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sábado, 17 de agosto de 2019

Meditação para a Festa da Dormição de Maria

Neste domingo celebramos no Brasil a Solenidade da Assunção da Virgem Maria, transferida do dia 15 de agosto. Esta celebração, que no Oriente cristão é conhecida como a Festa da Dormição de Maria, é também celebrada pelos luteranos mais tradicionais, ainda que com desdobramentos teológicos distintos.

No ano de 2008, o pastor luterano William Weedon publicou em seu blog uma belíssima meditação para esta festa, traduzida em 2018 pelo blog Teologia Luterana.

Segue pois a meditação, que coloca nos lábios de Maria uma recordação de sua vida na iminência de ir ao encontro do Filho:

Meditação sobre a Dormição
William Weedon

Eu me lembro de quando o anjo veio, falou comigo e meu coração irrompeu de alegria e temor.
Eu me lembro de quando cheguei à porta da casa de Zacarias e Isabel reconheceu meu segredo e meu coração se enterneceu, meus olhos romperam em lágrimas e minha boca profetizou.
Eu me lembro de quando senti Teu primeiro movimento dentro do meu corpo e compreendi que eu era a arca viva do vivo Deus.
Eu me lembro de quando vi o Teu rosto pela primeira vez, toquei Tuas mãos e olhei nos olhos do meu José.
Eu me lembro de quando os pastores da noite humildemente vieram vê-lO, adorá-lO, e me falaram de canções de anjos, glória nas alturas e paz na terra.
Eu me lembro de quando Te levamos ao templo e o ancião O tomou em seus braços e, preparado para a morte, bendisse a Deus e me contou sobre a dor que ainda estava por vir.
Eu me lembro de quando eles (os magos) vieram do Oriente e se curvaram diante de Ti enquanto eu O segurava e deram seus presentes - ouro, incenso e mirra -, enquanto a luz da estrela brilhava sobre nós.
Eu me lembro de quando ele (José) me acordou e nós fugimos naquela noite, diante do pavor da espada de Herodes.
Eu me lembro de quando finalmente chegamos em casa e pessoas observavam e comentavam, mas Tu eras toda a nossa alegria.
Eu me lembro de quando Tu ficaste para trás, quando nos deixou e nós Te encontramos no templo. Meu coração foi tomado de temor ao perceber que tinhas escolhido permanecer no lugar de sacrifício e morte.
Eu me lembro de quando Tu falaste de maneira severa comigo e ainda transformou a água em vinho.
Eu me lembro de quando fomos obrigá-lO a descansar e me ensinaste que todos aqueles necessitados eram queridos para você como sua própria família.
Eu me lembro de quando Te prenderam, torturaram e crucificaram; e diante de meus olhos ressurgiu o ancião no templo - suas palavras ainda me perseguiam - e uma espada me atravessou enquanto eu O via morrer.
Eu me lembro de quando Tu olhaste para mim e o discípulo amado e nos deu um ao outro em cuidado por todos os nossos dias.
Eu me lembro de quando a luz se extinguiu em Teus olhos e meu coração sucumbiu entre lágrimas e palavras.
Eu me lembro de quando no terceiro dia eles vieram e me disseram que Tu estavas vivo novamente. A alegria inundou meu coração e então eu me dei conta do que eu sempre soube - todas as Tuas promessas eram verdadeiras.
Eu me lembro de quando orávamos juntos depois que Tu subiste ao céu e o Espírito desceu com vento e fogo.
Eu me lembro como eles (os Apóstolos) foram e testemunharam as boas-novas por todo o mundo. E eu acolhia cada novo crente como meu filho amado, como um irmão do meu Filho, o Rei sobre todos.
Eu me lembro de tudo agora enquanto estou morrendo, quando deito minha cabeça na morte.
Meu Filho, eu não tenho medo. Eu vou para Ti, para Ti que venceu a morte, para Ti que é o Perdão de todos os pecados. Recebe-me, menino Deus. Recebe-me.
Eu me lembro. Eu me lembro. Eu me lembro.


Fonte: Teologia Luterana / Link original: William Weedon

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