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sábado, 22 de dezembro de 2018

Homilia: IV Domingo do Advento - Ano C

São Teódoto de Ancira
Sermões
“Para a Sabedoria eterna do Pai se edificou um templo”

Quando o rei da glória nasceu segundo a carne, os habitantes do céu e os da terra se estreitaram em um maravilhoso abraço. Os anjos, dirigindo do alto seu olhar sobre a terra, viram a constelação de Jacó que avançava, e os magos, olhando para o alto, distinguiram a estrela que brilhava sobre Belém. Os magos encontraram na gruta o mesmo número de dons espirituais que os dons visíveis que ofertaram, como que representando a unidade de Deus trino. Cantemos também nós com eles, de um modo digno, nossos próprios louvores: Glória a Deus no céu, e na terra paz aos homens que Deus ama.
Cantai ao Senhor um cântico novo, porque fez maravilhas. Aquele que é o reflexo da glória do Pai e imagem do seu ser quis assumir a natureza humana da puríssima virgem Maria. Aquele que subsiste na mesma natureza divina do Pai, se dignou fazer-se semelhante a nós em nossa pobreza. Gerado antes da aurora, ao final dos tempos quis ter uma mãe. Para a Sabedoria eterna do Pai se edificou um templo, não construído por homens, no seio da Santíssima Virgem, e habitou entre nós, porque, como está escrito: Deus não habita em templos construídos por mãos humanas.
Veio para ser um de nós, ele que não abandona o seio do Pai, e é glorificado acima dos tronos dos querubins. Somente ele, com o Espírito Santo, conhece o Pai; e ele é conhecido unicamente pelo Pai e o Espírito Santo; e sentado sobre um trono igual, tem idêntico poder real, goza da mesma e imensa glória em sua única natureza, e em toda a criação encontra-se acima de todo o criado. Sendo Rei dos reis e Senhor dos senhores, veio aos seus servos; e não há proporção entre a culpa e o dom, somente que este transborda de tal forma da malícia, trazendo a felicidade para a humanidade desgraçada, e repartindo, com abundância aos culpáveis, os dons inestimáveis.
Ele é o Forte que, submetido a nossa fragilidade, a faz surgir mais forte que a morte, e, tomando sobre si a natureza humana caída e vencida pela culpa e a corrupção, outorga-lhe novas energias para que possa superar toda a classe de males.
Levou sobre si a imagem de Adão culpável, e assim nos livrou do pecado. E resumo: com seu divino aniquilamento resgatou aos pecadores de todos os seus delitos. E assim como reinou o pecado causando a morte, assim também reina a graça causando a salvação e a vida eterna.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 536-537. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de São Beda, o Venerável para este domingo clicando aqui.

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