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quinta-feira, 18 de junho de 2020

Abertura do Congresso Eucarístico no ano 2000

No dia 18 de junho do ano 2000 o Papa João Paulo II presidiu as II Vésperas da Solenidade da Santíssima Trindade na Praça de São Pedro por ocasião da abertura do XLVII Congresso Eucarístico Internacional, celebrado em Roma no contexto do Grande Jubileu.

Confira nossa postagem sobre a história dos Congressos Eucarísticos Internacionais clicando aqui.

II Vésperas da Solenidade da Santíssima Trindade
Abertura do XLVII Congresso Eucarístico Internacional
Homilia do Papa João Paulo II
18 de junho de 2000

1. “Há um só corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança no chamamento que recebestes” (Ef 4,4).
Há um só corpo! Nesta tarde, é nestas palavras do apóstolo Paulo que se concentra, de modo particular, a nossa atenção durante estas Vésperas solenes, com as quais inauguramos o Congresso Eucarístico Internacional. Um só corpo: o pensamento dirige-se, antes de tudo, ao Corpo de Cristo, Pão da vida!
Jesus, que há dois mil anos nasceu de Maria Virgem, quis deixar-nos na Última Ceia o seu Corpo e o seu Sangue, e se imolou pela humanidade inteira. Em torno da Eucaristia, sacramento do seu amor por nós, reúne-se a Igreja, seu Corpo místico. Cristo e a Igreja, um só corpo, um único e grande mistério. Mysterium fidei!


2. Ave, verum corpus, natum de Maria Virgine! - Salve, verdadeiro Corpo de Cristo, nascido de Maria Virgem! Nascido na plenitude dos tempos, nascido de mulher, nascido sujeito à lei (cf. Gl 4,4).
No cento do Grande Jubileu e no início desta semana dedicada ao Congresso Eucarístico, retornamos àquele evento histórico que marcou o pleno cumprimento da nossa salvação.
Ajoelhamo-nos como os pastores diante da manjedoura de Belém; como os magos que vieram do Oriente adoramos Cristo, Salvador do mundo. Como o velho Simeão, O estreitamos entre os braços e bendizemos a Deus, porque os nossos olhos viram a salvação que Ele preparou diante de todos os povos: Luz para iluminar as nações e glória do povo de Israel (cf. Lc 2,30-32).
Vamos percorrer de novo as etapas da sua existência terrena até ao Calvário, até à glória da Ressurreição. Durante os próximos dias, será sobretudo no Cenáculo que nos deteremos, voltando a pensar em quanto Jesus Cristo fez e sofreu por nós.

3. “In supremae nocte cenae... se dat suis manibus”. Na Última Ceia, ao celebrar a Páscoa com os seus discípulos, Cristo ofereceu-Se a si mesmo por nós. Sim, convocada para o Congresso Eucarístico Internacional, nestes dias a Igreja retorna ao Cenáculo e ali permanece em atenta adoração. Revive o grande mistério da Encarnação, concentrando o seu olhar no Sacramento em que Cristo nos entregou o memorial da sua Paixão: “Isto é o Meu Corpo, que vai ser entregue por vós... Este cálice é a nova aliança no Meu Sangue, que vai ser derramado por vós” (cf. Lc 22,19-20).
Ave verum corpus... vere passum immolatum!
Nós Vos adoramos, verdadeiro Corpo de Cristo, presente no Sacramento da nova e eterna Aliança, vivo memorial do sacrifício redentor. Vós, Senhor, sois o Pão vivo descido do céu, que dá vida ao homem! Na Cruz destes a vossa carne para a vida do mundo (cf. Jo 6,51): in cruce pro homine!
Diante de mistério tão sublime a mente humana desorienta-se. Mas confortada pela graça divina, ousa repetir com fé:
Adoro te devote latens Deitas, quae sub his figuris vere latitas.
Adoro-Vos, ó Deu escondido, que sob as sagradas espécies Vos escondeis realmente.

4. “Há um só corpo e um só Espírito, como existe uma só esperança no chamamento que recebestes” (Ef 4,4).
Nestas palavras, que há pouco escutamos, o apóstolo Paulo fala da Igreja, comunidade dos crentes congregados na unidade de um só corpo, animados pelo mesmo Espírito e sustentados pela partilha da mesma esperança. Paulo pensa na realidade do Corpo místico de Cristo, que no seu Corpo eucarístico encontra o próprio centro vital, do qual flui a energia da graça para cada um dos seus membros.
Afirma o Apóstolo: “O pão que partimos não é a comunhão do corpo de Cristo? Uma vez que há um só pão, nós, embora sendo muitos, formamos um só corpo, porque todos participamos do mesmo pão” (1Cor 10,16-17). Deste modo, todos nós, batizados, nos tornamos membros daquele corpo e por isso membros uns dos outros (cf. 1Cor 12,27; Rm 12,5). Com íntimo reconhecimento damos graças a Deus, que da Eucaristia fez o Sacramento da nossa plena comunhão com Ele e com os irmãos.

5. Nesta tarde, com as Vésperas solenes da Santíssima Trindade iniciamos uma semana singularmente densa, que verá reunidos em torno da Eucaristia Bispos e sacerdotes, religiosos e leigos de todas as partes do mundo. Será uma extraordinária experiência de fé e um eloquente testemunho de comunhão eclesial.
Saúdo-vos, queridos irmãos e irmãs, que participais neste evento jubilar, no qual se torna visível o coração do inteiro Ano Santo. Em particular, a minha saudação dirige-se aos fiéis da Diocese de Roma, a nossa Diocese, que, sob a guia do Cardeal Vigário e dos Bispos Auxiliares, e com a colaboração do clero, dos religiosos e das religiosas, assim como de inúmeros e generosos leigos, preparou nos seus vários aspectos o Congresso Eucarístico. Ela dispõe-se a assegurar nos dias sucessivos o seu desenvolvimento ordenado, consciente como está da honra de hospedar este evento central do Grande Jubileu.
Desejo dirigir uma saudação especial também às numerosas confrarias, reunidas em Roma para um significativo “Caminho de Fraternidade”. A sua presença, que se torna mais sugestiva pelas Cruzes artísticas e apreciadas representações sagradas para aqui transportadas em majestosos “andores”, é digna moldura da celebração que aqui nos reuniu.
Para esta Praça convergem as mentes e os corações de muitos fiéis espalhados pelo mundo. Convido todos, crentes individualmente e comunidades eclesiais de todos os ângulos da terra, a compartilharem conosco estes momentos de alta espiritualidade eucarística. De modo especial peço às crianças e aos doentes, assim como às comunidades contemplativas, que ofereçam a sua oração pelo feliz e profícuo êxito deste encontro eucarístico mundial.

6. Do Congresso Eucarístico vem-nos o convite a renovar a nossa fé na presença real de Cristo no sacramento do Altar: Ave, verum corpus!
Vem-nos, ao mesmo tempo, o urgente apelo à reconciliação e à unidade de todos os crentes: “Um só corpo... uma só fé, um só batismo!” Divisões e contrastes ainda laceram, infelizmente, o corpo de Cristo e impedem aos cristãos de diferentes confissões compartilhar o único Pão eucarístico. Por isso invocamos unidos a força sanadora da misericórdia divina, superabundante neste Ano Jubilar.
E Vós, ó Cristo, única Cabeça e Salvador, atraí para Vós todos os vossos membros. Uni-os e transformai-os no vosso amor, para que a Igreja resplandeça com aquela beleza sobrenatural que brilha nos Santos de todas as épocas e nações, nos mártires, nos confessores, nas virgens e nas inúmeras testemunhas do Evangelho!
O Iesu dulcis, o Iesu pie, o Iesu, fili Mariae! Amém!


Fonte: Santa Sé.

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