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segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

IV Catequese do Papa sobre o Pai Nosso: Batei e vos será aberto

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 09 de janeiro de 2019
Pai Nosso (4): Batei e vos será aberto

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A catequese de hoje faz referência ao Evangelho de Lucas. De fato, é sobretudo este Evangelho, desde os relatos da infância, a descrever a figura de Cristo em uma atmosfera densa de oração. Nesse estão contidos os três hinos que marcam todos os dias a oração da Igreja: o Benedictus, o Magnificat e o Nunc dimittis.
E nessas catequeses sobre o Pai Nosso seguimos adiante, vemos Jesus como orante. Jesus reza. No relato de Lucas, por exemplo, o episódio da transfiguração nasce de um momento de oração. Diz assim: “Enquanto orava, transformou-se o seu rosto e as suas vestes tornaram-se resplandecentes de brancura” (9,29). Mas cada passo da vida de Jesus é como que impulsionado pelo sopro Espírito que o guia em todas as suas ações. Jesus reza no Batismo no Jordão, dialoga com o Pai antes de tomar as decisões mais importantes, retira-se, muitas vezes, na solidão a rezar, intercede por Pedro que dali a pouco o negará. Diz assim: “Simão, Simão, eis que Satanás vos reclamou para vos peneirar como o trigo; mas eu roguei por ti, para que a tua confiança não desfaleça” (Lc 22,31-32). Isso consola: saber que Jesus reza por nós, reza por mim, por cada um de nós para que a nossa fé não desfaleça. E isso é verdade. “Mas padre, ainda o faz?” Ainda o faz, diante do Pai. Jesus reza por mim. Cada um de nós pode dizê-lo. E também podemos dizer a Jesus: “Tu estás rezando por mim, continua a rezar que eu preciso”. Assim: corajosos.
Até a morte do Messias é imersa em um clima de oração, tanto que as horas da paixão aparecem marcadas por uma calma surpreendente: Jesus consola as mulheres, reza pelos seus crucificadores, promete o paraíso ao bom ladrão, e expira dizendo: “Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). A oração de Jesus parece aliviar as emoções mais violentas, os desejos de vingança, reconcilia o homem com a sua inimiga, reconcilia o homem com esta inimiga, que é a morte.
É sempre no Evangelho de Lucas que encontramos o pedido, expresso por um dos discípulos, de poder ser educado pelo próprio Jesus à oração. E diz assim: “Senhor, ensina-nos a rezar” (Lc 11,1). Viam ele que rezava. “Ensina-nos - também nós podemos dizer ao Senhor - Senhor tu estás rezando por mim, eu sei, mas ensina-me a rezar, para que também eu possa rezar”.
Deste pedido - “Senhor, ensina-me a rezar” - nasce um ensinamento bastante abrangente, através do qual Jesus explica aos seus com quais palavras e com quais sentimentos devem se dirigir a Deus.
A primeira parte deste ensinamento é o próprio Pai Nosso. Rezem assim: “Pai, que estás nos céus”. “Pai”: aquela palavra tão bela de dizer. Nós podemos estar todo o tempo da oração com aquela palavra somente: ‘Pai’. E sentir que temos um pai: não um patrão nem um padrasto. Não: um pai. O cristão se dirige a Deus chamando-O, antes de tudo, de ‘Pai’
Neste ensinamento que Jesus dá aos seus discípulos é interessante concentrar-se em algumas instruções que coroam o texto da oração. Para nos dar confiança, Jesus explica algumas coisas. Essas insistem em atitudes do crente que reza. Por exemplo, há a parábola do amigo inoportuno, que vai perturbar toda uma família que dorme porque de improviso chegou uma pessoa de uma viagem e não tem pão para oferecer-lhes. O que diz Jesus a este que bate à porta, e desperta o amigo?: “E eu vos digo – explica Jesus – pedi e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Lc 11,9). Com isso quer nos ensinar a rezar e a insistir na oração. E logo depois dá o exemplo de um pai que tem o filho com fome. Todos vocês, pais e avós, que estão aqui, quando o filho ou o neto pede algo, tem fome, e pede e pede, depois chora, grita, tem fome: “qual o pai entre vós que lhe dará uma pedra? Se ele pedir um peixe, acaso lhe dará uma serpente? (v. 11). E todos vocês têm a experiência quando o filho pede, vocês dão de comer aquilo que lhe pede, pelo bem dele.
Com estas palavras Jesus faz entender que Deus responde sempre, que nenhuma oração ficará sem ser ouvida, por quê? Porque Ele é Pai, e não esquece os seus filhos que sofrem.
Certo, essas afirmações nos colocam em crise, porque tantas orações nossas parece que não obtêm resultado. Quantas vezes pedimos e não obtivemos – todos temos essa experiência – quantas vezes batemos e encontramos uma porta fechada? Jesus nos recomenda, nesses momentos, a insistir e não nos darmos por vencidos. A oração transforma sempre a realidade, sempre. Se não mudam as coisas ao nosso redor, ao menos mudamos nós, muda o nosso coração. Jesus prometeu o dom do Espírito Santo a cada homem e a cada mulher que reza.
Podemos estar certos de que Deus responderá. A única incerteza é quanto aos tempos, mas não duvidamos que Ele responderá. Talvez tenhamos que insistir por toda a vida, mas Ele responderá. Nos prometeu: Ele não é como um pai que dá uma serpente no lugar de um peixe. Não há nada de mais certo: o desejo de felicidade que todos levamos no coração um dia se realizará. Diz Jesus: “Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos, que estão clamando por ele dia e noite?” (Lc 18,7). Sim, fará justiça, nos ouvirá. Que dia de alegria e de ressurreição será aquele! Rezar é desde agora a vitória sobre a solidão e sobre o desespero. Rezar. A oração muda a realidade, não esqueçamos isso. Ou muda as coisas ou muda o nosso coração, mas sempre muda. Rezar é desde já vitória sobre a solidão e sobre o desespero. É como ver cada fragmento da criação que fervilha no torpor de uma história que às vezes não entendemos o por quê. Mas está em movimento, está em caminho, e no fim de cada caminho, o que há no fim do nosso caminho? Ao final da oração, ao final de um tempo em que estamos rezando, ao final da vida: o que há? Há um Pai que espera tudo e todos com os braços escancarados. Olhemos para este Pai.


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