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quarta-feira, 6 de novembro de 2019

Ângelus: XXXI Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 03 de novembro de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje (Lc 19,1-10) coloca-nos na senda de Jesus que, a caminho de Jerusalém, parou em Jericó. Havia uma grande multidão a recebê-lo, incluindo um homem chamado Zaqueu, chefe dos “publicanos”, isto é, daqueles judeus que cobravam impostos em nome do Império Romano. Ele era rico não graças a ganhos honestos, mas porque pedia um “suborno”, e isso aumentava o seu desprezo por ele. Zaqueu «procurava ver quem era Jesus» (v. 3); não queria encontrá-lo, mas era curioso: queria ver aquele personagem de quem tinha ouvido dizer coisas extraordinárias. Era curioso! E dado que era de baixa estatura, «para o poder ver» (v. 4) sobe a uma árvore. Quando Jesus se aproxima, olha para cima e o vê (v. 5).

E isto é importante: o primeiro olhar não é de Zaqueu, mas de Jesus que, entre os numerosos rostos que o rodeavam - a multidão -  procura precisamente o dele. O olhar misericordioso do Senhor alcança-nos antes que nós mesmos percebamos que precisamos de ser salvos. E com esse olhar do Mestre divino começa o milagre da conversão do pecador. Com efeito, Jesus chama-o e chama-o pelo nome: «Zaqueu, desce depressa, pois hoje tenho de ficar em tua casa» (v. 5). Não o censura, não lhe faz um “sermão”; diz-lhe que tem de ficar com ele: “tem”, porque é a vontade do Pai. Apesar do murmúrio do povo, Jesus escolheu ficar na casa daquele pecador público.

Também nós teríamos ficado escandalizados com este comportamento de Jesus. Mas o desprezo e o fechamento em relação ao pecador apenas o isola e o endurece no mal que faz contra si mesmo e contra a comunidade. Ao contrário, Deus condena o pecado, mas procura salvar o pecador, vai procurá-lo para o reconduzir ao caminho reto. Quem nunca se sentiu procurado pela misericórdia de Deus tem dificuldade de compreender a extraordinária grandeza dos gestos e das palavras com que Jesus se aproxima de Zaqueu.

O acolhimento e a atenção de Jesus para com aquele homem levaram-no a uma clara mudança de mentalidade: num instante ele percebeu como é mesquinha uma vida tomada pelo dinheiro, à custa de roubar aos outros e receber o seu desprezo. Ter o Senhor ali, na sua casa, faz com que ele veja tudo com outros olhos, até com um pouco da ternura com que Jesus olhou para ele. E a sua maneira de ver e usar o dinheiro também muda: o gesto de se apoderar é substituído pelo de oferecer. Com efeito, ele decide dar metade do que possui aos pobres e devolver o quádruplo a quantos roubou (v. 8). Zaqueu descobre de Jesus que é possível amar gratuitamente: era mesquinho, agora torna-se generoso; gostava de acumular, agora alegra-se em distribuir. Ao encontrar o Amor, descobrindo que é amado apesar dos seus pecados, torna-se capaz de amar os outros, fazendo do dinheiro um sinal de solidariedade e de comunhão.

Que a Virgem Maria nos obtenha a graça de sentir sempre o olhar misericordioso de Jesus sobre nós, para que possamos encontrar com misericórdia aqueles que cometeram um erro, para que também eles possam acolher Jesus, que «veio procurar e salvar o que estava perdido» (v. 10).


Fonte: Santa Sé.

Observação: No Brasil celebramos neste domingo a Solenidade de Todos os Santos, transferida do dia 01 de novembro.

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