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sábado, 8 de fevereiro de 2020

Homilia: V Domingo do Tempo Comum - Ano A

São Máximo, o Confessor
Questão 36 a Talássio
A luz que ilumina todo homem

A lâmpada colocada sobre o candeeiro, da qual fala a Escritura, é nosso Senhor Jesus Cristo, luz verdadeira do Pai, que vindo a este mundo iluminou a todo homem. Ao assumir a nossa carne, o Senhor se transformou em lâmpada, e por isto é chamado “luz”, ou seja, Sabedoria e Palavra do Pai e de sua mesma natureza. Como tal é proclamado na Igreja pela fé e pela piedade dos fiéis.
Glorificado e manifestado diante das nações por sua vida santa e pela observância dos mandamentos, ilumina a todos os que estão na casa - ou seja, neste mundo -, assim como o afirma em certo lugar esta mesma Palavra de Deus: Não se acende uma lâmpada para colocar debaixo de uma vasilha, mas para colocá-la no candeeiro, para que ilumine a todos da casa. Claramente denomina-se a si mesmo “lâmpada”, porém, sendo Deus por natureza, quis tornar-se homem por uma condescendência de seu amor.
Segundo meu parecer, também o grande Davi se refere a isto quando, falando do Senhor, diz: A tua palavra é lâmpada para os meus passos e luz em meu caminho. Com razão, portanto, a Escritura chama “lâmpada” ao nosso Deus e Salvador, visto que Ele nos liberta das trevas da ignorância e do mal.
Na realidade, Ele, assim como uma lâmpada ao dissipar a obscuridade de nossa ignorância e as trevas de nosso pecado, veio a ser como um caminho de salvação para todos os homens: com a força que comunica e com o conhecimento que concede, o Senhor conduz para o Pai aqueles que com Ele querem avançar pelo caminho da justiça e seguir a senda dos preceitos divinos. E quanto ao candeeiro, deve-se dizer que significa a santa Igreja, a qual, com a sua pregação, faz que a Palavra luminosa de Deus brilhe e ilumine aos homens do mundo inteiro, como se fossem os moradores da casa, e sejam levados deste modo ao conhecimento de Deus com o esplendor da verdade.
A Palavra de Deus não pode, de modo algum, ficar oculta debaixo de uma vasilha; ao contrário, deve ser colocada no mais alto da Igreja, como o melhor dos seus ornamentos. Se a Palavra ficasse dissimulada sob a letra da lei, como debaixo de uma vasilha, deixaria de iluminar aos homens com a sua luz eterna. Escondida sob a vasilha, a Palavra já não seria fonte de contemplação espiritual para aqueles que desejam livrar-se da sedução dos sentidos, que, com o seu engano, nos inclinam para captar somente as coisas efêmeras e materiais; posta, porém, sobre o candeeiro da Igreja, ou seja, interpretada pelo culto em espírito e verdade, a Palavra de Deus ilumina a todos os homens.
Na verdade, a letra, se não se interpreta segundo seu sentido espiritual, não tem mais valor que o sensível, e está limitada ao que significam materialmente as suas palavras, sem que a alma chegue a compreender o sentido do que está escrito.
Não coloquemos, portanto, sob a vasilha, com nossos pensamentos racionais, a lâmpada acesa - a saber, a Palavra que ilumina a inteligência -, para que não possam culpar-nos de ter colocado sob a materialidade da letra a força incompreensível da sabedoria; a coloquemos, antes, sobre o candeeiro - ou seja, sobre a interpretação que lhe dá a Igreja -, no mais elevado da genuína contemplação; assim iluminará a todos os homens com os fulgores da Revelação divina.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 132-133. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São João Crisóstomo para este domingo clicando aqui.

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