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segunda-feira, 3 de abril de 2017

Ângelus do Papa: IV Domingo da Quaresma - Ano A

Papa Francisco
Ângelus
IV Domingo da Quaresma, 26 de março de 2017

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!
No centro do Evangelho deste IV Domingo da Quaresma encontram-se Jesus e um cego de nascença (Jo 9,1-41). Cristo restitui-lhe a vista e realiza este milagre com uma espécie de rito simbólico: primeiro mistura a terra com a saliva, em seguida aplica-a sobre os olhos do cego; depois diz- lhe para se ir lavar no tanque de Siloé. O homem vai, lava-se e readquire a visão. Era cego desde o nascimento. Com este milagre Jesus manifesta-se e manifesta-se a nós como luz do mundo; e o cego de nascença representa cada um de nós, que fomos criados para conhecer Deus, mas por causa do pecado somos como cegos, temos necessidade de uma luz nova; todos precisamos de uma luz nova: a da , que Jesus nos concedeu. De facto, ao readquirir a visão o cego do Evangelho abre-se para o mistério de Cristo. Jesus pergunta-lhe: «Tu acreditas no Filho do homem?» (v. 35). «E quem é ele, Senhor, para que eu creia nele?», responde o cego curado (v. 36). «Viste-o: é aquele que fala contigo» (v. 37). «Creio, Senhor!» e prostra-se diante de Jesus.

Este episódio leva-nos a refletir sobre a nossa fé, a nossa fé em Cristo, o Filho de Deus e, ao mesmo tempo, refere-se também ao Batismo, que é o primeiro Sacramento da fé: o Sacramento que nos faz «vir à luz», mediante o renascimento pela água e pelo Espírito Santo; assim como aconteceu ao cego de nascença, ao qual se abriram os olhos depois de se ter lavado na água do tanque de Siloé. O cego de nascença curado representa-nos quando não nos damos conta de que Jesus é a luz, é «a luz do mundo», quando olhamos para outro lado, quando preferimos entregar-nos a pequenas luzes, quando vamos às apalpadelas na escuridão. O facto que aquele cego não tenha um nome ajuda-nos a contemplar-nos com o nosso rosto e o nosso nome na história. Também nós fomos «iluminados» por Cristo no Batismo e por conseguinte somos chamados a comportarmo-nos como filhos da luz. E comportar-se como filhos da luz exige uma mudança radical de mentalidade, uma capacidade de julgar homens e situações segundo outra escala de valores, que vem de Deus. Com efeito, o sacramento do Batismo exige a escolha de viver como filhos da luz e de caminhar na luz. Se agora eu vos perguntasse: «Acreditais que Jesus é o Filho de Deus? Que vos pode mudar o coração? Que pode fazer ver a realidade como Ele a vê, não como nós a vemos? Acreditais que Ele é luz, que nos doa a verdadeira luz?». O que responderíeis? Cada um responda no seu coração.

O que significa ter a luz verdadeira, caminhar na luz? Antes de tudo, significa abandonar as luzes falsas: a luz fria e fátua do preconceito contra os outros, porque o preconceito deturpa a realidade e enche-nos de aversão contra aqueles que julgamos sem misericórdia e condenamos sem apelação. Este é pão de todos os dias! Quando se fala mal dos outros, não se caminha na luz, caminha-se nas trevas. Outra luz falsa, por ser sedutora e ambígua, é a do interesse pessoal: se avaliarmos homens e aspetos com base no critério da nossa utilidade, do nosso prazer, do nosso prestígio, não exercemos a verdade nas relações e nas situações. Se formos pelo caminho da procura só do interesse pessoal, caminhamos nas trevas.

A Virgem Santa, que foi a primeira a receber Jesus, luz do mundo, nos obtenha a graça de acolher novamente nesta Quaresma a luz da fé, redescobrindo o dom inestimável do Batismo, que todos nós recebemos. E esta nova iluminação nos transforme nas atitudes e nas ações, para sermos também nós, a partir da nossa pobreza, das nossas insuficiências, portadores de um raio de luz de Cristo.


Fonte: Santa Sé.

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