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segunda-feira, 19 de março de 2018

A participação ativa dos fiéis na Liturgia

Continuando a série de postagens sobre “10 aspectos da Reforma Litúrgica do Vaticano II”, a Rádio Vaticano (agora Vatican News) traz algumas reflexões sobre a participação ativa dos fiéis na celebração:

No nosso espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar na edição de hoje sobre a reforma litúrgica.
“Cristo, o grande sacrifício na Eucaristia” foi o tema abordado em nosso último programa.
Já neste primeiro programa do ano de 2018, Padre Gerson Schmidt nos apresenta outro aspecto da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, que é a participação ativa dos fiéis na celebração. Vamos ouvir sua reflexão:
“Um dos aspectos importantes da reforma litúrgica do Concilio Vaticano II é a participação ativa dos fiéis. Para entender bem esse aspecto, acentuado por diversas vezes na Constituição Sacrosanctum Concilium, nós dizemos o seguinte:
Os bispos brasileiros, que tiveram participação no Concilio Vaticano II, apontam que essa participação ativa dos fiéis foi uma das grandes bandeiras firmemente levantadas pelo episcopado brasileiro, por ocasião dos debates nas sessões de aprovação do documento da reforma litúrgica.
A permissão do uso da língua vernácula já trouxe a possibilidade dessa participação mais ativa e consciente, a renovação dos ritos, aclamações e cantos. São inúmeros os textos da Sacrosanctum Concilium que falam dessa participação ativa, inclusive com o título em destaque: “Participação ativa dos fiéis”, mais de uma vez no documento.
Já falamos aqui do número 48 que afirma: “Por isso, a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não assistam a este mistério de fé como estranhos ou expectadores mudos, mas participem na ação sagrada consciente, piedosa e ativamente, por meio de uma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos na Palavra de Deus”. Ou seja: participação da Missa consciente, piedosa e ativa.
Por isso, nós não vamos “assistir” a Missa, como era a expressão até então, usada antes do Concílio, como se a gente fosse a um cinema ou a um teatro muito bem montado. Precisamos participar de maneira consciente, mesmo no silêncio. Também quem celebra não é somente o sacerdote. Somos todos nós.
Por isso é incorreto, na motivação inicial da Santa Missa, o animador dizer: “Vamos receber o celebrante”. O padre não é somente ele o celebrante. Todos celebramos. O sacerdote é o celebrante principal ou o presidente da celebração. É correto dizer simplesmente: “Vamos receber a procissão de entrada com o canto...”.
Nesse prisma, o número 30 e 31 da SC afirma, tendo como título desses dois artigos - “Participação ativa dos fiéis”:
(30) Para promover a participação ativa, cuide-se de incentivar as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes. Seja também observado, a seu tempo, o silêncio sagrado.
(31) Na revisão dos livros litúrgicos, procure-se que as rubricas prevejam também as partes dos fiéis”.

No nosso Espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a reforma litúrgica trazida pelo evento conciliar.
"Para promover a participação ativa, cuide-se de incentivar as aclamações dos fiéis, as respostas, a salmodia, as antífonas, os cânticos, bem como as ações, gestos e atitudes. Seja também observado, a seu tempo, o silêncio sagrado", escreve o número 30 da Constituição Sacrosanctum Concilium, promulgada pelo Papa Paulo VI em 4 de dezembro de 1963.
O valor da assembleia litúrgica foi tema de nosso último programa. Na edição de hoje, o padre Gerson Schmidt, incardinado na arquidiocese de Porto Alegre, retoma e aprofunda este tema:
“A Constituição Sacrosanctum Concilium, fruto das conclusões do Concilio Vaticano II, propõe uma reforma litúrgica sobretudo também a partir da participação ativa dos fiéis. Essa ativa, consciente e plena participação dos fiéis aparece muito claramente, por diversas vezes, mencionada nesse documento.
O capítulo dois da SC escancara essa emergência, tendo o seguinte título: “Necessidade de promover a formação litúrgica e a participação ativa”. O número 14 diz assim: “É desejo ardente da mãe Igreja que todos os fiéis cheguem àquela plena, consciente e ativa participação na celebração litúrgica que a própria natureza da liturgia exige e à qual o povo cristão, “raça escolhida, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido” (1Pd 2,9; cf. 2,4-5), tem direito e obrigação, por força do batismo.
A esta plena e ativa participação de todo o povo cumpre dar especial atenção na reforma e incremento da sagrada liturgia: com efeito, ela é a primeira e necessária fonte, da qual os fiéis podem haurir o espírito genuinamente cristão”.
É importante ver que os padres conciliares viram aqui que para acontecer essa participação ativa, consciente e plena dos fiéis, tão claramente desejada por eles, há mais de 50 anos atrás, é necessário que haja, em nossas bases paroquiais, uma verdadeira formação cristã e litúrgica.
O fiel, por força do batismo, tem direito e dever dessa integração e participação, que a própria natureza da liturgia exige. A Sagrada Liturgia é a primeira e necessária fonte do genuíno cristianismo.  Não nos adentramos num verdadeiro ser cristão batizado se não mergulhamos nessa fonte que é a liturgia. Pois, ninguém ama o que não conhece. Precisamos conhecer a natureza da liturgia.
Os padres conciliares afirmam ainda mais uma verdade. Para que acontece essa plena e ativa participação de todo o povo cristão na liturgia, cabe dar especial atenção na reforma e incremento da sagrada liturgia. Sem essa reforma e renovação litúrgica, em nossas comunidades celebrativas, não acontecerá essa plena, ativa e cônscia participação dos fiéis.
Passados 50 anos dessa proposta conciliar, a grande interrogativa que podemos fazer aqui é se, em nossas paróquias, comunidade de comunidades, já acontece essa renovação nos mais variados pontos sugeridos e encaminhados pela Sacrosanctum Concilium.
Estamos celebrando de forma realmente renovada ou estamos simplesmente inventando modas ou gestos litúrgicos que não se integram à renovação e participação dos fiéis de acordo com o espírito conciliar?”

No nosso Espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a Constituição Sacrosanctum Concilium.
Na reforma litúrgica trazida pelo Concilio Vaticano II, percebemos 10 aspectos de renovação, a partir da Constituição Sacrosanctum Concilium. Já tratamos de alguns destes aspectos aqui neste nosso espaço, como o valor da Assembleia Litúrgica, o  uso da Língua Vernácula, a importância das duas espécies eucarísticas, e nos dois últimos programas, a participação ativa dos fiéis.
No programa de hoje, padre Gerson Schmidt, incardinado na arquidiocese de Porto Alegre e que tem nos acompanhado neste percurso, nos fala sobre a importância da formação litúrgica para todos:
“A Constituição Sacrosanctum Concilium propõe a participação ativa dos fiéis, primeiramente por meio uma verdadeira e séria formação litúrgica. Mas isso não acontecerá em nossos ambientes celebrativos se não houver uma formação do clero para conhecer o espírito e a força da liturgia.
Diz assim o documento conciliar: “Mas, não havendo esperança alguma de que isto aconteça (a participação ativa dos fiéis), se antes os pastores de almas não se imbuírem primeiramente do espírito e da força da liturgia e não se tornarem mestres nela, é absolutamente necessário que se dê o primeiro lugar à formação litúrgica do clero”.
Diante disso, o sagrado Concílio decidiu estabelecer a formação litúrgica em diversos níveis que elencamos aqui (SC, n. 15-20):
1.  Formação dos professores de liturgia nos seminários, nas casas religiosas de estudos e nas faculdades teológicas;
2.  Instituir a disciplina de liturgia como cadeira curricular - Ensino da liturgia nos seminários e casas religiosas de estudos, por uma das disciplinas necessárias e mais importantes, nas faculdades de teologia como disciplina principal, a sua conexão da liturgia com a unidade da formação sacerdotal.
3.  Formação litúrgica dos candidatos ao sacerdócio;
4.  Ajudar os sacerdotes que já atuam no ministério para que, sempre mais plenamente, penetrem o sentido do que realizam nas sagradas funções, vivam a vida litúrgica, e façam dela participantes os fiéis a eles confiados.
5.  Formação litúrgica dos fiéis e promoção também da participação ativa dos fiéis, tanto interna como externa, segundo a sua idade, condição, gênero de vida e grau de cultura religiosa.
6.  Ainda um novo aspecto atual - a utilização dos Meios audiovisuais e liturgia – ou seja – quanto às transmissões por rádio e televisão das funções sagradas, particularmente em se tratando da santa missa, façam-se com discrição e dignidade, sob a direção e responsabilidade de pessoa competente, escolhida para tal ofício pelos bispos.
Acreditamos que decorridos já 50 anos dessas decisões e bom propósito de reforma litúrgica, muita coisa bonita já acontece em nossas dioceses, casas de formação religiosa e sacerdotal e em nossas comunidades paroquiais.
Já existe uma formação maior de nosso clero na liturgia. A participação dos leigos nos ministérios múltiplos cresce. Cada fiel, portanto, sabendo o sentido e a importância da liturgia, deve participar a modo que lhe cabe e compete das ações sagradas, de forma que não fique apático, neutro ou apenas um mero ouvinte distraído, bem como não faça mais do que lhe cabe, nem menos.
 Caminhemos como comunidades celebrativas. Intensifiquemos a preparação de nossas celebrações. Temos um longo caminho a percorrer (cf. 1Rs 19,7)".

No nosso Espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar da reforma litúrgica, trazida pelo evento conciliar.
No programa passado, falamos sobre a importância da formação litúrgica para todos, oportunidade em que ressaltamos que devemos intensificar a preparação de nossas celebrações e caminhar como comunidades celebrativas.
Vimos que já existe uma formação maior de nosso clero na liturgia, assim como também há uma maior participação dos leigos nos ministérios múltiplos.
No programa de hoje, padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste percurso dos documentos conciliares, nos traz a reflexão: “Participação piedosa, ativa e consciente na liturgia”.
São três os atributos ou adjetivos utilizados na Constituição Sacrosanctum Concilium para a participação dos fiéis na Liturgia: ativa, piedosa e consciente.
O texto diz assim: “Por isso, a Igreja procura, solícita e cuidadosa, que os cristãos não assistam a este mistério de fé como estranhos ou expectadores mudos, mas participem na ação sagrada, consciente, piedosa e ativamente, por meio de uma boa compreensão dos ritos e orações; sejam instruídos na palavra de Deus” (SC, 48).
Sabemos que não vai acontecer uma participação ativa dos fiéis que nos pede o concilio Vaticano II, sem uma verdadeira formação permanente dos batizados, ou seja, um catecumenato, tal qual na Igreja primitiva, antes ou depois do batismo.
Muitas vezes se confundiu a participação ativa dos fiéis colocando para o povo em geral partes da missa que se referem exclusivamente ao sacerdote. Cada um deve, na liturgia, fazer tão somente o que lhe compete. Mesmo no silêncio é possível haver a participação ativa, piedosa e consciente. Desde que o fiel saiba o que acontece e como deve se sentir e ser participante na celebração. Entenda-se bem aqui os termos ativa, piedosa e consciente. Tentemos dissecar cada palavra.
Ativa: Na liturgia, não significa que o fiel esteja em todos os momentos atuando de forma oral, labial ou gestual. Participar ativamente também pode ser passivamente, sem fazer nada, mas mergulhado no mistério pascal que se celebra e atualiza no hoje de nossa história, integrando sua vida, sua história, sua cruz, junto ao grande banquete redentor do Senhor. Participação ativa também nos diversos ministérios que a cada um cabe realizar: leitores, acólitos, ministros, cantores...
Piedosa: A piedade na liturgia precisa ser bem entendida, pois não significa ficar rezando orações paralelas, num pietismo vertical e intimista, em tom recolhido, como acontecia antes do Concilio e como vemos alguns fiéis ainda hoje assim procederem, apesar da renovação proposta há 50 anos. Piedosa significa realizar com respeito e dignidade o ato litúrgico no qual participa o fiel, dando ao culto sagrado o verdadeiro valor que lhe é atribuído e merecido. Piedosa aqui, na mentalidade do Concilio, significa com zelo, com amor, com preparo e dedicação, integrando-se ao grande sacrifício atual realizado para nossa salvação.
Consciente: Estar ciente de algo é não estar inconsciente, apático e no mundo da lua, alheio à realidade. Na liturgia, celebrar conscientemente é não estar por fora do sentido do ato litúrgico que se celebra. É conhecer e estar mergulhado no que se está celebrando. Ninguém pois ama o que não conhece. Pois, para um cônscia participação litúrgica, é preciso uma formação. Não diria uma formação puramente intelectual, racional, intelectiva. Mas uma formação cristã capaz de integrar o fiel no sacramento que se celebra, fazendo acontecer o Mistério Pascal na sua vida, cada um de nós ressuscitando com Cristo a cada celebração, dentro de uma comunidade celebrativa. Realizar Páscoa com o Ressuscitado. Esse mistério não se dá simplesmente por um conhecimento intelectual, mas existencial, vital, celebrado no meu hoje de cada dia”.

No nosso espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a falar sobre a reforma litúrgica, destacando hoje, "a importância de um catecumenato para participação ativa" dos fiéis na liturgia.
Na edição passada deste nosso espaço, falamos sobre três atributos utilizados na Constituição Sacrosanctum Concilium para a participação dos fiéis na Liturgia: ativa, piedosa e consciente. O Padre Gerson Schmidt, que tem nos acompanhado neste percurso dos documentos conciliares, tratou de cada um destes aspectos. No programa de hoje, o sacerdote incardinado na arquidiocese de Porto Alegre, nos fala sobre "a importância de um catecumenato para participação ativa" dos fiéis na Liturgia:
"Falamos na oportunidade anterior que são três os atributos ou adjetivos utilizados na Constituição Sacrosanctum Concilium para a participação dos fiéis na Liturgia: ativa, piedosa e consciente. Explicamos cada adjetivo, dentro da perspectiva do Concílio. Dissemos que para um cônscia participação litúrgica, é preciso uma formação, não puramente intelectual, racional, intelectiva.
Mas uma formação cristã capaz de integrar o fiel no sacramento que se celebra, fazendo acontecer o Mistério Pascal na vida, no momento atual de cada um e da comunidade que celebra, cada qual ressuscitando com Cristo a cada liturgia. Realizando Páscoa com Ele, com o Ressuscitado.
De fato, essa participação ativa, piedosa e consciente – alguns documentos falam de frutuosa - não acontecerá em nossas paróquias e comunidade de comunidades, enquanto não houve uma formação cristã séria, sistemática, gradual, dinâmica, por etapas.
Para isso, assim se expressa na Constituição Sacrosanctum Concilium, no número 64: “Restaure-se o catecumenato dos adultos, com vários graus, introduzindo-se seu uso segundo o parecer do Ordinário do lugar, de modo que o tempo do catecumenato, dedicado à conveniente instrução, possa ser santificado por meio de ritos sagrados que se hão de celebrar em ocasiões sucessivas”.
Não vemos aqui outra maneira de que os fiéis possam se adentrar nesses mistérios sagrados, numa cadenciada pedagogia mistagógica da fé, cada vez mais profunda, sem um verdadeiro, sério e gradual processo catecumenal de formação cristã, como tem pedido as atuais diretrizes da CNBB.
Há vários anos, todas as diretrizes da ação Pastoral da Igreja do Brasil falavam da formação cristã de novos discípulos missionários. Depois de vários anos, sempre propondo uma decisiva formação aos fiéis, os bispos do Brasil, reunidos em Assembleia Geral, trazem de bandeja, para todas as dioceses, uma proposta de um catecumenato diocesano, embasado no RICA – uma proposta catequética integrada, sistemática, litúrgica e progressiva para crianças, jovens e adultos.
Através do documento número 107, a CNBB lança proposta a ser implantada sobre iniciação à vida cristã, aprovada na 55ª Assembleia Geral. O documento oferece novas disposições pastorais para a iniciação à vida cristã, presente nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora desde 2011. Para os bispos, a dedicação em torno da temática revela o propósito de “buscar novos caminhos pastorais e reconhecer que a inspiração catecumenal é uma exigência atual”.
Ela permitirá formar discípulos conscientes, atuantes e missionários. Sabemos que para acontecer esse precioso projeto em nossas paróquias, é necessário um requisito fundamental: a conversão de cada evangelizador e catequista.


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