavras severas, não faz discursos ásperos. Em vez de mostrar agitação, permanece gentil até ao fim. Um provérbio diz que se morre como se viveu. As últimas horas de Jesus são na realidade como a essência de toda a sua vida. Ele sente medo e dor, mas não dá espaço a ressentimentos ou protestos. Não se deixa amargurar, não desabafa, não é impaciente. Ele está em paz, uma paz que vem do seu coração manso, habitado pela confiança. E disto flui a paz que Jesus nos deixa. Pois não se pode deixar a paz aos outros se não a tivermos em nós mesmos. Não podemos dar a paz se não estivermos em paz.

Deixo-vos a paz: Jesus mostra que a mansidão é possível. Ele encarnou-a precisamente no momento mais difícil; e quer que nos comportemos assim também, que sejamos herdeiros da sua paz. Ele quer que sejamos mansos, abertos, dispostos a ouvir, capazes de desativar as controvérsias e de tecer concórdia. Isto é testemunhar Jesus e vale mais do que mil palavras e muitos sermões. O testemunho da paz. Perguntemo-nos se, nos lugares onde vivemos, nós, discípulos de Jesus, nos comportamos assim: aliviamos as tensões, extinguimos os conflitos? Estamos também em atrito com alguém, sempre prontos a reagir, a explodir, ou sabemos como responder com a não-violência, sabemos como responder com palavras e gestos de paz? Como devo reagir? Que todos se perguntem isto.

Claro que esta mansidão não é fácil: como é difícil, a todos os níveis, interromper os conflitos! Aqui a segunda frase de Jesus vem em nosso auxílio: dou-vos a minha paz. Jesus sabe que sozinhos não somos capazes de preservar a paz, que precisamos de ajuda, um dom. A paz, que é o nosso compromisso, é, antes de mais, um dom de Deus. Com efeito Jesus diz: «Dou-vos a minha paz. Não vo-la dou como o mundo a dá» (v. 27). Que paz é esta que o mundo não conhece e que o Senhor nos dá? Esta paz é o Espírito Santo, o mesmo Espírito de Jesus. É a presença de Deus em nós, é a “força de paz” de Deus. É Ele, o Espírito Santo, que desarma o coração e o enche de serenidade. É Ele, o Espírito Santo, que desfaz a rigidez e extingue as tentações de atacar os outros. É Ele, o Espírito Santo, que nos lembra que há irmãos e irmãs ao nosso lado, não obstáculos e adversários. É Ele, o Espírito Santo, que nos dá a força para perdoar, para recomeçar, para iniciar de novo, porque com as nossas forças não podemos. E é com Ele, com o Espírito Santo, que nos tornamos homens e mulheres de paz.

Prezados irmãos e irmãs, nenhum pecado, nenhum fracasso, nenhum rancor deve desencorajar-nos de pedir insistentemente o dom do Espírito Santo que nos dá a paz. Quanto mais sentimos que o nosso coração está agitado, quanto mais sentimos nervosismo, impaciência, raiva dentro de nós, tanto mais devemos pedir ao Senhor o Espírito da paz. Aprendamos a dizer todos os dias: “Senhor, dá-me a tua paz, dá-me o Espírito Santo”. É uma bela oração. Recitemo-la juntos? “Senhor, dá-me a tua paz, dá-me o Espírito Santo”. Não ouvi bem, outra vez: “Senhor, dá-me a tua paz, dá-me o Espírito Santo”. E peçamo-lo também por aqueles que vivem ao nosso lado, por quantos encontramos todos os dias, e pelos responsáveis das nações.

Que Nossa Senhora nos ajude a receber o Espírito Santo para sermos construtores de paz.

Discurso de despedida de Jesus
(Walter Rane)
Fonte: Santa Sé.

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