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sexta-feira, 7 de setembro de 2018

Ângelus: XXII Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 02 de setembro de 2018

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Neste domingo retomamos a leitura do Evangelho de Marcos. No trecho de hoje (Mc 7,1-8.14-15.21-23), Jesus enfrenta um tema importante para todos nós crentes: a autenticidade da nossa obediência à Palavra de Deus, contra qualquer contaminação mundana ou formalismo legalista. A narração inicia com a objeção que os escribas e os fariseus dirigem a Jesus, acusando os seus discípulos de não seguirem os preceitos rituais segundo as tradições. Deste modo, os interlocutores pretendiam prejudicar a credibilidade e a autoridade de Jesus como Mestre, pois diziam: «Mas este mestre deixa que os discípulos não cumpram as prescrições da tradição». Contudo, Jesus reage incisivamente e responde: «Bem profetizou Isaías a vosso respeito, hipócritas, quando escreveu: “Este povo honra-Me com os lábios, mas o seu coração está longe de Mim. Vão é o culto que me prestam, e as doutrinas que ensinam não passam de preceitos humanos”» (vv. 6-7). Assim diz Jesus. Palavras claras e fortes! Hipócrita é, por assim dizer, um dos adjetivos mais fortes que Jesus usa no Evangelho e pronuncia-o dirigindo-se aos mestres da religião: doutores da lei, escribas... “Hipócrita”, diz Jesus.

Com efeito, Jesus tenciona fazer com que os escribas e os fariseus despertem do erro no qual caíram, mas qual é este erro? Desvirtuar a vontade de Deus, descuidando os seus mandamentos para cumprir as tradições humanas. A reação de Jesus é severa porque o que está em questão é importante: trata-se da verdade da relação entre o homem e Deus, da autenticidade da vida religiosa. O hipócrita é um mentiroso, não é autêntico.

Também hoje o Senhor nos convida a evitar o perigo de dar mais importância à forma do que à substância. Exorta-nos a reconhecer, sempre de novo, aquele que é o verdadeiro centro da experiência de fé, ou seja, o amor de Deus e o amor do próximo, purificando-a da hipocrisia do legalismo e do ritualismo.

A mensagem do Evangelho é hoje reforçada também pela voz do Apóstolo Tiago, o qual nos diz em síntese como deve ser a verdadeira religião, afirmando o seguinte: a verdadeira religião consiste em «visitar os órfãos e as viúvas nos sofrimentos e não se deixar contaminar por este mundo» (v. 27).

“Visitar os órfãos e as viúvas” significa praticar a caridade para com o próximo a partir das pessoas mais necessitadas, mais débeis, mais marginalizadas. São as pessoas das quais Deus cuida de modo especial, e pede a nós para fazermos o mesmo.

“Não se deixar contaminar por este mundo” não significa isolar-se e fechar-se à realidade. Não. Também neste caso, não deve tratar-se de uma atitude exterior mas interior, de substância: significa vigiar para que o nosso modo de pensar e de agir não seja poluído pela mentalidade mundana, isto é, a vaidade, a avareza, a soberba. Na realidade, um homem ou uma mulher que vive na vaidade, na avareza, na soberba e ao mesmo tempo crê e se mostra como religioso e inclusive condena os outros, é um hipócrita.

Façamos um exame de consciência para ver como acolhemos a Palavra de Deus. Aos domingos ouvimo-la na Missa. Se a ouvirmos de maneira distraída ou superficial, ela não nos servirá muito. Ao contrário, devemos acolher a Palavra com mente e coração abertos, como um terreno bom, de maneira que seja assimilada e dê fruto na vida concreta. Jesus diz que a Palavra de Deus é como o grão, é uma semente que deve crescer nas obras concretas. Assim a própria Palavra purifica o nosso coração e as nossas ações, e a nossa relação com Deus e com os demais é libertada da hipocrisia.

O exemplo e a intercessão da Virgem Maria nos ajudem a honrar sempre o Senhor com o coração, testemunhando o nosso amor por Ele nas opções concretas para o bem dos irmãos.


Fonte: Santa Sé.

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