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terça-feira, 17 de outubro de 2017

Ângelus do Papa: XXVII Domingo do Tempo Comum - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
Domingo, 08 de outubro de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
A Liturgia deste domingo propõe-nos a parábola dos vinhateiros, aos quais o dono confiou a vinha que tinha plantado e depois deixou o país (Mt 21,33-43). Deste modo, é posta à prova a lealdade destes vinhateiros: a vinha foi confiada a eles, que devem cuidar dela, fazê-la frutificar e entregar ao dono a colheita. Quando chegou o tempo da colheita, o dono enviou os seus servos aos lavradores para recolher o produto da sua vinha. Mas os lavradores assumem uma atitude possessiva: não se consideram simples administradores, mas proprietários, e recusam-se a entregar a colheita. Maltratam os servos, a ponto de os matar. O dono mostrou-se paciente com eles: enviou outros servos em maior número que os primeiros, mas o resultado foi o mesmo. Enfim, com paciência, decide enviar o próprio filho; porém, aqueles lavradores, prisioneiros do próprio comportamento possessivo, matam também o filho pensando que assim receberiam a sua herança.

Esta narração ilustra de forma alegórica aquelas admoestações que os Profetas tinham proferido sobre a história de Israel. É uma história que nos pertence: fala-se da aliança que Deus quis estabelecer com a humanidade e na qual convidou também nós a participar. Contudo, esta história de aliança, como qualquer história de amor, tem os seus momentos positivos, mas está marcada também por traições e rejeições. Para fazer compreender como Deus Pai responde às rejeições que se opõem ao seu amor e à sua proposta de aliança, o trecho evangélico põe nos lábios do dono da vinha uma pergunta: «Pois bem, quando voltar o senhor da vinha, que fará ele àqueles lavradores?» (v. 40). Esta interrogação sublinha que a desilusão de Deus pelo comportamento malvado dos homens não é a última palavra! Nisso consiste a grande novidade do Cristianismo: um Deus que, mesmo desiludido pelos nossos erros e pelos nossos pecados, não falta à sua palavra, não para e sobretudo não se vinga!

Irmãos e irmãs, Deus não se vinga! Deus ama, não se vinga, espera para nos perdoar, para nos abraçar. Através das “pedras de descarte” - e Cristo foi a primeira pedra que os construtores descartaram - mediante situações de debilidade e de pecado, Deus continua a pôr em circulação o “vinho novo” da sua vinha, ou seja, a misericórdia; este é o vinho novo da vinha do Senhor: a misericórdia. Há um único impedimento perante a vontade tenaz e terna de Deus: a nossa arrogância e a nossa presunção que, por vezes, se torna violência! Face a estas atitudes e onde não se produzem frutos, a Palavra de Deus conserva toda a sua força de reprovação e admoestação: «Ser-vos-á tirado o Reino de Deus, e será dado a um povo que produzirá os frutos dele» (v. 43).

A urgência de responder com bons frutos à chamada do Senhor, que nos convida a tornar-nos sua vinha, ajuda-nos a compreender o que há de novo e de original na fé cristã. Ela não é tanto a soma de preceitos e normas morais mas, antes de tudo, uma proposta de amor que Deus, através de Jesus fez e continua a fazer à humanidade. É um convite a entrar nesta história de amor, tornando-nos uma vinha vivaz e aberta, rica de frutos e de esperança para todos. Uma vinha fechada pode tornar-se selvática e produzir uva selvática. Somos chamados a sair da vinha para nos pormos ao serviço dos irmãos que não estão conosco, para nos despertarmos reciprocamente e nos encorajarmos, para nos recordarmos que devemos ser vinha do Senhor em todos os ambientes, mesmo naqueles mais longínquos e difíceis.

Queridos irmãos e irmãs, invoquemos a intercessão de Maria Santíssima, a fim de que nos ajude a ser, onde quer que seja, especialmente nas periferias da sociedade, a vinha que o Senhor plantou para o bem de todos, e a levar o vinho novo da misericórdia do Senhor.


Fonte: Santa Sé.

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