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sábado, 10 de novembro de 2018

Homilia: XXXII Domingo do Tempo Comum - Ano B

São Paulino de Nola
Carta 32
Demos ao Senhor, que recebe na pessoa de cada pobre

Tens algo - diz o Apóstolo - que não tenhas recebido? Portanto, amadíssimos, não sejamos avaros de nossos bens como se eles nos pertencessem, mas negociemos com eles como com um empréstimo. Foi-nos confiada a administração e o uso temporal dos bens comuns, não a eterna posse de uma coisa privada. Se na terra a consideras tua somente temporalmente, poderás torná-la tua eternamente no céu. Se recordares aqueles empregados do Evangelho que receberam alguns talentos de seu Senhor e o que o proprietário, ao seu regresso, deu a cada um em recompensa, reconhecerás quanto mais vantajoso é depositar o dinheiro na mesa do Senhor para fazê-lo frutificar, que conservá-lo intacto com uma fidelidade estéril; compreenderás que o dinheiro ciosamente conservado, sem o menor rendimento para o proprietário, tornou-se para o empregado negligente em um enorme desperdício e em um aumento de seu castigo.

Recordemos também aquela viúva, que se esquecendo de si mesma e preocupada unicamente pelos pobres, pensando somente no futuro, deu tudo o que tinha para viver, como o testemunha o próprio juiz. Os outros - diz - lançaram daquilo que tinham de sobra; porém esta, mais pobre talvez do que muitos pobres - já que toda a sua fortuna se reduzia a duas moedas -, mas em seu coração mais admirável que todos os ricos, posta sua esperança somente nas riquezas da eterna recompensa e ambicionando para si somente os tesouros celestiais, renunciou a todos os bens que procedem da terra e à terra retornam. Lançou o que tinha, para possuir os bens invisíveis. Lançou o corruptível, para adquirir o imortal. Aquela pobrezinha não menosprezou os meios previstos e estabelecidos por Deus em vista da consecução do prêmio futuro; por isso o legislador também não se esqueceu dela, e o árbitro do mundo antecipou sua sentença: no Evangelho ele elogia aquela que corará no juízo.

Negociemos, portanto, ao Senhor com os próprios dons do Senhor; nada possuímos que dele não tenhamos recebido, sem cuja vontade nem sequer existiríamos. E, sobretudo, como poderemos considerar algo nosso, nós que, em virtude de uma hipoteca importante e peculiar, não nos pertencemos, e não só porque fomos criados por Deus, mas por sermos redimidos por ele?

Congratulemo-nos por sermos comprados a grande preço, ao preço do sangue do próprio Senhor, deixando por isso mesmo de sermos pessoas vis e venais, já que a liberdade que consiste em sermos livres da justiça é mais vil que a própria escravidão. Aquele que assim é livre, é escravo do pecado e prisioneiro da morte. Restituamos, pois, ao Senhor os seus dons; demos a ele, que recebe na pessoa de cada pobre; demos, insisto, com alegria, para receber dele a plenitude da alegria, como ele mesmo disse.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 502-503. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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