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quarta-feira, 25 de setembro de 2019

VIII Catequese do Papa sobre os Atos dos Apóstolos

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 18 de setembro de 2019
Atos dos Apóstolos (8)

Caros irmãos e irmãs, bom dia!
Continuamos a catequese sobre os Atos dos Apóstolos. Diante da proibição dos judeus de ensinar em nome de Cristo, Pedro e os apóstolos respondem com coragem que não podem obedecer àqueles que desejam interromper a jornada do evangelho no mundo.
Os Doze mostram, assim, que eles possuem aquela “obediência da fé” que desejam despertar em todos os homens (Rm 1,5). A partir de Pentecostes, de fato, eles não são mais homens “solitários”. Eles experimentam aquela sinergia especial que os faz se descentralizar e dizem: “nós e o Espírito Santo” (At 5,32) ou “o Espírito Santo e nós” (At 15,28). Eles sentem que não podem dizer “eu” sozinho, são homens descentralizados de si mesmos. Fortalecidos por essa aliança, os apóstolos não se deixam intimidar por ninguém. Eles possuíam uma coragem impressionante! Pensemos que estes eram covardes: todos escaparam, fugiram quando Jesus foi preso. Mas, de covardes, eles se tornaram tão corajosos. Por quê? Porque o Espírito Santo estava com eles. O mesmo acontece conosco: se tivermos o Espírito Santo, teremos a coragem de seguir em frente, a coragem de vencer muitas lutas, não por nós mesmos, mas pelo Espírito que está conosco. Eles não retrocedem em sua marcha como testemunhas intrépidas de Jesus Ressuscitado, como os mártires de todos os tempos, incluindo os nossos. Os mártires dão a vida, não escondem que são cristãos.
Pensemos que, alguns anos atrás - ainda hoje existem tantos - mas nos recordemos que há quatro anos, os cristãos ortodoxos coptas, verdadeiros trabalhadores, na praia da Líbia: todos foram assassinados. Mas a última palavra que disseram foi “Jesus, Jesus”. Eles não haviam vendido a fé, porque o Espírito Santo estava com eles. Estes são os mártires de hoje! Os apóstolos são os “megafones” do Espírito Santo, enviados pelo Ressuscitado, para espalhar com prontidão e sem hesitar a Palavra que traz a salvação.
E, de fato, essa determinação faz tremer o “sistema religioso” judaico, que se sente ameaçado e responde com violência e sentenças de morte. A perseguição aos cristãos é sempre a mesma: as pessoas que não querem o cristianismo se sentem ameaçadas e, assim, levam a morte os cristãos. Mas, no meio do Sinédrio, se eleva a voz diferente de um fariseu que decide conter a reação dos seus: se chamava Gamaliel, um homem prudente, “doutor da lei, estimado por todo o povo”. Em sua escola, São Paulo aprendeu a observar “a lei dos pais” (At 22,3). Gamaliel toma a palavra e mostra a seus irmãos como exercitar a arte do discernimento diante de situações que vão além dos esquemas convencionais.
Ele demonstra, citando alguns personagens que se apresentavam como Messias, que todo projeto humano pode primeiro receber elogios e depois naufragar, enquanto tudo o que vem do alto e traz a “assinatura” de Deus é destinado a durar. Projetos humanos sempre falham; eles têm um tempo, como nós. Pense em tantos projetos políticos, e como eles mudam de um lado para o outro, em todos os países. Pense nos grandes impérios, pense nas ditaduras do século passado: eles se sentiam potentíssimos, pensavam que iam dominar o mundo. E depois todos eles caíram. Pensem também hoje, nos impérios de hoje: cairão, se Deus não estiver com eles, porque a força que os homens têm em si mesmos não é duradoura. Somente a força de Deus dura.
Pensemos na história dos cristãos, também na história da Igreja, com tantos pecados, com tantos escândalos, tantas coisas ruins nesses dois milênios. E por que não caiu? Porque Deus está nela. Somos pecadores e também tantas vezes causamos escândalos. Mas Deus está conosco. E Deus nos salva primeiro, e depois a eles; mas o Senhor sempre salva. A força é “Deus conosco”. Gamaliel demonstra, citando alguns personagens que haviam se apresentado como Messias, que todo projeto humano pode primeiro ter êxito e depois naufragar. Portanto, Gamaliel conclui que, se os discípulos de Jesus de Nazaré acreditavam em um impostor, eles estavam destinados a desaparecer no nada, mas eles seguiam alguém que vem de Deus, é melhor desistir de combatê-los e adverte: “para que não aconteça de serdes também achados combatendo contra Deus ” (At 5,39). Ele ns ensina a fazer esse discernimento.
São palavras calmas e perspicazes que nos permitem ver o evento cristão com uma nova luz e oferecem critérios evangélicos, porque nos convidam a reconhecer a árvore por seus frutos (Mt 7,16). Eles tocam corações e alcançam o efeito desejado: os outros membros do Sinédrio seguem o seu parecer e renunciam às intenções de morte, ou seja, matar os apóstolos.
Peçamos ao Espírito Santo que atue em nós para que, seja pessoalmente seja comunitariamente, possamos adquirir o habitus do discernimento. Peçamos a Ele que sejamos sempre capazes de ver a unidade da história da salvação através dos sinais da passagem de Deus em nosso tempo e nos rostos daqueles que nos rodeiam, porque aprendemos que o tempo e os rostos humanos são mensageiros do Deus vivo.


Fonte: Canção Nova

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