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segunda-feira, 13 de julho de 2020

Ângelus do Papa: XV Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 12 de julho de 2020

Estimados irmãos e irmãs, bom dia!
No Evangelho deste domingo (cf. Mt 13,1-23) Jesus narra a uma grande multidão a parábola do semeador - todos nós a conhecemos bem - que lança a semente em quatro tipos diferentes de solo. A Palavra de Deus, simbolizada pelas sementes, não é uma Palavra abstrata, mas o próprio Cristo, o Verbo do Pai que se encarnou no seio de Maria. Portanto, aceitar a Palavra de Deus significa aceitar a pessoa de Cristo, o próprio Cristo.
Existem diferentes formas de receber a Palavra de Deus. Podemos fazê-lo como um caminho, onde as aves vêm imediatamente e comem as sementes. Esta seria a distração, um grande perigo do nosso tempo. Oprimidos por tantas intrigas, tantas ideologias, contínuas possibilidades de distração dentro e fora de casa, pode-se perder o gosto do silêncio, do recolhimento, do diálogo com o Senhor, de tal forma que corremos o risco de perder a fé, de não acolher a Palavra de Deus. Vemos  tudo, somos distraídos por tudo, pelas realidades mundanas.
Outra possibilidade: podemos acolher a Palavra de Deus como um solo pedregoso com pouca terra. Nele a semente brota depressa, mas também seca rapidamente, porque não consegue criar raízes profundas. É a imagem daqueles que acolhem a Palavra de Deus com entusiasmo momentâneo, que no entanto permanece superficial, não assimila a Palavra de Deus. E assim, perante a primeira dificuldade, pensamos num sofrimento, numa perturbação da vida, aquela a fé que ainda é débil dissolve-se, tal como seca a semente que cai no meio do pedregulho.
Podemos ainda - uma terceira possibilidade sobre a qual Jesus fala na parábola - acolher a Palavra de Deus como um solo onde crescem arbustos espinhosos. E os espinhos são o engano da riqueza, do sucesso, das preocupações mundanas... Aí a Palavra cresce um pouco, mas permanece sufocada, não é forte, morre ou não dá fruto.
Por fim - a quarta possibilidade - podemos acolhê-la como um bom terreno. Aqui, e só aqui  a semente ganha raízes e dá fruto. A semente que caiu neste solo fértil representa aqueles que ouvem a Palavra, a acolhem, a guardam no coração e a põem em prática na vida quotidiana.
A do semeador é um pouco a “mãe” de todas as parábolas, porque fala da escuta da Palavra. Lembra-nos que ela é uma semente fecunda e eficaz; e Deus espalha-a por toda a parte com generosidade, sem se preocupar com o desperdício. Assim é o coração de Deus! Cada um de nós é um solo onde cai a semente da Palavra, sem excluir ninguém! A Palavra é dada a cada um de nós. Podemos perguntar-nos: que tipo de terreno sou eu? Pareço-me com o caminho, com o solo pedregoso, com os arbustos? Mas, se quisermos, com a graça de Deus, podemos tornar-nos terreno fértil, lavrado e cultivado com cuidado, para que a semente da Palavra amadureça. Já está presente nos nosso coração, mas fazê-la frutificar depende de nós, depende do acolhimento que reservarmos a esta semente. Muitas vezes somos distraídos por demasiados interesses, por inúmeras solicitações, e é difícil distinguir entre tantas vozes e tantas palavras, a do Senhor, a única que nos torna livres. Por isso, é importante habituar-nos a ouvir a Palavra de Deus, a lê-la. E volto, uma vez mais, a este conselho: tende sempre convosco um pequeno Evangelho, uma edição de bolso do Evangelho, no bolso, na bolsa... E assim, lede um pequeno trecho todos os dias, para vos habituardes a ler a Palavra de Deus e a compreender bem que semente Deus vos oferece e a pensar com que solo a recebeis.
Que a Virgem Maria, modelo perfeito de solo bom e fértil, nos ajude, com a sua oração, a tornar-nos solo disponível sem espinhos nem pedregulho, para podermos dar bons frutos para nós e para os nossos irmãos.


Fonte: Santa Sé

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