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quarta-feira, 12 de agosto de 2020

O asterisco na Liturgia

A palavra “asterisco” (do grego ἀστερίσκος, diminutivo de ἀστήρ, “estrela”), além de designar o respectivo sinal gráfico (*) e inspirar o nome do célebre gaulês das histórias de Uderzo e Goscinny (Asterix), é também o nome de um objeto litúrgico.

A origem do asterisco litúrgico está no Rito Bizantino. Trata-se de um objeto formado por dois aros de metal cruzados que se coloca na patena (chamada nesse rito de diskos) para evitar que o véu que se coloca sobre ela toque o pão a ser consagrado.

O asterisco sobre o diskos (patena)

Alguns asteriscos orientais possuem uma estrela pendente do centro, simbolizando a estrela de Belém. Na verdade o próprio asterisco simboliza esta estrela, como indica a oração que o sacerdote recita ao cobrir a patena com o asterisco: “Assim que a estrela chegou, ela parou sobre o lugar onde estava o menino” (Mt 2,9) [1].

Este objeto foi posteriormente introduzido no Rito Romano, na solene Liturgia presidida pelo Papa. Como este comungava em sua sede, o diácono levava a patena do altar até ele. Para evitar que a hóstia caísse durante o trajeto, o cerimoniário colocava sobre ela um asterisco.

O asterisco romano, porém, tinha um formato distinto do oriental: era um disco sólido, encimado por uma cruz, do qual saíam doze raios nos quais estavam inscritos os nomes dos doze Apóstolos.

Asterisco de doze pontas com os nomes dos Apóstolos

No século XVIII algumas igrejas de Portugal começaram a adotar o asterisco em suas celebrações, sobretudo quando realizadas ao ar livre. Enquanto algumas dioceses possuíam um asterisco idêntico ao de Roma, com doze aros, outras, talvez para não equipar-se ao Romano Pontífice, possuíam um asterisco de seis aros, que em vez do nome dos Apóstolos trazia decorações florais.

A partir de 2008 o Papa Bento XVI resgatou o uso do asterisco nas Missas campais, praxe continuada pelo Papa Francisco (mesmo em celebrações fora de Roma), adotando porém um modelo mais simples.

Note-se o asterisco de oito pontas na parte inferior da imagem

Assim, é possível supor que este objeto litúrgico possa ser adotado em qualquer lugar, dado que possui um caráter funcional: evitar que a hóstia seja levada pelo vento nas Missas ao ar livre. Na sua ausência, porém, poderia usar-se uma pala.

Notas:
[1] SPERANDIO, João Manoel; TAMANINI, Paulo Augusto (orgs.). Hieratikon: Pequeno Missal bizantino. Teresina: Editora da Universidade Federal do Piauí, 2015, p. 21.

Sobre o uso do asterisco em Portugal:

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