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quarta-feira, 16 de março de 2022

Dom Henrique Soares da Costa: Paixão segundo Lucas 5-6

“Eu rezei por ti, para que tua fé não se apague” (Lc 22,32).

Dom Henrique Soares da Costa
Quaresma 2019
A Paixão de nosso Senhor Jesus Cristo segundo Lucas

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Paixão segundo Lucas V: Lc 22,31-34

“Simão, Simão! Olha que Satanás pediu permissão para vos peneirar como trigo. Eu, porém, rezei por ti, para que tua fé não se apague. E tu, uma vez convertido, fortalece os teus irmãos”. Mas, Simão disse: “Senhor, eu estou pronto para ir Contigo até mesmo à prisão e à morte!” Jesus, porém, respondeu: “Pedro, Eu te digo que hoje, antes que o galo cante, três vezes tu negarás que Me conheces!” (Lc 22,31-34).

Quando leio este trecho do Evangelho recordo sempre do Bispo Emérito de Roma, Bento XVI, e das calúnias pesadas contra ele, sobretudo naquele triste 2009, Ano Sacerdotal, ano do escândalo da pedofilia... Jornais internacionais que, metodicamente, acusaram o Papa, caluniaram-no, mentiram contra ele, atribuíram-lhe uma culpa que ele não tinha de modo algum... Refinada obra do Diabo contra o servo de Cristo... Penso na solidão que aquele pobre Papa viveu, com a imprensa toda contra ele, acusando-o pelo gosto de acusar, simplesmente porque o detestava, porque ele colocava o dedo nas verdadeiras feridas de um mundo que virou as costas para Deus e o Seu Cristo... E penso no Salvador que diz, grave e meigo: “Simão, Simão! Olha que Satanás pediu permissão para vos peneirar como trigo. Eu, porém, rezei por ti, para que tua fé não se apague”.

Diálogo de Jesus com os Apóstolos durante a Ceia - Duccio di Buoninsegna

- Senhor Jesus, que chamaste Pedro, que o escolheste, como misteriosamente escolhes os pastores da Tua Igreja, vê o quanto Satanás procura joeirar Tua eira, observa o quanto o Pai da Mentira investe contra aqueles que colocaste à frente da Tua Igreja, simplesmente porque pregam o Teu Evangelho sem desconto, sem falsificações, sem cederem ao mundo, cujo príncipe é o Diabo, Pai da Mentira! Mas, que consolo para cada pastor que Te é fiel, que consolo para nós: “Eu rezei por ti, para que tua fé não se apague!” - eis de onde vem a força dos verdadeiros pastores e a energia da Igreja: da Tua oração, Senhor, nosso Intercessor potente junto ao Pai! “Eu orei por ti, para que a tua fé não desfaleça! O sofrimento te amadurece, o sofrimento joga-te no Meu Coração mais e mais; a solidão faz com que busques refúgio só em Mim! E tu, uma vez convertido, uma vez mais abandonado em Mim e a Mim unido na Cruz, confirma os teus irmãos!”.

Falando a Pedro, o Senhor fala a todo verdadeiro pastor da Igreja, a todo aquele que não procura os seus interesses nem os aplausos do mundo, mas os interesses de Cristo na fidelidade ao Evangelho crido continuamente na Igreja católica! A estes, o Senhor ainda hoje diz, no meio das cruzes, sombras e dores do ministério: “Confirma os teus irmãos, confirma todo o rebanho que te confiei! Vem, Pedro! Segue-Me, Pedro! Ergue teus braços, Pedro, como Eu erguerei os Meus na Cruz! Deixa que Eu te cinja e te conduza aonde não gostarias de ir, mas aonde te levo para que participes da Minha dor redentora! Vê: nos teus passos, deves seguir-Me até derramares teu sangue por Mim! Não temas, Simão! Não tenhas medo, Pedro: Eu orei por ti! Isto te basta!”.

Que pena que Simão Pedro não escutou o que o Senhor lhe dissera... Que pena que - como eu, tantas vezes - preferiu confiar em si mesmo e não na oração do Senhor: “Senhor, eu estou pronto para ir Contigo até mesmo à prisão e à morte!”. Ó tolo presunçoso! Ó eu presunçoso! Como posso garantir que irei com meu Salvador até a morte se por tão pouco e em tão pequenas coisas O renego? Simão renegou três vezes... E eu, quantas vezes já reneguei o meu Salvador?

Interessante a advertência solene de Jesus: “Pedro, Eu te digo que hoje, antes que o galo cante, três vezes tu negarás que Me conheces!” Observe, meu irmão paciente: Jesus não diz mais “Simão”, diz “Pedro”, Pedra que Eu escolhi, Pedra que eu apoio! Sim: Simão negará três vezes o seu Mestre; mas o Mestre fidelíssimo não voltará nunca atrás na escolha que fez: “Tu és Pedro e sobre esta Pedra Eu edificarei a Minha Igreja, porque ela não se sustenta pela tua fidelidade, Pedro, mas pela força da Minha oração. Sou Eu quem te sustento e sustento a Minha Igreja! A Igreja não é tua; é Minha; não se sustenta na tua fé, mas na Minha fidelidade e na Minha graça! Ainda que me renegues, ela sobreviverá e as portas do Inferno não prevalecerão”.

Bendito Jesus! Santo Jesus! Doce Jesus!

Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos, porque pela Vossa santa Cruz remistes o mundo!

Paixão segundo Lucas VI: Lc 22,35-38

E Jesus lhes perguntou: “Quando vos enviei sem bolsa, sem sacola, sem sandálias, faltou-vos alguma coisa?” Eles responderam: “Nada”. Jesus continuou: “Agora, porém, quem tiver bolsa, deve pegá-la; do mesmo modo, quem tiver uma sacola; e quem não tiver espada, venda o manto para comprar uma. Porque Eu vos digo: É preciso que se cumpra em Mim a palavra da Escritura: ‘Ele foi contado entre os malfeitores’. Mas eles disseram: “Senhor, aqui estão duas espadas”. Jesus respondeu: “Basta!” (Lc 22,35-38).

Palavras que parecem tão misteriosas, estas de Jesus. E, no entanto, são simples e dramáticas. Após anunciar o combate que Pedro terá de enfrentar - e no qual será derrotado, negando o seu Mestre -, Jesus os exorta à confiança - Nada vos faltou! - e a que se preparem para o combate. A ideia aqui é a de uma batalha: é preciso fazer provisões e armar-se, pois o inimigo é forte: é o Príncipe deste mundo, é o Poder das Trevas, que de tal modo subverte a verdade, a ponto de fazer o Justo e Santo passar por um malfeitor e como tal ser condenado...

Nestes tempos em que acompanhamos, impressionados, uma suja, persistente e raivosa campanha de parte poderosa dos meios de comunicação contra o Cristianismo e contra a Igreja, nós podemos compreender muito bem o aviso de Jesus. Ele está conosco, nada nos faltará, mas é necessário armar-se, preparar-se para o combate. A oração intensa, a fé inabalável, a total confiança no Senhor, a união indiscutível em torno do Senhor e do Seu Evangelho tal qual sempre foi compreendido, vivido e anunciado pela Igreja, eis o que é necessário agora!

Os discípulos não compreenderam nada - e nós, compreendemos? Pensam que se trata realmente de armas e de um combate armado. Jesus, bruscamente, encerra o assunto: “Basta!”.

Senhor, Salvador da Tua Igreja, Tu nunca nos faltaste nestes longos e difíceis dois mil anos. Tantas vezes a Tua Igreja andou pelo mundo sem recurso algum: sem sandálias, sem sacolas, sem arrimo... Foram seus melhores momentos, pois Tu somente eras sua segurança, seu sustento, sua força. Nestes vinte séculos temos experimentado, em dores de parto, que Tu nunca nos faltas. E sabemos que não nos faltarás agora...

Cristo Santo de Deus, dá-nos somente o entendimento para compreender o que está acontecendo, dá-nos Tua sabedoria para vermos claramente o tremendo ataque do Maligno contra a tua Igreja e a verdade do Evangelho dentro e fora da própria Igreja!

Que esta seja para nós ocasião para crescer na fé, na conversão e na procura de uma sincera purificação na Tua Igreja, de modo especial nos Teus ministros sagrados!

Senhor, piedade de nós!

Nós Vos adoramos, Santíssimo Senhor Jesus Cristo, e Vos bendizemos, porque pela Vossa santa Cruz remistes o mundo.

Dom Henrique venera a Cruz

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