Páginas

sábado, 12 de junho de 2021

Ladainha do Sagrado Coração de Jesus meditada por João Paulo II (9)

Nesta postagem trazemos as meditações do Papa sobre a 16ª e a 17ª invocações da Ladainha do Sagrado Coração:
Cor Iesu, in quo Pater sibi bene complacuit, miserere nobis.
Cor Iesu, de cuius plenitudine omnes nos accepimus, miserere nobis.

Para acessar a apresentação e o sumário com os links de todas as postagens desta série, clique aqui.

17. Coração de Jesus, no qual o Pai pôs todas as suas complacências
Ângelus do dia 22 de junho de 1986

1. Coração de Jesus, no qual o Pai pôs todas as suas complacências, tende piedade de nós.
Rezando assim, particularmente agora, no mês de junho, meditamos naquela complacência eterna que o Pai tem no Filho: Deus em Deus, Luz na Luz. Esta complacência significa também Amor: este Amor ao qual tudo o que existe deve sua vida: sem ele, sem Amor, e sem o Verbo-Filho, “nada se fez de tudo que foi feito” (Jo 1,3).
Esta complacência do Pai encontrou sua manifestação na obra da criação, em particular na criação do homem, quando Deus “viu tudo quanto havia feito, e eis que tudo era muito bom” (Gn 1,31).
Não é, pois, o Coração de Jesus esse “ponto” no qual também o homem pode voltar a encontrar plena confiança em todo o criado? Vê os valores, vê a ordem e a beleza do mundo. Vê o sentido da vida.

2. Coração de Jesus, no qual o Pai pôs todas as suas complacências...
Dirigimo-nos à margem do Jordão. Dirigimo-nos ao monte Tabor. Em ambos os acontecimentos descritos pelos evangelistas se ouve a voz do Deus invisível, e é a voz do Pai: “Este é o meu Filho amado, no qual eu pus todo meu agrado. Escutai-o!” (Mt 17,5).
A eterna complacência do Pai acompanha o Filho, quando Ele se fez homem, quando acolheu a missão messiânica a desenvolver no mundo, quando dizia que seu alimento era “fazer a vontade do Pai” (Jo 4,34).
Cristo cumpriu esta vontade até o fim, fazendo-se obediente até à morte de cruz (cf. Fl 2,8), e então essa eterna complacência do Pai no Filho, que pertence ao mistério íntimo do Deus-Trino, se tornou parte da história do homem. Com efeito, o próprio Filho se fez homem e enquanto tal teve um Coração de homem, com o qual amou e respondeu ao amor. Antes de tudo ao amor do Pai.
E por isso neste Coração, no Coração de Jesus, se concentrou a complacência do Pai. É a complacência salvífica. Com efeito, o Pai abraça com ela - no Coração do seu Filho - a todos aqueles pelos quais este Filho se fez homem. Todos aqueles pelos quais tem o Coração. Todos aqueles pelos quais morreu e ressuscitou.
No Coração de Jesus o homem e o mundo voltam a encontrar a complacência do Pai. Este é o Coração do nosso Redentor. É o Coração do Redentor do mundo.

3. Em nossa oração do Ângelus, unamo-nos a Maria. Unamo-nos a ela, da qual o Filho de Deus tomou um coração humano. Peçamos-lhe que nos aproxime d’Ele. Peçamos que ela, no Coração do Filho, aproxime ao homem e ao mundo a complacência do Pai, o Amor do Pai, a Misericórdia de Deus.

18. Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós recebemos
Ângelus do dia 13 de julho de 1986

1. Coração de Jesus, de cuja plenitude todos nós recebemos, tende piedade de nós.
Reunidos para rezar o Ângelus, nos unimos a Maria no momento da Anunciação, quando o Verbo se fez carne e veio habitar sob o seu Coração: o Coração da Mãe. Unimo-nos, pois, ao Coração da Mãe que desde o momento da concepção conhece melhor o coração humano de seu divino Filho: “De sua plenitude todos nós recebemos graça sobre graça”, assim escreve o evangelista João (Jo 1,16).

2. O que determina a plenitude do coração? Quando podemos dizer que o coração está “pleno”? De que está pleno o Coração de Jesus?
Está pleno de amor.
O amor é decisivo para esta plenitude do Coração do Filho de Deus, à qual nos dirigimos hoje na oração.
É um Coração pleno do amor do Pai: pleno de maneira divina e ao mesmo tempo humana. Com efeito, o Coração de Jesus é verdadeiramente o coração humano de Deus Filho. Está, pois, pleno de amor filial: tudo o que Ele fez e disse na terra dá testemunho precisamente desse amor filial.

3. Ao mesmo tempo o amor filial do Coração de Jesus revelou - e revela continuamente ao mundo - o amor do Pai. O Pai, com efeito, “amou tanto o mundo, que deu o seu Filho Unigênito” (Jo 3,16) para a salvação do mundo; para a salvação do homem, para que ele “não pereça, mas tenha a vida eterna” (ibid.).
O Coração de Jesus está, portanto, pleno de amor ao homem. Está pleno de amor à criatura. Pleno de amor ao mundo. Está totalmente pleno! Essa plenitude não se esgota nunca. Quando a humanidade gasta os recursos materiais da terra, da água, do ar, estes recursos diminuem, e pouco a pouco se acabam.
Fala-se muito, sobre este tema, em relação à exploração acelerada desses recursos que acontece em nossos dias. Daqui derivam advertências tais como: “Não explorar além da medida”. O contrário sucede com o amor. O contrário sucede com a plenitude do Coração de Jesus. Não se esgota nunca, nem se esgotará jamais.
Desta plenitude todos nós recebemos graça sobre graça. É necessário apenas dilatar a medida do nosso coração, nossa disponibilidade para colher dessa superabundância de amor.

Abside da Basílica do Sagrado Coração de Jesus de Montmartre (Paris, França)

Fonte: Santa Sé - 22 de junho e 13 de julho de 1986 (italiano; tradução nossa).

Nenhum comentário:

Postar um comentário