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quarta-feira, 7 de agosto de 2019

Ângelus: XVIII Domingo do Tempo Comum - Ano C

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 04 de agosto de 2019

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
O Evangelho de hoje (Lc 12,13-21) tem início com a cena de um homem que se levanta na multidão e pede que Jesus resolva uma questão jurídica sobre a herança da família. Na sua resposta Ele não trata o problema, mas exorta a afastar-se da ganância, isto é, da avidez de possuir. Para desviar os seus ouvintes dessa busca frenética da riqueza, Jesus conta a parábola do rico insensato, que acredita que é feliz porque teve a sorte de uma extraordinária colheita e se sente seguro pelos bens que acumulou. Será bom lê-la hoje; encontra-se no capítulo 12, versículo 13 de São Lucas. É uma bonita parábola que nos ensina muito. A história ganha vida quando surge o contraste entre o que o homem rico projeta para si mesmo e o que Deus lhe promete.

O rico põe diante da sua alma, isto é, perante si mesmo, três considerações: os grandes bens acumulados, os muitos anos que esses bens parecem assegurar-lhe, e terceiro, a tranquilidade e o bem-estar exagerado (v. 19). Mas a palavra que Deus lhe dirige cancela estes projetos. Em vez dos «muitos anos», Deus indica o imediatismo «desta noite; esta noite morrerás»; em vez do «gozo da vida», Ele apresenta-lhe a «prestação de contas da vida; entregarás a vida a Deus», com o consequente juízo. Quanto à realidade dos muitos bens acumulados sobre os quais o rico baseava tudo, foi coberta pelo sarcasmo da pergunta: «E o que preparaste, de quem será?» (v. 20). Pensemos nas lutas pelas heranças; muitas batalhas familiares. E a tantas pessoas, todos nós conhecemos alguma história, para as quais se aproxima a hora da morte, começam a chegar os netos, os sobrinhos, perguntando: “Mas o que cabe a mim?”, e levam embora tudo. É nesta oposição que se justifica o apelativo de “insensato” - porque ele pensa em coisas que acredita serem concretas, mas que são uma fantasia - com o qual Deus se dirige a este homem. Ele é insensato porque na prática negou Deus, não fez as contas com Ele.

A conclusão da parábola, formulada pelo evangelista, é de eficácia singular: «Assim acontece a quantos acumulam tesouros para si mesmos e não se enriquecem com Deus» (v. 21). É uma advertência que revela o horizonte para o qual todos somos chamados a olhar. Os bens materiais são necessários - são bens! - mas consistem um meio para viver honestamente e partilhar com os mais necessitados. Hoje Jesus convida-nos a considerar que as riquezas podem aprisionar o coração e desviá-lo do verdadeiro tesouro que está no céu. São Paulo também nos recorda isto na segunda leitura de hoje. Ele diz: «Procurai as coisas do céu... dirigi os vossos pensamentos para as coisas do céu, não para as da terra» (Cl 3,1-2).

Isto - compreende-se - não significa afastar-se da realidade, mas procurar o que tem valor verdadeiro: justiça, solidariedade, acolhimento, fraternidade, paz, tudo o que constitui a verdadeira dignidade do homem. Trata-se de se orientar para uma existência vivida não no estilo mundano, mas segundo o estilo evangélico: amar a Deus com todo o nosso ser e amar o próximo como Jesus o amou, isto é, no serviço e no dom de si mesmo. A ganância pelos bens, o desejo de ter bens, não satisfaz o coração, pelo contrário, provoca mais fome! A cobiça é como aqueles doces gostosos: comes um e dizes: “Ah! Que delícia”, e depois comes outro; um atrás do outro. Assim é a ganância: nunca fica satisfeita. Tende cuidado! O amor compreendido e vivido desta forma é fonte de verdadeira felicidade, enquanto a busca sem limites dos bens materiais e das riquezas muitas vezes é fonte de inquietação, de adversidade, de prevaricação, de guerra. Muitas guerras começam por causa da ganância.

Que a Virgem Maria nos ajude a não nos deixarmos fascinar pelas seguranças que passam, mas a sermos todos os dias testemunhas credíveis dos valores eternos do Evangelho.


Fonte: Santa Sé.

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