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segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Ângelus: XXIX Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 21 de outubro de 2018

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A página evangélica hodierna (Mc 10,35-45) descreve Jesus que, mais uma vez e com grande paciência, procura corrigir os seus discípulos convertendo-os da mentalidade do mundo para aquela de Deus. A ocasião é-lhe proporcionada pelos irmãos Tiago e João, dois dos primeiros com os quais Jesus se encontrou, chamando-os a segui-lo. Já tinham percorrido muita estrada com Ele e pertenciam precisamente ao grupo dos doze Apóstolos. Portanto, enquanto estavam a caminho rumo a Jerusalém, onde os discípulos esperavam com ansiedade que Jesus, por ocasião da festa de Páscoa, instaurasse finalmente o Reino de Deus, os dois irmãos ganham confiança, aproximam-se e dirigem ao Mestre o seu pedido: «Concede-nos que nos sentemos na tua glória, um à tua direita e outro à tua esquerda» (v. 37).

Jesus sabe que Tiago e João estão animados pelo grande entusiasmo por Ele e pela causa do Reino, mas sabe também que as suas expectativas e o seu zelo são contaminados, pelo espírito do mundo. Portanto retorquiu: «Não sabeis o que pedis» (v. 38). E enquanto eles falavam sobre os “tronos de glória” no qual se sentar ao lado do Cristo Rei, Ele fala de um «cálice» que deve ser bebido, de um «batismo» que deve ser recebido, ou seja, da sua paixão e morte. Tiago e João, tendo sempre como objetivo o privilégio almejado, dizem de ímpeto: sim, «podemos»! Mas, também neste caso, não se dão realmente conta daquilo que afirmam. Jesus prenuncia que o seu cálice o beberão e o seu batismo o receberão, ou seja, que também eles, como os outros Apóstolos, participarão na sua cruz, quando chegar a sua vez. Contudo - concluiu Jesus - «quanto ao assentardes à minha direita ou à minha esquerda, isto não depende de mim: o lugar compete àqueles a quem está destinado» (v. 40). Como se quisesse dizer: agora, segui-me e aprendei o caminho do amor “em perda”, e o Pai celeste pensará no prémio. O caminho do amor está sempre «em perda», pois amar significa pôr de lado o egoísmo, a autorreferencialidade, para servir os outros.

Jesus dá-se conta também que os outros dez Apóstolos se irritam com Tiago e João, demonstrando deste modo que têm a mesma mentalidade mundana. E isto oferece-lhe a inspiração para lhes dar uma lição que é válida para os cristãos de todos os tempos, inclusive para nós. É o seguinte: «Sabeis que os que são considerados chefes das nações dominam sobre elas e os seus intendentes exercem poder sobre elas. Entre vós, porém, não será assim: todo o que quiser tornar-se grande entre vós, seja o vosso servo; e todo o que entre vós quiser ser o primeiro, seja escravo de todos (vv. 42-44). É a regra do cristão. A mensagem do Mestre é clara: enquanto os grandes da terra constroem “tronos” para o próprio poder, Deus escolhe um trono incômodo, a cruz, do qual reina dando vida: «Porque o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em redenção por muitos» (v. 45).

O caminho do serviço é o antídoto mais eficaz contra a doença da busca dos primeiros lugares; é o remédio para os carreiristas, esta busca dos primeiros lugares, que contagia muitos contextos humanos e não poupa os cristãos, o povo de Deus, nem sequer a hierarquia eclesiástica. Portanto, como discípulos de Cristo, acolhemos este Evangelho como apelo à conversão, para testemunhar com coragem e generosidade uma Igreja que se inclina aos pés dos últimos, para os servir com amor e simplicidade. A Virgem Maria, que aderiu plena e humildemente à vontade de Deus, nos ajude a seguir com alegria Jesus no caminho do serviço, a via mestra que leva ao Céu.


Fonte: Santa Sé.

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