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segunda-feira, 16 de novembro de 2020

Ângelus do Papa: XXXIII Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 15 de novembro de 2020

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
Neste penúltimo domingo do Ano Litúrgico, o Evangelho apresenta-nos a célebre parábola dos talentos (cfMt 25,14-30). Faz parte do discurso de Jesus sobre os últimos tempos, que precede imediatamente a sua Paixão, Morte e Ressurreição. A parábola fala de um senhor rico que deve partir e, prevendo uma longa ausência, confia os seus bens a três dos seus servos: ao primeiro confia cinco talentos, ao segundo dois, ao terceiro um. Jesus especifica que a distribuição é feita «segundo a capacidade de cada um» (v. 15). É isto que o Senhor faz com todos nós: conhece-nos bem, sabe que não somos iguais e não quer privilegiar ninguém em detrimento dos outros, mas confia a todos um capital à altura das suas capacidades.
Durante a ausência do senhor, os dois primeiros servos fazem um grande trabalho, a ponto de duplicar a quantia que lhes foi confiada. Não como o terceiro servo, que esconde o seu talento num buraco: para evitar riscos, deixa-o lá, protegido dos ladrões, mas sem o fazer frutificar. Chega o momento do regresso do senhor, que chama os servos a prestar contas. Os dois primeiros apresentam o bom fruto dos seus esforços, trabalharam e o senhor elogia-os, recompensa-os e convida-os a participar na sua festa, na sua alegria. No entanto, o terceiro, dando-se conta de ter cometido um erro, começa imediatamente a justificar-se, dizendo: «Senhor, eu sabia que és um homem duro, que colhes onde não semeaste e recolhes onde não espalhaste. Tive medo e fui esconder o teu talento na terra: eis aqui, toma o que te pertence» (vv. 24-25). Ele defende a sua preguiça, acusando o seu senhor de ser “duro”. É um hábito que também nós temos: defendemo-nos, muitas vezes, acusando os outros. Mas a culpa não é deles: o defeito é nosso, a culpa é nossa. E aquele servo acusa os outros, acusa o senhor para se justificar. Também nós, muitas vezes, fazemos o mesmo. Então o senhor censura-o: chama-lhe «servo mau e preguiçoso» (v. 26); ordena que lhe tirem o seu talento e seja expulso de casa.
Esta parábola é válida para todos mas, como sempre, especialmente para os cristãos. Ainda hoje é muito atual: hoje é o Dia dos Pobres, no qual a Igreja nos diz, a nós cristãos: “Estende a mão ao pobre. Estende a tua mão ao pobre. Não estás sozinho na vida: há pessoas que precisam de ti. Não sejas egoísta, estende a mão ao pobre!”. Todos nós, como seres humanos, recebemos de Deus um “patrimônio”, uma riqueza humana, seja ela qual for. E como discípulos de Cristo, também recebemos a fé, o Evangelho, o Espírito Santo, os Sacramentos e muitas outras coisas. Estes dons devem ser usados para praticar o bem, para fazer o bem nesta vida, como serviço a Deus e aos irmãos. E hoje a Igreja diz-te, diz-nos: “Usa o que Deus te deu e olha para o pobre. Olha: são muitos; também nas nossas cidades, no centro da nossa cidade, há muitos. Praticai o bem!”.
Às vezes, nós pensamos que ser cristão consiste em não praticar o mal. E não praticar o mal é bom. Mas não praticar o bem não é bom. Temos que praticar o bem, sair de nós mesmos e olhar, olhar para os mais necessitados. Há tanta fome, até no coração das nossas cidades, e muitas vezes entramos na lógica da indiferença: os pobres estão lá, e nós olhamos para o outro lado. Estende a tua mão ao pobre: é Cristo! Alguns dizem: “Mas estes sacerdotes, estes Bispos que falam dos pobres, dos pobres... Queremos que eles nos falem da vida eterna!”. Olha, irmão e irmã, os pobres estão no centro do Evangelho; foi Jesus quem nos ensinou a falar com os pobres, foi Jesus quem veio para os pobres. Estende a tua mão ao pobre. Recebeste muitas coisas, e deixas que o teu irmão, a tua irmã, morra de fome?
Caros irmãos e irmãs, cada um repita no seu coração o que Jesus nos diz hoje, repita no seu coração: “Estende a tua mão ao pobre!”. E Jesus diz-nos outra coisa: “Sabes, o pobre sou Eu”. Jesus diz-nos o seguinte: “Eu sou o pobre!”.
A Virgem Maria recebeu um grande dom: o próprio Jesus, mas Ela não o conservou para si, deu-o ao mundo, ao seu povo. Aprendamos com Ela a estender a mão aos pobres.

Parábola dos talentos
(Willem de Poorter - séc. XVII)

Fonte: Santa Sé

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