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sábado, 30 de novembro de 2019

Homilia: I Domingo do Advento - Ano A

Santo Hilário de Poitiers
Tratado sobre o Salmo 14
O fundamento do nosso edifício é Cristo

O primeiro e mais importante degrau que deve ascender aquele que tende às coisas celestiais é habitar nesta tenda e ali - afastado das preocupações mundanas e abandonando os negócios deste mundo -, passar toda a sua vida, noite e dia, à imitação de muitos santos que jamais se afastaram da tenda.
Sob o nome de “monte” - sobretudo quando se trata das coisas celestiais - temos de imaginar o mais alto e sublime. E existe algo mais sublime do que Cristo? Mais digno do que o nosso Deus? “Seu monte” é o corpo que assumiu a nossa natureza, e no qual agora habita, sublime e excelso acima de todo principado e potestade, e acima de todo nome. Sobre este monte está edificada a cidade que não pode permanecer oculta, pois como diz o Apóstolo: Ninguém pode pôr outro fundamento além do que já foi posto, que é Jesus Cristo. Portanto, como os que pertencem a Cristo foram eleitos no seu corpo antes da fundação do mundo, e a Igreja é o corpo de Cristo, e Cristo é o fundamento de nosso edifício - assim como a cidade edificada sobre o monte -, disto concluímos que Cristo é aquele monte em que se perguntam quem poderá habitar.
Em outro salmo lemos a respeito deste mesmo monte: Quem pode subir ao monte do Senhor? Quem pode habitar no recinto sagrado? E Isaías confirma a asserção dizendo: Ao final dos tempos estará firme o monte da casa do Senhor e dirão: Vinde, subamos ao monte do Senhor, à casa do Deus de Jacó. E também Paulo afirma: Vós vos aproximastes do Monte Sião, a cidade do Deus vivo, a Jerusalém do céu. Ora, se toda nossa esperança de repouso se radica no corpo de Cristo, e se, por outro lado, temos de descansar no monte, não podemos entender por “monte” nada mais que o corpo que Cristo assumiu de nós, antes do qual era Deus, no qual era Deus, e mediante o qual transformou nosso humilde corpo, segundo o protótipo do seu corpo glorioso, contanto que cravemos em sua cruz os vícios de nosso corpo, para ressuscitar conforme o seu modelo.
Com efeito, a ele se ascende depois de haver pertencido à Igreja, nele se descansa a partir da sublimidade do Senhor, nele seremos associados aos coros angélicos, quando também formos cidade de Deus. Repousa-se, porque cessou a dor produzida pela enfermidade, cessou o medo procedente da necessidade, e gozando todos da plena harmonia, fruto da eternidade, descansarão nos bens fora dos quais nada mais se pode desejar.
Por isso a pergunta: Senhor, quem pode hospedar-se em tua tenda e habitar em teu monte santo? Responde o Espírito Santo pela boca do profeta: O que procede honestamente e pratica a justiça. Portanto, na resposta nos é dito que aquele que procede honestamente e vive afastado de qualquer mancha de pecado, é aquele que, depois do banho batismal, não voltou a se manchar com nenhuma espécie de imundície, mas permanece imaculado e resplandecente. Já é uma grande coisa abster-se do pecado; contudo, não é este o descanso que segue o itinerário estabelecido: na pureza de vida inicia-se o caminho, mas não é o seu ápice. De fato, o texto continua: E pratica a justiça. Não basta projetar o bem, é necessário colocá-lo em prática; e a boa vontade não é suficiente para iniciá-lo: é mister levá-lo à perfeição.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 24-25. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de Santo Efrém para este domingo clicando aqui.

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