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sábado, 26 de junho de 2021

Homilia: XIII Domingo do Tempo Comum - Ano B

São Pedro Crisólogo
Sermão 34
Realmente, para Deus a morte é um sono

Todas as perícopes evangélicas, caríssimos irmãos, nos oferecem os grandes bens da vida presente e da futura. Porém, a leitura de hoje é um compêndio perfeito de esperança e a exclusão de qualquer motivo de desesperação.

Porém, falemos do chefe da sinagoga, que, enquanto conduz Cristo à cabeceira de sua filha, deixa o caminho desimpedido para que a mulher se aproxime dele. A leitura evangélica de hoje começa assim: Aproximou-se um chefe da sinagoga, e ao vê-lo se lançou aos seus pés, rogando-lhe com insistência: Senhor, minha filha está morrendo. Vem, coloca as mãos sobre ela, para que seja curada e viva. Conhecedor do futuro como era, a Cristo não estava oculto que haveria o encontro com a sobredita mulher: dela o chefe dos judeus haveria de aprender que a Deus não há necessidade de mudá-lo de lugar, nem levá-lo pelo caminho, nem exigir-lhe uma presença corporal, mas crer que Deus está presente em todos os lugares, integralmente e sempre; que pode fazê-lo somente com uma ordem, sem esforço; infundir ânimo, não deprimi-lo; afugentar a morte não com a mão, mas com o seu poder; prolongar a vida não com a arte, mas com o mandato.

Minha filha está morrendo. Vem! Que é como se dissesse: Ainda conserva o calor da vida, ainda se percebem sintomas de animação, ainda respira, ainda o senhor da casa tem uma filha, ainda não desceu à região dos mortos; portanto, apressa-te, não deixes que a sua alma se vá. Em sua ignorância, acreditava que Cristo somente podia ressuscitar a morta se a tomasse pela mão. Esta é a razão pela qual Cristo, quando, ao chegar à casa, viu que choravam pela menina como perdida, para mover à fé os pensamentos infiéis, disse que a menina não estava morta, mas adormecida, para infundir-lhes esperança, pensando que era mais fácil despertar do sono que da morte. A menina, disse, não está morta, mas dorme.

E, realmente, para Deus a morte é um sono, pois Deus devolve mais rapidamente à vida um homem que desperta do sono da morte do que a um adormecido; e Deus demora menos em infundir o calor vivificante a alguns membros frios com o frio da morte do que pode tardar um homem em infundir vigor aos corpos sepultados no sono. Escuta ao Apóstolo: Em um instante, num abrir e fechar de olhos, os mortos despertarão. O bem-aventurado Apóstolo, ao não usar palavras capazes de expressar a velocidade da ressurreição, recorreu aos exemplos. Porque como poderia imprimir agilidade ao discurso ali onde a potência divina se adianta inclusive a essa própria agilidade? Ou em que sentido poderia expressar-se em categorias de tempo, ali onde nos é concedido uma realidade eterna, não submetida ao tempo? Assim como o tempo deu lugar para a temporalidade, assim a eternidade excluiu o tempo.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 417-419. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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