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sexta-feira, 14 de janeiro de 2022

Sugestão de leitura: História e teologia comparada dos sacramentos

Em nossa última sugestão de leitura do ano de 2021, no mês de dezembro, apresentamos aqui no blog a obra Celebrar para viver: Liturgia e sacramentos da Igreja, do sacerdote espanhol Dionisio Borobio, uma “catequese” introdutória à Liturgia e aos sacramentos para leigos jovens e adultos.

Continuando com o mesmo autor, que é um grande estudioso dos sacramentos, trazemos como sugestão de leitura deste mês de janeiro de 2022 sua obra História e teologia comparada dos sacramentos: O princípio da analogia sacramental, publicada em 2017 como uma co-edição das Edições Loyola e Editora Ave-Maria.

O texto foi publicado originalmente em 2012 em espanhol (Historia y teologia comparada de los sacramentos) pelas Ediciones Sígueme de Salamanca (Espanha).

Capa da edição brasileira

Como indica o próprio Borobio no Prólogo, após o Concílio Vaticano II (1962-1965) muito se escreveu sobre os sacramentos. Porém, a maioria dessas obras analisa cada um dos sacramentos separadamente. Assim, o objetivo do livro é refletir sobre o princípio da analogia sacramental, considerando as semelhanças e as diferenças entre os sete sacramentos.

A obra está dividida em duas grandes partes, além de uma introdução e uma conclusão, que apresentamos brevemente a seguir:

INTRODUÇÃO: O conceito de analogia (pp. 09-19)

Na Introdução o autor apresenta o conceito de “analogia” e como este se aplica aos sacramentos. A analogia, com efeito, é o processo pelo qual se estabelece relações entre conceitos ou seres através de suas semelhanças, embora esses conservem também suas diferenças.
Borobio recorda dois tipos principais de analogia:
- analogia de proporcionalidade: por exemplo, contemplando os vários graus de beleza da criação podemos chegar a Deus, que é a própria Beleza;
- analogia de atribuição: quando um termo é aplicado a diferentes realidades em razão da semelhança entre elas. Por exemplo, como veremos adiante, o termo “sacramento” não é aplicado apenas ao “setenário sacramental”, mas também a Cristo, à Igreja, ao homem, ao mundo...

PRIMEIRA PARTE: Variantes históricas do princípio de analogia sacramental (pp. 21-98)

Nesta primeira parte o autor nos oferece um percurso pela história analogia sacramental, isto é, pela história da aplicação do princípio da analogia aos sacramentos, desde a Sagrada Escritura até os nossos dias:

1. Sagrada Escritura (pp. 23-27)
Além de recordar a “estrutura sacramental” da história da salvação - Antigo e Novo Testamento -, Borobio destaca que o termo latino “sacramentum” traduz o grego “mysterion”, que se refere ao desígnio salvífico de Deus, revelado em Cristo (cf. Rm 16, 25-27; 1Cor 2,7-10; Ef 3, 1-13; Cl 1,26).

2. Patrística (pp. 27-33)
O autor apresenta brevemente a contribuição de alguns Padres da Igreja, como Ambrósio, Agostinho e João Crisóstomo. Nesse período, com efeito, a teologia sacramental começa a tomar forma.

3. Escolástica (pp. 33-44)
Durante o período da Escolástica há uma sistematização muito mais precisa do conceito de “sacramento” e da teologia sacramental. Borobio recorda aqui as contribuições de Hugo de São Vítor, Pedro Lombardo, Tomás de Aquino...

4. Concílios (pp. 44-46)
Recordam-se brevemente alguns Concílios que trataram do tema dos sacramentos: Lyon (1274), Florença (1439) e sobretudo Trento (1547).

5. Teólogos tridentinos e pós-tridentinos (pp. 46-65)
Após a definição dogmática do “setenário sacramental” no Concílio de Trento, destaca-se a contribuição da “Escola de Salamanca”, que aprofundou a teologia sacramental de Tomás de Aquino: Francisco de Vitória, Melchior Cano, Domingos de Soto...

6. Concílio Vaticano II (pp. 65-76)
Com o Concílio Vaticano II há uma extensão do conceito de “sacramento”, como Borobio recorda em outras obras suas: Cristo, “sacramento original”; a Igreja, “sacramento principal”; o cristão, “sacramento existencial”; o mundo, “sacramento cósmico”.

7. Teologia ecumênica (pp. 76-94)
Por fim, o autor recorda brevemente as posições das diferentes igrejas cristãs sobre os sacramentos: se a teologia protestante tem uma visão bastante redutiva sobre os sacramentos, a teologia oriental (à qual o autor dedica mais espaço) tem uma visão mais ampla, destacando suas dimensões pneumatológica, eclesiológica e cósmica.

8. Conclusão (pp. 94-98)
Na conclusão desta primeira parte, Borobio retoma as “quatro sacramentalidades” destacadas após o Vaticano II: Cristo, a Igreja, o homem, o mundo.

Capa da edição espanhola

SEGUNDA PARTE: Semelhanças e diferenças entre os sacramentos (pp. 99-245)

Após o percurso histórico, na segunda parte o autor aplica o princípio da “analogia sacramental” a diferentes aspectos dos sete sacramentos da Igreja (Batismo, Confirmação, Eucaristia, Reconciliação, Unção dos Enfermos, Matrimônio e Ordem).

Em cada seção primeiramente se identificam os elementos comuns aos sete sacramentos, para em seguida observar-se as singularidades de cada um dos sinais sacramentais.

1. Sete únicos sacramentos, variedade na instituição e na configuração histórica: Analogia intersacramental (pp. 103-140)
Antes de tudo, a Igreja considera que um “sinal” é “sacramento” se este tem sua origem e fundamento no próprio Cristo. A instituição por Cristo, porém, apresenta-se de maneira distinta em cada um dos sete sacramentos. Além da instituição, Borobio apresenta aqui também a distinta configuração histórica dos sete sacramentos.

2. Uma sacramentalidade, diferente estrutura dos sinais: Analogia dos “sinais” (pp. 140-169)
Os sete sacramentos possuem uma estrutura comum, composta por um elemento “sensível” (captado pelos sentidos), e um elemento “invisível”, a graça sacramental. O elemento “sensível” é composto por uma “matéria” (elemento material ou gesto) e uma “forma” (as palavras que acompanham o gesto). Há sem dúvida uma grande riqueza de sinais: aqueles que aparecem com clareza na Escritura (como a água do Batismo ou o pão e o vinho da Eucaristia) e aqueles que vão se estruturando ao longo da história.

3. Um mesmo sujeito humano, situações diferentes: Analogia antropológica (pp. 169-201)
O sujeito dos sacramentos é sempre a pessoa humana. Porém, essa recebe os sacramentos ao longo de todo o itinerário da sua existência. Assim, após uma consideração sobre a ordem dos sacramentos e sua necessidade para a salvação, Borobio reflete sobre as diferentes “situações antropológicas”: a Iniciação Cristã das crianças e dos adultos, a experiência da enfermidade na Unção dos Enfermos...

4. Um único mistério, dimensões diferentes: Analogia mistérica (pp. 201-219)
Também o mistério que celebramos nos sacramentos é sempre o mesmo: o mistério de Cristo, sobretudo o Mistério Pascal da sua Morte-Ressurreição. Ao mesmo tempo, os sete sacramentos atualizam diversos aspectos desse mistério, o que se reflete na “graça sacramental” e nos “efeitos” de cada um dos sacramentos.

5. Uma mesma Igreja, ministérios diferentes: Analogia eclesiológica (pp. 219-245)
Por fim, os sete sacramentos são celebrados no seio da mesma Igreja, ela mesma um sinal sacramental. Ao mesmo tempo, neles manifestam-se diversos ministérios, que o autor fundamenta no sacerdócio de Cristo, verdadeiro ministro dos sacramentos. É participando desse único sacerdócio de Cristo que os fiéis são “habilitados” a presidir os sacramentos.

CONCLUSÃO (pp. 247-251)

Dionisio Borobio conclui sua obra fazendo uma breve síntese de tudo que foi abordado e refletindo sobre o alcance pastoral do princípio da analogia sacramental.

Completam ainda a obra uma Bibliografia geral sobre os sacramentos (pp. 253-259), com textos em várias línguas, e um Índice onomástico (pp. 261-265).

Dionisio Borobio

Sobre o autor:

Dionisio Borobio García nasceu em Soria (Espanha) em 1938 e foi ordenado sacerdote em 1965, na Diocese de Bilbao. Obteve o Doutorado em Teologia litúrgica pelo Pontifício Instituto Litúrgico Santo Anselmo (Roma) e o Mestrado em Filosofia pela Universidade Complutense de Madrid.
Foi professor de Liturgia e sacramentos na Universidade de Deusto (Bilbao) e na Pontifícia Universidade de Salamanca. Atualmente é professor emérito.
Possui dezenas de livros publicados sobre Liturgia, sacramentos e pastoral, além de artigos em diversas revistas especializadas.

Para adquirir o livro no site das editoras, clique aqui: Edições Loyola / Editora Ave Maria.

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