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sábado, 21 de agosto de 2021

Homilia: XXI Domingo do Tempo Comum - Ano B

Teodoro de Mopsuéstia
Sermão 15 sobre a Missa
Para dar-nos a conhecer esses dons, chamou a si mesmo de pão

É notável que, ao dar o pão, Ele não dissesse: “Isto é a figura de meu Corpo”, mas: Este é o meu Corpo; e da mesma maneira sobre o cálice, não diz: “Isto é a figura do meu Sangue”, mas: Este é o meu Sangue; porque Ele quis que tendo o pão e o vinho recebido a graça e a vinda do Espírito Santo, não apreciemos mais a sua natureza, mas o recebamos como são: o Corpo e o Sangue de nosso Senhor. Pois o Corpo de nosso Senhor também não teve, por sua própria natureza, a imortalidade e o poder de dar a imortalidade, mas foi o Espírito Santo que a deu, e pela Ressurreição dentre os mortos recebeu a conjunção com a natureza divina, veio a ser imortal e causa de imortalidade para os demais.

Portanto, tendo dito nosso Senhor: Aquele que come o meu Corpo e bebe o meu Sangue viverá eternamente, quando viu aos judeus murmurarem e duvidarem desta palavra - pensando que por meio de uma carne mortal não é possível receber a imortalidade -, acrescentou para prontamente resolver a dúvida: Se virdes ao Filho do homem subir para onde estava antes, como se dissesse: “Agora não vos parece certo porque disse isto de meu Corpo; porém, quando me vires ressuscitado dentre os mortos e subir ao céu, certamente não se poderá mais ter por dura e estranha esta palavra; porque pelos próprios fatos vos convencereis de que passei para uma natureza imortal; se Eu não estivesse nela, não subiria ao céu”.

E para indicar de onde lhe virá isto, acrescenta em seguida: O Espírito vivifica, porém o corpo de nada serve. Isto, Ele diz, lhe virá pela natureza do Espírito vivificante, pela qual Ele será transformado para este estado, no qual Ele é imortal e concede a imortalidade aos demais - aquilo que Ele não tinha e que não podia dar aos demais como proveniente de sua natureza, porque a natureza da carne é impotente para um dom e um auxílio deste gênero.

Porém, se a natureza do Espírito vivificante fez o Corpo de nosso Senhor desta natureza, da qual Ele não era antes, é preciso que tampouco nós, que recebemos a graça do Espírito Santo pelas figuras sacramentais, ainda vejamos como pão e como vinho o que nos é apresentado, mas consideremos que é o Corpo e o Sangue de Cristo, nos quais são transformados pela descida da graça do Espírito Santo; ela, que obtém para os que dela participam o mesmo que por meio do Corpo e Sangue de nosso Senhor nós pensamos que recebem os fiéis.

Por isso Ele diz: Eu sou o pão vivo descido do céu; e Eu sou o pão da vida. E para mostrar que Ele é aquilo que chama de pão, diz: E o pão que vos darei é meu Corpo para a vida do mundo. Já que, de fato, nós subsistimos nesta vida por meio do pão e do alimento, Ele chama a si mesmo pão vivo descido do céu, significando isto: “Verdadeiramente Eu sou o pão da vida, que dá a imortalidade aos que creem em mim, mediante este Corpo visível, pelo qual Eu desci e ao qual conferi a imortalidade, e por meio do qual dou a vida aos que creem em mim”. Podendo dizer: “Eu sou Aquele que dá a vida”, se abstém e, no lugar, diz: Eu sou o pão da vida.

De fato, já que a imortalidade esperada, cuja promessa nos foi dada aqui, a vamos receber nas figuras sacramentais por meio do pão e do cálice, Ele devia chamar “pão” a si mesmo e ao seu Corpo, de modo que pela própria figura venerássemos Aquele que reivindicou esta denominação; para dar-nos a conhecer esses dons, chamou a si mesmo de “pão”, mas quis também, por estas coisas terrenas, fazer-nos receber sem duvidar estes bens demasiado elevados para as palavras.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 455-456. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Para ler uma homilia de Santo Agostinho para este domingo, clique aqui.

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