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domingo, 13 de junho de 2021

Ladainha do Sagrado Coração de Jesus meditada por João Paulo II (10)

Nas duas meditações dessa postagem, o Papa reflete sobre a 17ª e a 18ª invocações da Ladainha:
Cor Iesu, desiderium collium aeternorum, miserere nobis.
Cor Iesu, patiens et multae misericordiae, miserere nobis.

Para acessar a apresentação e o sumário com os links de todas as postagens desta série, clique aqui.

19. Coração de Jesus, desejo das colinas eternas
Ângelus do dia 20 de julho de 1986

1. Coração de Jesus, desejo das colinas eternas...
Ao longo destes domingos, enquanto nos reunimos para a oração do meio-dia, recitamos a Ladainha do Sagrado Coração em união particular com a Mãe de Jesus. O Ângelus dominical é, com efeito, nosso encontro de oração com Maria. Junto com ela recordamos a Anunciação, que foi certamente um acontecimento decisivo em sua vida. E aqui, no centro deste acontecimento, descobrimos o Coração. Trata-se do amor do Filho de Deus, que desde o momento da Encarnação começa a desenvolver-se sob o Coração da Mãe, junto com o Coração humano do seu Filho.

2. É este Coração o “desejo” do mundo? Contemplando o mundo tal como visivelmente nos rodeia, devemos constatar com São João que está submetido à concupiscência da carne, à concupiscência dos olhos e à soberba da vida (cf. 1Jo 2,16).
Este “mundo” parece estar longe do desejo do Coração de Jesus. Não compartilha seus desejos. Permanece alheio e, às vezes, inclusive hostil em relação a Ele.
Este é o “mundo”, o qual o Concílio Vaticano II diz que está “escravizado sob a escravidão do pecado” (Constituição Gaudium et spes, n. 2). E o diz de acordo com toda a Revelação: com a Sagrada Escritura e com a Tradição (e inclusive, digamos também, com nossa experiência humana).

3. Contemporaneamente, todavia, o mesmo “mundo” foi chamado à existência pelo amor do Criador, e por este amor é constantemente mantido na existência. Trata-se do mundo como o conjunto das criaturas visíveis e invisíveis, e em particular “a inteira família humana, com todas as realidades no meio das quais ela vive” (Gaudium et spes, n. 2).
É o mundo que, precisamente por causa da “escravidão do pecado”, foi submetido à caducidade - como ensina São Paulo - e, por isso, geme e sofre em dores de parto, esperando com impaciência a manifestação dos filhos de Deus, porque só por este caminho pode ser realmente liberto da escravidão da corrupção, para participar da liberdade e da glória dos filhos de Deus (cf. Rm 8,19-22).

4. Este mundo - apesar do pecado e da tríplice concupiscência - está orientado para o amor, que preenche o Coração humano do Filho de Maria. E por isso, unindo-nos a ela, peçamos: Coração de Jesus, desejo das colinas eternas, traz aos corações humanos, traz aos nossos tempos essa libertação que está no Evangelho, na tua Cruz e Ressurreição: que está em teu Coração!

20. Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia
Ângelus do dia 27 de julho de 1986

1. Hoje, por ocasião da oração do Ângelus, desejamos reler uma vez mais, junto com Maria, o Evangelho; em certo sentido o relemos todo inteiro, e imediatamente. Nele aparece o Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia.
Não é assim, pois, o Coração d’Aquele que “passou fazendo o bem” a todos (cf. At 10,38)? D’Aquele que fez com que os cegos recuperassem a vista, os coxos caminhassem, os mortos ressuscitassem? Que anunciou aos pobres a Boa Nova (cf. Lc 7,22)?
Não é assim, pois, o Coração de Jesus, que não tinha Ele mesmo onde reclinar a cabeça, enquanto os lobos têm suas tocas e os pássaros seus ninhos (cf. Mt 8,20)?
Não é assim, pois, o Coração de Jesus, que defendeu a mulher adúltera do apedrejamento e em seguida lhe disse: “Podes ir, e de agora em diante não peques mais” (cf. Jo 8,3-10)?
Não é assim, pois, o Coração d’Aquele que foi chamado “amigo de publicanos e pecadores” (cf. Mt 11,19)?

2. Contemplemos, junto com Maria, o interior deste Coração! Releiamo-lo em todo o Evangelho! Releiamos este Coração sobretudo no momento da Crucificação. Quando foi transpassado pela lança. Quando foi revelado até o fundo o mistério n’Ele escrito.
O Coração paciente porque aberto a todos os sofrimentos do homem. O Coração paciente, porque disposto Ele mesmo a aceitar um sofrimento incomensurável na medida humana! O Coração paciente porque imensamente misericordioso!
De fato, o que é a misericórdia senão essa medida particularíssima do amor, que se expressa no sofrimento?
O que é a misericórdia senão essa medida definitiva do amor, que desce ao próprio centro do mal para vencê-lo com o bem?
O que é senão o amor que vence o pecado do mundo mediante o sofrimento e a morte?
Coração de Jesus, paciente e de muita misericórdia!

3. Mãe, que contemplaste este Coração quando estiveste presente ao pé da cruz!
Mãe, que por vontade deste Coração te fizeste Mãe de todos nós.
Quem conhece como Tu o mistério do Coração de Jesus em Belém, em Nazaré, no Calvário?
Quem como Tu sabe que Ele é paciente e de muita misericórdia?
Quem como Tu dá testemunho d’Ele incessantemente?

Imagem de Cristo com o lado aberto
No halo, a inscrição: "Misericordia volo" - "Quero a misericórdia" (Mt 9,13)
(Madre Luisa Margarida Claret de la Touche)

Fonte: Santa Sé - 20 de julho e 27 de julho de 1986 (italiano; tradução nossa).

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