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sábado, 8 de julho de 2017

Homilia: XIV Domingo do Tempo Comum - Ano A

São João Crisóstomo
Catequese Batismal 5
Vinde a mim!

Vinde a mim todos vós que estais cansados e fatigados sob o peso de vossos fardos e Eu vos darei descanso. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso para as vossas almas. Vistes maior superabundância de bondade? Percebes a generosidade do convite: Vinde a mim - diz - todos vós que estais cansados e fatigados. Amoroso o convite! Inefável a bondade!
Vinde a mim todos: não somente os que ordenam, mas também os que obedecem; não somente os livres, mas também os escravos; não somente os homens, mas também as mulheres; não somente os jovens, mas também os anciãos; não somente os de corpo são, mas também os aleijados e entrevados: Todos - diz - vinde. Tais são, realmente, os dons do Senhor: não conhece diferença entre escravo e livre, nem entre rico e pobre, mas toda esta desigualdade está rejeitada: Vinde - diz - todos vós que estais cansados e fatigados.
Observa a quem Ele chama: aos que se esgotaram completamente nas iniquidades, aos que estão oprimidos pelos pecados, aos que nem sequer podem mais levantar a cabeça, aos que estão mortos de vergonha, aos que mais estão privados de confiança para falar. E por que os chama? Não para pedir-lhes conta, nem para estabelecer um tribunal. Então, para quê? Para fazer-lhes descansar de seu cansaço, para tirar-lhes a sua carga pesada.
E será que poderia acontecer algo mais pesado do que o pecado? Este, na realidade, por mais que tantas vezes não o sintamos ou queiramos ocultá-lo da pessoas comuns, é aquele que desperta contra nós o juiz incorruptível que é a nossa consciência, e ela, sempre alerta, vai tornando nossa dor contínua, como um carrasco que dilacera e sufoca a mente, mostrando desta forma a enormidade do pecado. “Aos que estão, pois, oprimidos pelo pecado - diz - e como que sobrecarregados por uma carga, a estes aliviarei agraciando-lhes com o perdão de seus pecados. Unicamente, vinde a mim!” Quem será tão de pedra, quem tão teimoso que não obedeça a um convite tão bondoso?
Em seguida, para ensinar-nos também de que modo alivia, acrescenta: Tomai sobre vós o meu jugo. “Entrai, diz, sob o meu jugo. Porém não vos assusteis ao ouvir ‘jugo’, porque este ‘jugo’ nem roça o pescoço nem faz abaixar a cabeça; ao contrário, ensina a pensar nas coisas do alto e forma na verdadeira filosofia”.
Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei: “Unicamente, entrai sob o jugo e aprendei. Aprendei, ou seja, aplicai ao ouvido, para poder aprender de mim”. De fato, não vou exigir de vós nada pesado: vós, meus servos, imitai a mim, vosso amo; vós que sois terra e pó, imitai a mim, feitor do céu e da terra, vosso Criador. Aprendei de mim porque sou manso e humilde de coração.
Vês a condescendência do Senhor? Vês sua inconcebível bondade? Não nos exigiu algo pesado ou odioso. Realmente, Ele não disse: “Aprendei de mim que realizei prodígios, que ressuscitei mortos, que fiz milagres”. Tudo isso era unicamente próprio de seu poder. Então, o quê? Aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e vós encontrareis descanso para as vossas almas. Percebes como são grandes os benefícios e a utilidade deste jugo?
Portanto, o que foi considerado digno de entrar sob este jugo e é capaz de aprender do Senhor a ser manso e humilde de coração, obterá para a sua alma todo o alívio. Este é, realmente, o ponto capital de nossa salvação: quem é possuidor desta virtude, mesmo que esteja unido ao corpo, poderá rivalizar com os poderes incorpóreos e já não ter nada em comum com o presente.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 170-172. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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