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segunda-feira, 2 de setembro de 2019

VII Catequese do Papa sobre os Atos dos Apóstolos

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 28 de agosto de 2019
Atos dos Apóstolos (7)

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A comunidade eclesial descrita no livro dos Atos dos Apóstolos vive das muitas riquezas que o Senhor põe à sua disposição - o Senhor é generoso! -, experimenta um crescimento numérico e um grande fermento, apesar dos ataques externos. Para mostrar-nos esta vitalidade, Lucas, no livro dos Atos dos Apóstolos, assinala também lugares significativos, como o pórtico de Salomão (cf. At 5,12), lugar de encontro dos crentes. O pórtico (stoà) é uma galeria aberta que serve como refúgio, mas também como lugar de encontro e testemunho. Lucas, com efeito, insiste nos sinais e prodígios que acompanham a palavra dos Apóstolos e no cuidado especial dos enfermos aos quais se dedicam.
No capítulo 5 dos Atos a Igreja nascente se mostra como um «hospital de campanha» que acolhe aos mais débeis, ou seja, aos enfermos. Seu sofrimento atrai aos Apóstolos, que não possuem «nem prata nem ouro» (At 3,6) - como disse Pedro ao paralítico -, mas que são fortes no nome de Jesus. A seus olhos, como aos olhos dos cristãos de todas as épocas, os enfermos são destinatários privilegiados do feliz anúncio do Reino, são irmãos nos quais Cristo está presente de modo especial, para que todos nós os busquemos e os encontremos (cf. Mt 25,36.40). Os enfermos são privilegiados para a Igreja, para o coração sacerdotal, para todos os fiéis. Não devem ser descartados, ao contrário, devem ser curados, cuidados: são o objeto da preocupação cristã.
Entre os Apóstolos surge Pedro, que tem preeminência no grupo apostólico pelo primado (cf. Mt 16,18) e pela missão recebida do Ressuscitado (cf. Jo 21,15-17). É ele quem dá luz verde à pregação do querigma no dia de Pentecostes (cf. At 2,14-41) e quem no Concílio de Jerusalém desempenhará um papel principal (cf. At 15 e Gl 2,1-10).
Pedro se aproxima das macas e passa entre os enfermos, como havia feito Jesus, assumindo enfermidades e doenças (cf. Mt 8,17; Is 53,4). E Pedro, o pescador da Galileia, passa, mas deixa que outro se manifesta: que seja o Cristo vivo e operante! A testemunha, com efeito, é quem manifesta a Cristo, tanto nas palavras como na presença corpórea, o que lhe permite relacionar-se e ser uma extensão do Verbo feito carne na história.
Pedro é quem faz as obras do Mestre (cf. Jo 14,2): olhando para ele com fé, se vê a Cristo mesmo. Cheio do Espírito do seu Senhor, Pedro passa e, sem que faça nada, sua sombra se converte em «carícia», se torna curadora, comunicação de saúde, em efusão da ternura do Ressuscitado que se inclina sobre os enfermos e restaura a vida, a salvação e a dignidade. Deste modo, Deus manifesta sua proximidade e faz das feridas dos seus filhos «o lugar teológico da sua ternura» (Meditação matutina, Casa Santa Marta, 14 de dezembro de 2017). Nas feridas dos enfermos, nas enfermidades que são impedimentos para avançar na vida, está sempre a presença de Jesus, as feridas de Jesus. Ali está Jesus que nos chama, a cada um de nós, a cuidar-lhes, a apoiar-lhes, a curar-lhes.
A ação curadora de Pedro despertou o ódio e a inveja dos saduceus, que aprisionaram os Apóstolos e, aborrecidos por sua misteriosa libertação, lhes proibiram ensinar. Esta gente viu os milagres que os Apóstolos fizeram não por arte de magia, mas no nome de Jesus; porém não quiseram aceitá-lo e os colocaram na prisão, os espancaram. Então foram milagrosamente libertados, porém os corações dos saduceus eram tão duros que não queriam crer no que viam. Pedro respondeu oferecendo uma chave da vida cristã: «Temos que obedecer a Deus antes que aos homens» (At 5,29), porque eles - os saduceus - dizem: «Não deveis seguir adiante com estas coisas, não deveis curar» - «Eu obedeço a Deus antes que aos homens»: é a grande resposta cristã. Isto significa escutar a Deus sem reservas, sem demora, sem cálculos; aderimos a Ele para sermos capazes de uma aliança com Ele e com aqueles com quem nos encontramos no nosso caminho.
Peçamos também ao Espírito Santo a força para não nos assustarmos diante dos que nos mandam calar, caluniam-nos e inclusive estão atentos a nossas vidas. Peçamos-lhe que nos fortaleça interiormente para estarmos seguros da presença amorosa e consoladora do Senhor ao nosso lado.


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