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sábado, 1 de dezembro de 2018

Homilia: I Domingo do Advento - Ano C

Carta a Diogneto
“Ó doce intercâmbio”

Porque não foi uma invenção terrena, como disse o Apóstolo, o que lhes foi confiado (aos cristãos), nem se preocupam de preservar em detalhes nenhum sistema passageiro, nem lhes foi confiado a dispensação de mistérios humanos, mas verdadeiramente o Criador todo-poderoso do universo, o Deus invisível, fez descer dos céus e fixou a sua Verdade e seu Verbo santo e incompreensível entre os homens, e o santo ensinamento que ultrapassa a imaginação dos homens e o fixou firmemente em seus corações. Não, como alguém poderia pensar, enviando um servo, ou anjo, governante, ou algum dos que presidem as coisas terrenas, ou um encarregado das dispensações do céu, mas ao próprio Artífice e Criador do universo, por quem ele fez os céus, e por quem ele conteve o mar dentro de seus limites, e do qual todos os elementos guardam fielmente os seus mistérios.
Também o sol observa o curso estabelecido, e a lua obedece quando a manda iluminar a noite, a quem as estrelas acompanham o percurso que a lua faz, e pelo qual todas as coisas foram ordenadas, estabelecidas e submetidas: os céus e o que lá existe, a terra e as coisas que nela existem, o mar e o que ele contém, o fogo, o ar, o abismo, e os seres das alturas, das profundezas e os do espaço intermediário. Deus enviou tudo isto para eles.
Será que enviou tudo isso para demonstrar seu poder, para inspirar temor ou terror? De forma alguma. Mas em mansidão e humildade é que foi enviado (o Verbo). Como um rei envia seu filho que também é rei. Ele o enviou enviando a Deus. O enviou como um homem entre os homens, enviou-lhe como Salvador, usando a persuasão e não a força, porque a violência não é atributo de Deus. Enviou como quem convida, e não como quem persegue. Enviou como quem ama, e não para nos julgar. Ele o enviará no dia do juízo, mas, então, quem suportará a sua presença?
Assim, tendo preparado tudo em si mesmo juntamente com seu Filho, até pouco tempo permitiu que nos deixássemos levar a nosso capricho por nossos impulsos desordenados, arrastados pelos prazeres e concupiscências. Não é que tivesse qualquer complacência em nossos pecados, mas usava de paciência conosco. Nem que aprovava aquele tempo de iniquidade, mas estava preparando o atual tempo de justiça, para que, estando convictos por nossas próprias obras de que éramos indignos da vida, agora fôssemos feitos dignos dela pela bondade de Deus; e tendo ficado claro que nós por nós mesmos não podíamos entrar no Reino de Deus, agora nos seja concedido a capacidade de entrar pelo poder do próprio Deus... Ele mesmo entregou seu próprio Filho como resgate por nós, o santo pelo transgressor, o inocente pelo mau, o justo pelos injustos, o incorruptível pelo corruptível, o imortal pelo mortal.
Portanto, que outra coisa poderia cobrir nossos pecados, além de sua justiça? Em quem poderíamos nós, maus e ímpios, ser justificados, a não ser somente no Filho de Deus? Ó doce intercâmbio! Ó obra insondável! Ó benefícios inesperados! A iniquidade de muitos ficou sepultada em um só justo, e a justiça de um bastou para justificar a muitos injustos.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 527-529. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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