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quinta-feira, 23 de agosto de 2018

Ângelus: XX Domingo do Tempo Comum - Ano B

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 19 de agosto de 2018

Prezados irmãos e irmãs, bom dia!
O trecho evangélico deste domingo (Jo 6,51-58) introduz-nos na segunda parte do discurso que Jesus proferiu na sinagoga de Cafarnaum, depois de ter dado de comer a uma grande multidão com cinco pães e dois peixes: a multiplicação dos pães. Ele apresenta-se como «o pão vivo que desceu do Céu», o pão que dá a vida eterna, e acrescenta: «O pão que Eu hei de dar é a minha carne para a vida do mundo» (v. 51). Este trecho é decisivo, e com efeito suscita a reação dos ouvintes, que se põem a discutir entre si: «Como pode este Homem dar-nos de comer a sua carne?» (v. 52). Quando o sinal do pão partilhado leva ao significado verdadeiro, ou seja, o dom de si até ao sacrifício, sobressai a incompreensão, emerge até a rejeição d’Aquele que pouco antes o povo queria levar ao triunfo. Recordemo-nos que Jesus teve que se esconder, porque o queriam fazer rei.

Jesus prossegue: «Se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos» (v. 53). Aqui, juntamente com a carne, aparece também o sangue. Na linguagem bíblica, carne e sangue exprimem a humanidade concreta. O povo e os próprios discípulos intuem que Jesus os convida a entrar em comunhão com Ele, a “alimentar-se” d’Ele, da sua humanidade, para partilhar com Ele o dom da vida para o mundo. Ao contrário de triunfos e miragens de sucesso! É precisamente o sacrifício de Jesus que se doa a si mesmo por nós.

Este pão de vida, sacramento do Corpo e do Sangue de Cristo, é-nos doado gratuitamente na mesa da Eucaristia. Ao redor do altar, encontramos aquilo que nos alimenta e nos sacia espiritualmente hoje e para a eternidade. Cada vez que participamos na Santa Missa, num certo sentido, antecipamos o Céu na terra, porque do alimento eucarístico, o Corpo e o Sangue de Jesus, aprendemos o que é a vida eterna. Ela significa viver pelo Senhor: «Aquele que comer a minha carne viverá por mim» (v. 57), diz o Senhor. A Eucaristia plasma-nos a fim de não vivermos unicamente para nós mesmos, mas pelo Senhor e pelos irmãos. A felicidade e a eternidade da vida dependem da nossa capacidade de tornar fecundo o amor evangélico que recebemos na Eucaristia.

Assim como naquela época, também hoje Jesus repete a cada um de nós: «Se não comerdes a carne do Filho do Homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos» (v. 53). Irmãos e irmãs, não se trata de um alimento material, mas de um pão vivo e vivificador, que comunica a vida do próprio Deus. Quando vamos comungar, recebemos a vida do próprio Deus. Para ter esta vida é necessário nutrir-se do Evangelho e do amor dos irmãos. Diante do convite de Jesus, a alimentar-nos do seu Corpo e Sangue, poderíamos sentir a necessidade de discutir e de resistir, como fizeram os ouvintes dos quais falou o Evangelho de hoje. Isto acontece quando temos dificuldade de modelar a nossa existência segundo a de Jesus, de agir em conformidade com os seus critérios, e não com os critérios do mundo. Nutrindo-nos deste alimento podemos entrar em plena sintonia com Cristo, com os seus sentimentos, com os seus comportamentos. Isto é muito importante: ir à Missa e comungar, porque receber a Comunhão significa receber este Cristo vivo, que nos transforma dentro e nos prepara para o Céu.

A Virgem Maria sustente o nosso propósito de fazer comunhão com Jesus Cristo, alimentando-nos da sua Eucaristia, para nos tornarmos, por nossa vez, pão partido para os irmãos.


Fonte: Santa Sé.

(Observação: Neste domingo, no Brasil, celebramos a Solenidade da Assunção de Maria, transferida do dia 15).

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