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quinta-feira, 25 de julho de 2019

O sacerdote nos Ritos Finais da Missa

Prosseguindo com a série de textos sobre o papel do sacerdote nas várias partes da Missa publicados pela Santa Sé por ocasião do Ano Sacerdotal (2009-2010), confira o sétimo artigo, que trata dos Ritos Finais, com ênfase na teologia da bênção:

Departamento das Celebrações Litúrgicas do Sumo Pontífice
O sacerdote nos Ritos Finais da Santa Missa

1. Os Ritos Finais nas duas formas da Missa do Rito Romano

1.1 Os Ritos Finais da Santa Missa se desenvolvem, nas duas formas do Rito Romano - a Ordinária e a Extraordinária - uma vez terminada a oração após a Comunhão. Para a Forma Ordinária (ou de Paulo VI), a Institutio Generalis Missalis Romani (IGMR) no n. 90 se exprime nestes termos:

«Os Ritos Finais compreendem: a) Breves avisos, se necessário; b) A saudação e a bênção do sacerdote, que em alguns dias e em certas circunstâncias se podem enriquecer e desenvolver com a oração sobre o povo ou com outra fórmula mais solene; c) A despedida do povo da parte do diácono ou do sacerdote, para que cada um retorne às suas boas obras louvando e bendizendo a Deus; d) o beijo do altar por parte do sacerdote e do diácono e depois a inclinação profunda ao altar por parte do sacerdote, do diácono e dos outros ministros» [1].

O papel do sacerdote, portanto, consiste em dar breves avisos aos fiéis, em saudá-los com a fórmula litúrgica «Dominus vobiscum» e em abençoá-los com a fórmula simples ou solene. O sacerdote, se falta o diácono, pronuncia também a fórmula de despedida «Ite, missa est» [2]. Os ritos terminam com o beijo do altar e com uma inclinação profunda a ele, como no início da Missa.


1.2 Podemos comparar esta estrutura com aquela estabelecida pelas rubricas do Missal da Forma Extraordinária (ou de São Pio V, na revisão realizada por João XXIII). Os elementos fundamentais são comuns às duas formas do Rito, mas se notam também algumas diferenças. A despedida, «Ite, Missa est», aqui é anteposta à bênção [3]. Recebida a resposta, «Deo gratias», o sacerdote se volta novamente ao altar e, profundamente inclinado, com as mãos juntas e apoiadas nele, diz a oração Placeat, que São Pio V fez acrescentar ao seu Missal (1570). Se trata de uma bela oração com a qual o ministro ordenado pede à Trindade para aceitar o sacrifício eucarístico em seu favor e de todos aqueles pelos quais o sacerdote o ofereceu. Eis o texto:

Placeat tibi, sancta Trinitas, obsequium servitutis meæ: et praesta, ut sacrificium quod oculis tuae maiestatis indignus obtuli, tibi sit acceptabile; mihique et omnibus pro quibus illud obtuli, sit, te miserante, propitiabile. Per Christum Dominum nostrum. Amen” [4].

Recitada com devoção esta oração, o sacerdote beija o altar, eleva os olhos ao céu enquanto abre e fecha os braços, elevando-os e voltando a abaixá-los junto ao peito, inclina a cabeça diante da cruz e diz: «Benedicat vos omnipotens Deus»; depois se volta para o povo e o abençoa com o sinal da cruz simples em nome da Trindade (o mesmo gesto que se realiza na Forma Ordinária) [5].

Os Ritos Finais na Forma Extraordinária preveem ainda uma leitura bíblica: o sacerdote, com efeito, após abençoar o povo, se volta de novo ao altar, no lado do Evangelho, e proclama o Prólogo do Evangelho de João, introduzindo a leitura com as mesmas fórmulas e os mesmos gestos que se usam para a proclamação do Evangelho no interior da Liturgia da Palavra. Ao ler «Et Verbum caro factum est», ele genuflete. O último Evangelho é sempre Jo 1,1-14, que se omite em algumas celebrações [6]. O Prólogo do Evangelho de João era apreciado já no século XIII como fórmula de bênção, em particular para obter o bom tempo, e por isso foi inserido por São Pio V no seu Missal [7]. Esta leitura, portanto, deve entender-se como parte da bênção.

1.3 Notemos que a continuidade nos Ritos Finais entre a Forma Extraordinária e a Forma Ordinária do Rito Romano está nestes elementos: a bênção do povo, a fórmula de despedida, o beijo e a veneração do altar. As diferenças entre as duas formas se observam em algumas supressões na passagem do Vetus ao Novus Ordo e em um acréscimo realizado a este último. O Novus Ordo mudou a estrutura de desenvolvimento dos Ritos Finais, seja invertendo a ordem entre despedida e bênção, seja eliminando a oração Placeat e o último Evangelho. O acréscimo que foi feito consiste, ao invés, na indicação da IGMR, n. 90a, que prevê a possibilidade de dar breves avisos no início dos Ritos Finais [8]. Outra mudança (tomada de uma prática antiga) é a possibilidade de utilizar formas de bênção mais solenes.

2. As duas colunas dos Ritos Finais: Bênção e despedida

2.1 De quanto foi dito, resulta que as duas colunas que sustentam os Ritos Finais da Missa são a bênção e a despedida. Nas Sagradas Escrituras [9], a palavra «abençoar/bênção» tem um significado muito amplo. No hebraico do Antigo Testamento, a raiz brk indica a sorte daqueles homens aos quais tudo é bem sucedido, mas indica também a fecundidade, a abundância, a riqueza e inclusive a umidade das nuvens (verdadeira e própria riqueza e bênção no deserto!). Além destes significados, brk é usada no sentido verbal de «render homenagem», «louvar», «glorificar», «exprimir reconhecimento» e também «falar bem de alguém». Finalmente, assim como em Israel qualquer saudação era um desejo de bênção, brk significa também simplesmente «saudar». O significado mais próximo ao nosso modo de entender a «bênção» se encontra expresso nos textos que tratam do desejo de bênção dos pais aos filhos, ou dos sacerdotes aos participantes do culto, ou também acerca das promessas feitas por Deus em favor dos homens. Encontram-se também fórmulas litúrgicas fixas, por exemplo: Nm 6,23-26.

No Antigo Testamento, a bênção, igual que a maldição, tem uma força que realiza o que as palavras exprimem. Por exemplo, «bênção» é uma força que se transmite a alguém mediante a imposição das mãos (cf. Gn 48,14.17) ou pronunciando uma palavra sobre alguém (cf. Gn 27,27-29; 49,1-28). Uma vez recebida mediante a bênção, esta força não pode ser tirada de um homem (cf. Gn 27,33.35; Nm 22,6). Também quando Deus não é explicitamente mencionado, é subentendido que a força da bênção vem d’Ele. Além de sobre o povo eleito e sobre os indivíduos, o Antigo Testamento conhece uma bênção divina também sobre objetos (cf. Ex 23,25; Dt 7,13; 28,4-5; Jr 31,23; Pr 3,33), se bem que não seja apresentado um rito litúrgico correspondente.

Entre os vários personagens que no Antigo Testamento abençoam, estão também os sacerdotes que abençoam as pessoas individuais que vão ao templo (cf. 1Sm 2,20), os peregrinos (cf. Sl 118,26), além do povo reunido (cf. Lv 9,22). De fato se diz que, estritamente falando, Yahweh designou apenas os sacerdotes e os levitas para abençoar em seu nome (cf. Dt 21,5; 10,8).

No tempo de Jesus, no templo de Jerusalém os sacerdotes, ao realizar a Liturgia matutina, pronunciavam a «bênção de Aarão», ou seja, o já citado texto de Nm 6,23-26. O Novo Testamento faz próprios os usos e as concepções a bênção veterotestamentária e judaica [10]. A Carta aos Hebreus recorda a bênção de Melquisedec a Abraão e aquela de Isaac a Jacó (cf. Hb 7,1; 11,20). Segundo São Paulo, a bênção divina a Abraão chega também àqueles que não são sua descendência por via carnal: necessária, porém, é a fé (cf. Gl 3,8-9). Interessante é também uma outra anotação de Hebreus que, partindo da bênção de Melquisedec, observa que  «sem dúvida o inferior é abençoado pelo superior» (Hb 7,7): portanto, quem abençoa foi constituído por Deus em uma posição superior em relação a quem é abençoado [11]. Jesus mesmo abençoa mediante a imposição das mãos: as crianças (cf. Mc 10,16) e os discípulos (cf. Lc 24,50). Relendo a vida de Jesus depois da Ressurreição, São Pedro dirá que Deus mandou o Filho para abençoar-nos (cf. At 3,26) e São Paulo precisará que se trata de uma eulogía pneumatiké, uma bênção espiritual (Ef 1,3). O cristão é chamado a imitar Cristo e a abençoar sempre: «Abençoai (também) aqueles que vos amaldiçoam» (Lc 6,28; cf. Rm 12,14).

2.2 Destes elementos bíblicos provém o uso litúrgico cristão de abençoar, que possui o significado de «pedir a Deus os seus dons sobre suas criaturas e render-lhe graças pelos dons já recebidos» [12]. Prosper Guéranger defendia que a bênção deve remontar-se de algum modo às instituições litúrgicas ditadas pelos próprios Apóstolos [13]. A nível ritual, ela se cumpre com a imposição das mãos sobre os indivíduos ou sobre a assembleia, estendendo os braços e dirigindo as palmas das mãos sobre os presentes. O sinal cristão de bênção por excelência é, porém, o sinal da cruz e por isso o Rito Romano faz-nos justamente iniciar e concluir a Eucaristia com este sinal.

«“Serás um bênção”, havia dito Deus a Abraão no princípio da história da salvação (Gn 12,2). Em Cristo, filho de Abraão, esta palavra é plenamente realizada. Ele é a bênção para toda a criação e para todos os homens. A cruz, que é o seu sinal no céu e sobre a terra, deve, portanto, converter-se em verdadeiro gesto de bênção para os cristãos» [14].

No término da Missa, a bênção pode desenvolver-se de diversos modos: como bênção simples, como tripla bênção solene, ou como oração de bênção sobre o povo [15].

O sacerdote celebrante deve ter presente o papel de mediator que ele exerce também ao conceder aos fiéis a bênção final da Missa, que não é apenas um ato devido, ou modo como outro qualquer de concluir a celebração. Na bênção final (como em toda a Missa) se entrecruzam duas dinâmicas: aquela a partir de baixo, pela qual o homem rende graças a Deus, «ben-diz» a Deus pelos dons já recebidos; e aquela a partir do alto, pela qual Deus mesmo infunde os seus bens sobre os fiéis. O sacerdote está justamente no centro deste fluxo de oração e de graça.

2.3 Da natureza teológica da bênção final deriva também o caráter próprio da despedida. Também aqui não se trata simplesmente de uma saudação de cortesia aos presentes, mas da explicitação de um mistério de graça. Bento XVI nos recorda que na saudação “Ite, missa est”, «nos é dado captar a relação entre a Missa celebrada e a missão cristã no mundo. Na Antiguidade “missasignificava simplesmente “demissão” [no sentido de despedida]. Todavia ela encontrou no uso cristão um significado sempre mais profundo. A expressão “demissão”, na realidade, se transforma em “missão”. Esta saudação exprime sinteticamente a natureza missionária da Igreja. Portanto, é bom ajudar o povo de Deus a aprofundar esta dimensão constitutiva da vida eclesial, partindo da Liturgia» [16].

A despedida por parte do sacerdote constitui, portanto, uma última admonição a viver aquilo que foi celebrado. Se trata de custodiar a graça recebida no sacramento, a fim de que porte frutos na vida cristã de cada dia. Por isso, ao tema da despedida está relacionado o grande tema da relação entre Liturgia e ética, entendendo esta última no sentido mais amplo possível (vida moral na caridade, testemunho, anúncio, missão, martírio). O fato que a despedida não esteja sozinha, mas esteja ligada e derive da bênção, nos diz que neste empenho não estamos sozinhos: o Senhor nos acompanha e «opera conosco» (cf. Mc 16,20) e por isso a nossa vida pode ser o « culto lógico» agradável a Deus (cf. Rm 12,1-2; 1Pd 2,5). «A despedia, ato presidencial, declara dissolvida a assembleia. Como nós nos reunimos por convocação divina (Rm 8,30), assim o presidente, que age "in persona Christi", envia os fiéis às ações usuais da vida, para cumpri-las de modo novo, transformando-as em matéria de salvação; por isso a assembleia responde: “Graças a Deus”» [17].

O historiador católico Henri Daniel-Rops, em um livreto no qual medita sobre o significado da Santa Missa no rito de São Pio V, assim resume o sentido da bênção final e da despedida:

«Precisamente quando a Missa está para terminar, e nós estamos para retomar o trabalho de cada dia entre afãs e perigos, a Igreja nos recorda que devemos viver sob a mão de Deus e que é sob a sua mão que seremos guiados e protegidos. Deste modo toda a essência da Missa será, em certo sentido, incorporada ao nosso ser e continuada na nossa vida de cada dia. [...] O Ite Missa est, ou fórmula de despedida, pode ser explicado como um anúncio solene da conclusão da função, mas nos avisa que o nosso serviço pessoal a Deus não está senão no início. Com o Placeat [...] somos guiados a contemplar a onipresença de Deus Uno e Trino, em cujo nome é invocada sobre nós a bênção final. Com um belíssimo gesto litúrgico, o celebrante eleva as mãos para o alto, como para alcançar do céu a graça que nos acompanhará para proteger-nos e guiar-nos» [18].

Da parte ortodoxa, faz-lhe eco o hieromonge Gregório do Monte Athos, que em um livro no qual comenta a Divina Liturgia de São João Crisóstomo, assim interpreta a despedida:

«A Divina Liturgia é um caminho. Um caminho cujo objetivo, cujo fim é o encontro com Deus, a união do homem com Ele. Tal meta já foi atingida. Chegamos ao final do nosso percurso. Vimos a luz verdadeira. Vimos o Senhor transfigurado sobre o Tabor. Aproximamo-nos do seu santo Corpo e do seu Sangue imaculado. E enquanto ousamos balbuciar ao nosso ilustre visitante: “É bom estarmos aqui” (Mt 17,4), a Mãe Igreja nos recorda que o final do nosso caminho litúrgico deve tornar-se o início do nosso caminho de testemunho: Vamos em paz! Devemos deixar o monte da Transfiguração para retornar ao mundo a percorrer a via do martírio da nossa vida. Este caminho se torna se converte em testemunho do crente em ordem ao Caminho e à Vida que ele acolhe em si. Na Divina Liturgia recebemos em nós Cristo. Agora somos chamados a portá-lo ao mundo. A tornarmo-nos testemunhas da sua vida no mundo: testemunhas da nova vida. [...] Depois de termos nos aproximado da Eucaristia, devemos sair ao mundo como “cristóforos” - portadores de Cristo - e “pneumatóforos” - portadores do Espírito. Em seguida devemos lutar para fazer com que não se extingua a luz recebida» [19].

3. Conclusões e perspectivas

3.1 O sacerdote nos Ritos Finais da Santa Missa está ainda realizando uma tarefa sacerdotal, ou seja, de mediação entre Deus e o povo fiel. Não se trata apenas de saudar e de marcar o próximo encontro, recordando talvez as atividades durante a semana. O sacerdote aqui invoca sobre o povo a bênção divina, enquanto em nome do povo agradece a Deus pelos dons já recebidos da sua bondade. Também aqui ele age in persona Christi. Por isso ele não diz, no plural, «abençoe-nos Deus onipotente...», nem «a Missa terminou, vamos em paz». Ele fala em nome e na Pessoa de Cristo e como ministro da Igreja, por isso concede a bênção enquanto a invoca, e envia os fiéis à missão cotidiana da vida: «abençoe-vos Deus...», «ide em paz». Através dele, Cristo e a Igreja encarregam os batizados do testemunho cotidiano a dar do Evangelho.

3.2 A revisão dos Ritos Finais realizada pelo Missal de Paulo VI assinala alguns elementos em progresso: a) As distintas modalidades de bênção exprimem com mais completude a mensagem da Escritura e da Tradição litúrgica; b) A supressão do último Evangelho não representa um dano grave, dado o caráter de bênção que este tinha no Vetus Ordo; c) A inversão da despedida e da bênção manifesta que apenas com a graça de Deus nós podemos ser fiéis ao Senhor cada dia.

Sobre estes pontos, não há o que lamentar-se das mudanças realizadas. Se poderia refletir sobre a oportunidade de reintroduzir o Placeat. Poré, é preciso reconhecer o empobrecimento teológico e celebrativo devido à inserção, no Novus Ordo, dos avisos dos fiéis como parte própria, oficialmente normatizada, dos Ritos Finais. Se bem que a mais recente IGMR sublinhe que tais avisos devem ser breves e que devem ser dados apenas se forem necessários, isto não resolve o fato de que foi introduzido oficialmente um elemento por si estranho à Liturgia, que de fato muitas vezes se torna o verdadeiro elemento central dos Ritos Finais da Missa. Enquanto, portanto, se sugere aos sacerdotes reduzi-los ao mínimo, talvez se possível eliminar totalmente esta prática, se deve esperar que em uma futura reforma da IGMR a atual concessão seja retirada. Não há dúvida que a prática dos avisos finais tenha precedido a normativa; porém, não aparece oportuno reconhecer de iure o que antes se realizava de facto, com a finalidade de não favorecer ulteriormente tanto o hábito em si quanto a extensão da sua prática. É claro que uma comunidade cristã, sobretudo paroquial, tem necessidade de formas de comunicação interna, mas particularmente em nossos dias estas não faltam, razão pela qual não parece necessário inseri-las na Liturgia.


Notas
[1] Citamos a IGMR na Editio typica tertia emendata (2008).
[2] Na última edição do Missal da Forma Ordinária foram inseridas algumas fórmulas alternativas: «Ite, ad Evangelium Domini annuntiandum»; «Ite in pace, glorificando vita vestra Dominum»; «Ite in pace» (cfMissale RomanumReimpressio emendata da Editio typica tertia, 2008, n. 144, p. 605).
[3] Na Missa «in Coena Domini» e em toda Missa à qual segue uma procissão, o «Ite» é substituído com a fórmula «Benedicamus Domino»; nas Missas pelos defuntos se substitui o «Ite» com «Requiescant in pace». Finalmente, como é também na Forma Ordinária, durante a oitava da Páscoa à fórmula ordinária «Ite, missa est», assim como na resposta «Deo gratias», se acrescenta por duas vezes o Aleluia.
[4] «Te seja agradável, ó santa Trindade, o obséquio do meu serviço: e concede que o sacrifício que eu - ainda que indigno aos olhos da tua divina majestade - ofereci, seja por ti aceito; e, pela tua misericórdia, seja propício para mim e para todos aqueles pelos quais o ofereci. Por Cristo nosso Senhor. Amém».
[5] Abençoa-se deste modo também nas Missas solenes. Nas Missas em que o «Ite, missa est» se substituis por outras fórmulas (cf. acima a nota 3), não se dá a bênção. Quando se diz o «Requiescant in pace», se passa diretamente da oração Placeat à leitura do último Evangelho. Quando se diz o «Benedicamus Domino», se omite também o último Evangelho.
[6] O último Evangelho se omite: a) nas Missas em que o «Ite» é substituído por «Benedicamus Domino»; b) na terceira Missa de Natal; c) na Dominica II Passionis seu in Palmis; d) na Missa da Vigília Pascal; e) nas Missas dos defuntos nas quais se segue a absolvição ao féretro, ao túmulo ou ao pano fúnebre; f) em algumas Missas celebradas por ocasião de consagrações ou de bênçãos. No Domingo in Palmis se omite o último Evangelho se houve a bênção dos ramos e palmas. Do contrário, o último Evangelho se lê, mas a perícope joanina é substituída por Mt 21,1-9.
[7] cf. M. Kunzler, La liturgia della Chiesa, Jaca Book, Milano 2003, p. 347.
[8] cf. também IGMR (2008), n. 166. A IGMR (1969-1970) e a IGMR (1975), ou seja, a Editio typica prima e a Editio typica altera do Missal pós-conciliar, não falavam da possibilidade de dar avisos no n. 57 (correspondente ao n. 90 da atual Editio typica tertia), porém falavam dela no n. 123 (correspondente ao atual n. 166).
[9] Para quanto segue, cf. J. Guillet, «Bénédiction», in X. Léon-Dufour (ed.), Vocabulaire de Théologie Biblique, Cerf, Paris, 1962, coll. 91-98; J. Scharbert, «Benedizione», in J. Bauer (ed.), Dizionario di Teologia Biblica, Morcelliana, Brescia, 1969, pp. 178-189.
[10] Pode-se recordar que também em Qumran a bênção possuía uma função importante, por exemplo, no momento de ser admitido na comunidade (cf. 1QS II,1-4).
[11] É óbvio que isto se aplica à bênção que Deus derrama sobre um homem através de outro homem, escolhido e elevado por Deus a uma condição superior. Não se aplica aos casos nos quais o homem bíblico «bendiz a Deus», onde o termo bendizer é usado no sentido de dizer-bem, louvar, honrar, agradecer, etc.
[12] R. Berger, Kleines liturgisches Lexikon, Herder, Freiburg im Br., 1987: aqui citado na edição italiana Liturgia, Piemme, Casale Monferrato (AL), 1997, p. 25.
[13] «A Liturgia estabelecida pelos Apóstolos deve ter contido necessariamente tudo o que era essencial à celebração do Sacrifício cristão, à administração dos Sacramentos (seja do ponto de vista das formas essenciais, que daqueles ritos requeridos pela dignidade dos mistérios), ao exercício do poder de Santificação e de Bênção que a Igreja obtém de Cristo por meio dos mesmos Apóstolos...» (P. Guéranger, Institutions liturgiques, Société Générale de Librairie Catholique, Paris, 1878, I, 38).
[14] J. Ratzinger, Introduzione allo spirito della liturgia, San Paolo, Cinisello Balsamo (MI), 2001, p. 180.
[15] Esta tríplice oportunidade se manifesta mais claramente no novo Missal, ainda que o Vetus Ordo jà previsse a tríplice bênção pars as Missas pontificais e, ao menos na Quaresma, apresentava uma oração sobre o povo introduzida com a fórmula Humiliate capita vestra Deo.
[16] Bento XVI, Sacramentum caritatis, 22.02.2007, n. 51. A. Nocent no passado contestou o deslizamento semântico de Missa de «despedisa» para «missão» e por isso lamentou as más traduções em língua nacional do «Ite, missa est»: cf. o seu «História da celebração da Eucaristia», in: S. Marsili (ed.), Anàmnesis, 3/2: La Liturgia, Eucaristia: teologia e storia della celebrazione, Marietti, Casale Monferrato (AL), 1983, pp. 189-190; 269-270.
[17] A. Sorrentino, L'Eucaristia: rito e vita, Dottrinari, Pellezzano (SA), 2008, p. 138.
[18] H. Daniel-Rops, Questa è la Messa. Riflessioni e meditazioni sulla Messa di San Pio V, Casa Mariana Editrice, Frigento (AV), 2009, pp. 150-151.
[19] G. Chatziemmanouil, La Divina Liturgia. “Ecco, io sono con voi... sino alla fine del mondo” (A. Ranzolin, ed.), LEV, Città del Vaticano, 2002, pp. 247-248.

Tradução livre nossa a partir do texto italiano.

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