Páginas

sexta-feira, 11 de junho de 2021

Ladainha do Sagrado Coração de Jesus meditada por João Paulo II (8)

As duas meditações que propomos nesta postagem dizem respeito à 14ª e a 15ª invocações da Ladainha:
Cor Iesu, in quo sunt omnes thesauri sapientiae et scientiae, miserere nobis.
Cor Iesu, in quo habitat omnis plenitudo divinitatis, miserere nobis.

Para acessar a apresentação e o sumário com os links de todas as postagens desta série, clique aqui.

15. Coração de Jesus, no qual se encerram todos os tesouros da sabedoria e da ciência
Ângelus do dia 01 de setembro de 1985

1. Coração de Jesus, no qual se encerram todos os tesouros da sabedoria e da ciência, tende piedade de nós.
Esta invocação da Ladainha do Sagrado Coração, tomada da Carta aos Colossenses (Cl 2,3), nos faz compreender a necessidade de ir ao Coração de Cristo para entrar na plenitude de Deus.

2. A ciência da qual se fala não é a ciência que “incha” (cf. 1Cor 8,2), fundamentada no poder humano. É sabedoria divina, um mistério escondido durante séculos na mente de Deus, Criador do universo (Ef 3,9). É uma ciência nova, escondida aos sábios e entendidos do mundo, mas revelada aos pequeninos (Mt 11,25), ricos em humildade, simplicidade, pureza de coração.
Esta ciência e esta sabedoria consistem em conhecer o mistério de Deus invisível, que chama os homens a participar de sua natureza divina e os admite à comunhão com Ele.

3. Nós sabemos estas coisas porque Deus mesmo se dignou revelá-las a nós por meio do Filho, que é sabedoria de Deus (1Cor 1,24).
Todas as coisas que estão na terra e nos céus foram criadas por meio d’Ele e para Ele (Cl 1,16). A sabedoria de Cristo é maior que a de Salomão (Lc 11,31). Suas riquezas são inescrutáveis (Ef 3,8). Seu amor supera todo conhecimento. Mas com a fé somos capazes de compreender, juntamente com todos os santos, sua largura, seu comprimento, sua altura e profundidade (Ef 3,18).
Ao conhecer Jesus, conhecemos também a Deus. Quem O vê, vê o Pai (Jo 14,9). Com Ele o amor de Deus é derramado em nossos corações (Rm 5,5).

4. A ciência humana é como a água de nossas fontes: quem a bebe volta a ter sede. A sabedoria e a ciência de Jesus, ao contrário, abrem os olhos da mente, movem o coração na profundidade do ser e geram o homem no amor transcendente; libertam das trevas do erro, das manchas do pecado, do perigo da morte, e conduzem à plenitude da comunhão daqueles bens divinos que transcendem a compreensão da mente humana (cf. Constituição Dei Verbum, n. 6).

5. Com a sabedoria e a ciência de Jesus, nós somos enraizados e fundamentados na caridade (Ef 3,17). Cria-se o homem novo, interior, o qual coloca Deus no centro de sua vida e coloca a si mesmo a serviço dos irmãos.
É o grau de perfeição que alcançou Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe; exemplo único de criatura nova, enriquecida com a plenitude da graça e disposta a cumprir a vontade de Deus: “Eis aqui a serva do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra!” (Lc 1,38). E por isto nós a invocamos como “Trono da Sabedoria”.
Rezando o Ângelus, peçamos-lhe que nos faça como ela e como seu Filho.

16. Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade
Ângelus do dia 15 de setembro de 1985

1. Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade, tende piedade de nós.
Desde o mês de junho a nossa oração do Ângelus toma temas de reflexão da Ladainha do Sagrado Coração de Jesus.
Detemo-nos sobre cada uma das invocações e meditamos a grande riqueza de conteúdo que nelas se encerra. É uma fonte de inspiração para nossa vida interior: para nossa relação com o mistério de Jesus Cristo.

2. Ontem, através da Festa da Exaltação da Santa Cruz, a Igreja inteira se abriu uma vez mais a este Coração, no qual habita toda a plenitude da divindade.
O mistério de Cristo, Deus-homem, tem uma eloquência particular quando olhamos para a Cruz: Ecce homo! Eis aqui o homem! Eis aqui o Crucificado! Eis aqui o homem totalmente despojado! Eis aqui o homem esmagado por causa de nossos pecados! Eis aqui o homem saturado de opróbios!
E, ao mesmo tempo, eis aqui o homem-Deus! N’Ele habita toda a plenitude da divindade. Da mesma natureza que o Pai! Deus de Deus. Luz da luz. Gerado, não criado. O Verbo Eterno. Um na divindade com o Pai e o Espírito Santo.

3. Quando o centurião no Gólgota transpassou com uma lança o Crucificado, de seu lado saiu sangue e água. Este é o sinal da morte. O sinal da morte humana do Deus Imortal.

4. Aos pés da Cruz se encontra a Mãe. A Mãe Dolorosa. Fazemos memória dela no dia seguinte à Exaltação da Cruz. Quando o lado de Cristo foi transpassado pela lança do centurião, se cumpriu nela a profecia de Simeão: “Quanto a ti, uma espada te traspassará a alma” (Lc 2,25).
As palavras do profeta são um anúncio da definitiva aliança dos Corações: do Filho e da Mãe, da Mãe e do Filho. Coração de Jesus, no qual habita toda a plenitude da divindade. Coração de Maria - Coração da Virgem Dolorosa - Coração da Mãe de Deus.
Que nossa oração à hora do Ângelus se una hoje a esta admirável aliança dos Corações!

Ícone do Sagrado Coração de Jesus
O livro aberto recorda-nos o mistério da sua sabedoria

Fonte: Santa Sé - 01 de setembro e 15 de setembro de 1985 (italiano; tradução nossa).

Nenhum comentário:

Postar um comentário