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sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Carta do Cardeal Piacenza aos confessores para o Natal 2019

O Cardeal Mauro Piacenza, Penitenciário Maior da Santa Igreja, enviou uma carta a todos os confessores para Natal deste ano de 2019, exortando-os à escuta atenta, prudente e alegre deste sacramento neste tempo especial de graça.

Confira a nossa tradução da carta na íntegra:

CARTA A TODOS OS CONFESSORES
POR OCASIÃO DO SANTO NATAL 2019

Caríssimos irmãos,
Somos ministros da vida. O Santo Natal do Senhor é a “Festa da vida”, é a memória atual do Acontecimento mais importante da história; Acontecimento para o qual toda a história converge e da qual recebe pleno sentido e orientação: a festa da vida é a festa da Encarnação do Verbo. O Pai ama o homem, sua criatura, o ponto de enviar o Filho, que assume uma natureza humana íntegra, criada, que se faz carne, participando inteiramente da história dos homens: é o que de mais extraordinário o coração humano pode acolher e, dois mil anos depois, continua a nos surpreender um amor tão grande.
Deus se fez homem para dar-nos a vida, e cada confessor é realmente um ministro da vida, sobretudo neste tempo de Natal, no qual, por graça de Deus, em muitos lugares, ainda muitos fiéis se aproximam do sacramento da Reconciliação.
A vida, conquistada por Cristo crucificado e ressuscitado, é doada sacramentalmente, isto é, realmente, ao homem em cada confissão.
É esta, afinal, a própria essência do cristianismo: é uma opção pela vida, contra o domínio do pecado e da morte. O fiel que se aproxima humildemente e com as devidas disposições ao sacramento da Reconciliação, pode dizer com serena certeza: “Eu encontrei a vida!”.
Em que consiste esta vida que encontramos no sacramento?
Consiste no encontro com o Amor.
Encontrar a vida é encontrar o amor; o amor misericordioso de Deus que perdoa, cria e recria sempre, abrindo o homem à caridade, segundo as palavras do discípulo do amor: “Nós sabemos que passamos da morte para a vida porque amamos os irmãos” (1Jo 3,14).
Quem encontrou o amor encontrou a vida; o encontro com o amor é encontro com a vida. Por tal razão, o Natal do Senhor é por excelência a “Festa da vida” e, por isso, a festa do amor, do Amor feito carne.
A escuta humilde e fiel, atenta e generosa da confissão sacramental seja um traço dominante destes últimos dias da novena, que nos prepara para a grande solenidade e, depois, do inteiro Tempo do Natal, no qual, agora e sempre, os fiéis continuam a aproximar-se do confessionário.
Somos ministros da vida, ministros da misericórdia, ministros do único amor que, agora e sempre, se doa a nós para que nós possamos nos abrir a Ele. É um amor que consola, que cria, que renova, que introduz na Vida verdadeira.
Dentre as várias características que o bom confessor nunca deve deixar de ter, é preciso destacar, antes de tudo, a atenção na escuta. Uma única palavra, o tom da voz, um detalhe, um aceno indireto podem revelar os segredos da alma e permitir o conselho correto, a palavra precisa, a autêntica indicação do caminho. Ao contrário, palavras imprudentes ou desatentas podem bloquear, mesmo por anos, uma consciência que tem dificuldade em se abrir a Deus. A delicadeza nunca é demais!
Outra característica indispensável é a prudência no juízo. O penitente nem sempre pode portar o peso de tudo quanto se quer dizer no breve colóquio da confissão. É necessário ser extremamente prudente, para não desencorajá-lo no caminho de fé ou na luta contra o pecado, e para introduzi-lo sempre na alegria da vida, que o sacramento da Reconciliação é continuamente chamado a restaurar.
Uma última característica, que seria sempre bom guardar, é a alegria.
O Sacramento da Reconciliação deveria ser sempre para todos, ministros e penitentes, uma “Festa da fé”: um momento de feliz celebração da renovada comunhão com Deus e com a Igreja.
Sejamos ministros da vida, ministros da alegria, ministros da liberdade, na consciência de que a graça do sacramento não é oposta à liberdade mas, ao contrário, a liberdade é filha da graça: um homem que buscasse sempre a si mesmo se perderia e perderia a vida. Um homem que, pelo contrário, esquece-se de si mesmo, não busca a própria vida, mas se coloca, sem medo, à disposição do amor, encontra Deus e encontra a si mesmo, em uma liberdade que só a fé e a graça são capazes de doar.
Sejamos assim ministros da vida.
Ofereçamos generosamente o nosso serviço e peçamos à Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe do Verbo encarnado e portanto mãe de misericórdia, que acompanhe a nossa escuta atenta, prudente e alegre, para que a todos os irmãos, agora e sempre, seja doada a vida. Desejo um frutuoso ministério e um Santo Natal a todos. E obrigado pelo vosso indispensável, preciosíssimo ministério!

Mauro, Cardeal Piacenza
Penitenciário Maior


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