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quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

Homilia do Papa: Vésperas no encerramento do ano

Primeiras Vésperas da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus
Te Deum de Ação de Graças pelo ano que passou
Homilia do Papa Francisco
Basílica Vaticana
Domingo, 31 de dezembro de 2017

«Quando veio a plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho» (Gl 4,4). Esta celebração vespertina respira a atmosfera da plenitude do tempo. Não porque estamos na última tarde do ano solar, longe disso, mas porque a fé nos leva a contemplar e a sentir que Jesus Cristo, Verbo que se fez carne, conferiu plenitude ao tempo do mundo e à história humana.
«Nascido de uma mulher» (v. 4). A primeira que experimentou este sentido da plenitude conferida pela presença de Jesus foi precisamente a «mulher» da qual Ele «nasceu». A Mãe do Filho encarnado, Theotokos, Mãe de Deus. Através dela, por assim dizer, brotou a plenitude do tempo: através do seu Coração humilde e cheio de fé, mediante a sua carne, totalmente imbuída de Espírito Santo.
Dela a Igreja herdou e herda continuamente esta compreensão interior da plenitude, que alimenta um sentido de gratidão, como única resposta humana digna da imensa dádiva de Deus. Uma gratidão apaixonada que, a partir da contemplação daquele Menino envolto em faixas e colocado numa manjedoura, se estende a tudo e a todos, ao mundo inteiro. É uma ação de “graças” que reflete a Graça; não provém de nós, mas dele; não vem do eu mas de Deus, envolvendo o eu e o nós.
Nesta atmosfera criada pelo Espírito Santo, nós elevamos a Deus a ação de graças pelo ano que chega ao fim, reconhecendo que todo o bem é seu dom.
Inclusive este tempo do ano de 2017, que Deus nos tinha concedido íntegro e saudável, nós humanos o desperdiçamos e ferimos de tantas maneiras, com obras de morte, com mentiras e injustiças. As guerras são o sinal flagrante deste orgulho recorrente e absurdo. Mas são-no também todas as pequenas e grandes ofensas contra a vida, a verdade e a fraternidade, que causam múltiplas formas de degradação humana, social e ambiental. Por tudo isto queremos e devemos assumir, diante de Deus, dos irmãos e da criação, a nossa responsabilidade.
Mas nesta tarde predominam a graça de Jesus e o seu reflexo em Maria. E, por isso, prevalece a gratidão que, como Bispo de Roma, sinto na alma, pensando nas pessoas que vivem com o coração aberto nesta cidade.
Tenho um sentimento de simpatia e de gratidão por todas aquelas pessoas que, cada dia, contribuem com gestos pequenos mas preciosos para o bem de Roma: procuram cumprir da melhor maneira o seu dever, movem-se no trânsito com critério e prudência, respeitam os lugares públicos e indicam aquilo que não funciona, estão atentas às pessoas idosas ou em dificuldade, e assim por diante. Estes e milhares de outros comportamentos exprimem concretamente o amor pela cidade. Sem discursos, sem publicidade, mas com um estilo de educação cívica praticada na vida quotidiana. E assim cooperam silenciosamente para o bem comum.
De igual modo, sinto em mim uma grande estima pelos pais, pelos professores e por todos os educadores que, com este mesmo estilo, procuram formar as crianças e os jovens para o sentido cívico, para uma ética da responsabilidade, educando-os a fim de que se sintam partecuidem se interessem pela realidade que os circunda.
Embora não sejam notícia, estas pessoas constituem a maior parte dos habitantes que vivem em Roma. E entre elas não poucas vivem em condições de dificuldade econômica; e no entanto não se põem a chorar, nem alimentam ressentimentos nem rancores, mas esforçam-se por fazer todos os dias a sua parte para melhorar um pouco a situação.
Hoje, na ação de graças a Deus, convido-vos a manifestar também o reconhecimento por todos estes artífices do bem comum, que amam a sua cidade não com palavras, mas com gestos.


Fonte: Santa Sé

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