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sábado, 2 de junho de 2018

Homilia: IX Domingo do Tempo Comum - Ano B

Santo Agostinho
Comentário ao Salmo 91
Nosso sábado é a alegria na tranquilidade de nossa esperança

Deus não nos ensina outro cântico que o cântico da fé, da esperança e da caridade, para que nossa fé se garanta nele enquanto ainda não o vemos; crendo naquele a quem não vemos, para que rejubilemos ao vê-lo e à nossa fé, lhe suceda a visão da luz, quando já não nos será dito: “Crê o que não vês”, mas “alegra-te, porque vês”.

Pois se amamos a quem não vemos, como lhe amaremos quando o virmos! Cresça, portanto, nosso desejo. Não somos cristãos senão em vista ao século futuro: que ninguém ponha a sua esperança nos bens presentes, que ninguém prometa a si a felicidade do mundo pelo mero fato de ser cristão; desfrute, contudo, da felicidade presente se pode, como possa, quando possa e quanto possa. Quando a tenha, agradeça o consolo de Deus; quando lhe falte, agradeça a justiça de Deus: É bom dar graças ao Senhor, e tocar para teu nome, ó Altíssimo.

O título do Salmo 91 é este: Cântico para o dia de sábado. Observai que também hoje é sábado. Os judeus o celebram atualmente com certo ócio corporal, lânguido, relaxado. Fazem festa, mas é para entregar-se a frivolidades; e sendo Deus quem instituiu o sábado, eles dedicam o sábado a fazer o que Deus proíbe. Nosso ócio consiste em abster-se das más obras. Também a nós Deus nos impõe o sábado. Qual? Primeiro considerai em que radica este sábado: nosso sábado radica no interior, no coração. Na realidade, muitos descansam corporalmente, porém sua consciência vive na agitação. Nenhum homem mau pode desfrutar do sábado, porque sua consciência não lhe deixa um momento de repouso e se vê obrigado a viver na inquietação.

Em vez disso, quem tem uma boa consciência, está tranquilo e essa mesma tranquilidade é o sábado do coração. Tem a alma depositada no Senhor das promessas, e se porventura sofre atualmente, dilata-se com a esperança posta no futuro, e se acalma toda nuvem de tristeza, como diz o Apóstolo: Que a esperança vos tenha alegres. E essa mesma alegria na tranquilidade de nossa esperança é o nosso sábado. Isto é o que se recomenda, isto é o que se canta no presente salmo: de que modo o cristão há de viver o sábado de seu coração, isto é, no ócio, na tranquilidade e na serenidade de sua própria consciência, que nada conhece de perturbações. Por isso este salmo nos diz qual é a origem das perturbações que costumam afligir ao homem e te ensina a observar o sábado em teu coração.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 399-400. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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