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terça-feira, 17 de setembro de 2019

Catequese do Papa: Viagem à África

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 11 de setembro de 2019
Viagem Apostólica a Moçambique, Madagascar e Maurício

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
Ontem à tarde voltei da minha Viagem Apostólica a Moçambique, Madagascar e Maurício. Dou graças a Deus porque me concedeu levar a cabo este itinerário como peregrino de paz e de esperança, e renovo a minha expressão de gratidão às respectivas autoridades destes Estados, assim como aos Bispos, que me convidaram e acolheram com tanto carinho e atenção, e aos Núncios Apostólicos, que tanto trabalharam para esta viagem.
A esperança do mundo é Cristo, e seu Evangelho é o fermento mais poderoso de fraternidade, liberdade, justiça e paz para todos os povos. Com minha visita, seguindo as pegadas dos santos evangelizadores, busquei levar este fermento, o fermento de Jesus, às populações moçambicanas, malgaxes e mauricianas.
Em Moçambique fui para espalhar sementes de esperança, paz e reconciliação em uma terra que tanto sofreu no passado recente por causa de um longo conflito armado, e que na primavera passada foi açoitada por dois ciclones que causaram danos muito graves. A Igreja segue acompanhando o processo de paz, que também deu um passo adiante no passado 01 de agosto com um novo acordo entre as partes. E aqui quero deter-me para agradecer a Comunidade de Santo Egídio que trabalhou tanto, tanto neste processo de paz.
Animei as autoridades do país neste sentido, exortando-as a trabalhar juntas pelo bem comum. E animei aos jovens de diferentes origens religiosas ali reunidos a construir o país superando a resignação e a ansiedade, difundindo a amizade social e fazendo tesouro das tradições dos anciãos. Aos Bispos, sacerdotes e pessoas consagradas que encontrei na Catedral de Maputo, dedicada à Virgem Imaculada, lhes propus o caminho de Nazaré, o caminho do “sim” generoso a Deus, na memória agradecida de seu chamado e de suas próprias origens. Um sinal forte desta presença evangélica é o Hospital de Zimpeto, na periferia da capital, construído com o esforço da Comunidade de Santo Egídio. Neste hospital vi que o mais importante são os enfermos, e todos trabalham para os enfermos. Ademais, nem todos pertencem à mesma religião. A diretora deste hospital é uma pesquisadora, muito boa, uma pesquisadora sobre a AIDS. É muçulmana, porém dirige esse hospital que a Comunidade de Santo Egídio construiu. Porém todos, todos juntos pelo povo, unidos, como irmãos. Minha visita a Moçambique culminou na Missa, celebrada no Estádio abaixo da chuva, porém todos estavam contentes. Os cantos, as danças religiosas... tanta felicidade. A chuva não importava. E ali ressoou a chamada do Senhor Jesus: «Amai os vossos inimigos» (Lc 6,27), a semente da verdadeira revolução, a do amor, que extingue a violência e gera fraternidade.
De Maputo me transladei a Antananarivo, a capital de Madagascar. Um país rico em beleza e recursos naturais, porém marcado por tanta pobreza. Manifestei o desejo de que, animado por seu tradicional espírito de solidariedade, o povo malgaxe possa superar a adversidade e construir um futuro de desenvolvimento, conjugando o respeito pelo meio ambiente e a justiça social. Como sinal profético nesta direção, visitei a “Cidade da Amizade” – Akamasoa, fundada por um missionário vicentino, o Padre Pedro Opeka: ali se trata de unir trabalho, dignidade, atenção aos mais pobres, instrução das crianças. Tudo animado pelo Evangelho. Em Akamasoa, no canteiro de granito, elevei a Deus a oração pelos trabalhadores.
Depois tive o encontro com as religiosas contemplativas de diversas congregações no mosteiro das Carmelitas: efetivamente sem fé e sem oração não se constrói uma cidade digna do homem. Com os Bispos do país renovamos nosso compromisso de ser “semeadores de paz e esperança”, cuidando do povo de Deus, especialmente dos pobres e dos nossos presbíteros. Juntos veneramos a Beata Victoire Rasoamanarivo, a primeira malgaxe elevada aos altares. Com os jovens, que eram muito numerosos – tantos jovens, naquela vigília, tantos, tantos – vivi uma vigília rica em testemunhos, cantos e danças.
Em Antananarivo se celebrou a Eucaristia dominical no grande “Campo Diocesano”: grandes multidões se reuniram em torno do Senhor Jesus. E finalmente, no Instituto Saint-Michel, me encontrei com os sacerdotes, as consagradas, os consagrados e os seminaristas de Madagascar. Um encontro no sinal do louvor a Deus.
A jornada de segunda-feira foi dedicada à visita à República de Maurício, um destino turístico muito conhecido, que porém escolhi como lugar de integração entre diferentes etnias e culturas. Efetivamente, nos últimos séculos desembarcaram neste arquipélago diferentes populações, especialmente da Índia; e depois, com a independência, experimentou um forte desenvolvimento econômico e social. Ali é muito forte o diálogo inter-religioso e também a amizade entre os líderes das diversas confissões religiosas. Algo que a nós parece raro, porém eles vivem assim a amizade que é natural. Quando entrei na casa episcopal, encontrei um ramo de flores, belíssimo: o havia mandado o Grande Imã, como sinal de fraternidade.
A Santa Missa em Maurício se celebrou no Monumento a Maria Rainha da Paz, em memória do Beato Jacques-Désiré Laval, conhecido como o “Apóstolo da unidade mauriciana”. No Evangelho das Bem-aventuranças, carteira de identidade dos discípulos de Cristo, neste contexto é um antídoto contra a tentação do bem-estar egoísta e discriminatório. O Evangelho e as Bem-aventuranças são o antídoto contra este bem-estar egoísta e discriminatório, e também o fermento da verdadeira felicidade, impregnada de misericórdia, justiça e paz. Impressionou-me o trabalho dos Bispos para evangelizar os pobres. Mais tarde, no meu encontro com as autoridades de Maurício, expressei meu agradecimento pelo esforço de harmonizar as diferenças em um projeto comum, e as encorajei a manter em nosso tempo a capacidade de acolher as pessoas, assim como os esforços por manter e desenvolver a vida democrática.
Assim, ontem à tarde cheguei ao Vaticano. Antes de começar uma viagem e na volta vou sempre visitar a Virgem, a Salus Populi Romani, para que me acompanhe na viagem, como Mãe, para que me diga o que tenho que fazer, para que guarde minhas palavras e meus gestos. Com a Virgem vou seguro.
Queridos irmãos e irmãs, demos graças a Deus e peçamos-lhe que as sementes espalhadas neste caminho apostólico deem frutos abundantes para os povos de Moçambique, Madagascar e Maurício. Muito obrigado.


Tradução livre do texto italiano divulgado pela Santa Sé.

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