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sábado, 14 de janeiro de 2017

Homilia: II Domingo do Tempo Comum - Ano A

 São Cirilo de Alexandria
Comentário sobre o Evangelho de São João
Aquele Cordeiro, aquela vítima imaculada, foi levado ao matadouro por todos nós

Temos de explicar quem é esse que já está presente, e quais foram as motivações que induziram ao que veio do céu a descer até nós. Diz, com efeito: Este é o cordeiro de Deus, cordeiro que o profeta Isaías nos havia predito, dizendo: Como um cordeiro foi levado ao matadouro, como ovelha muda diante do seu tosquiador; cordeiro este já prefigurado pela Lei de Moisés. Só que naquele tempo a salvação era parcial, e não derramava sobre todos a sua misericórdia: tratava-se de um tipo e de uma sombra. Agora, em vez disso, aquele cordeiro - enigmaticamente prefigurado em outra época -, aquela vítima imaculada, por todos é levada ao matadouro, a fim de que tire os pecados do mundo, para derrubar ao exterminador da terra e abolir a morte morrendo por nós, para cancelar a maldição que pesava sobre a humanidade, para anular, finalmente, a antiga condenação: És pó e ao pó retornarás, para que Ele seja o segundo Adão, não pertencente à terra, mas ao céu, e se torne a origem de todo o bem da natureza humana, em solução da morte que foi introduzida no mundo, em mediador da vida eterna, em causa de retorno a Deus, em princípio da piedade e da justiça, e, finalmente, em caminho para o Reino dos Céus.
E, em verdade, um só cordeiro morreu por todos, preservando desta forma toda a grei dos homens para Deus Pai; um por todos, para a todos submeter a Deus; um por todos, para assim ganhar a todos; enfim, para que todos já não vivam para si, mas para aquele que morreu e ressuscitou por eles.
Estando verdadeiramente implicados em uma multidão de pecados, e sendo, em consequência, escravos da morte e da corrupção, o Pai entregou ao seu Filho em resgate por nós, um por todos, porque n’Ele todos subsistem e Ele é melhor do que todos. Um morreu por todos, para que todos vivamos n’Ele.
A morte que absorveu ao cordeiro degolado por nós, também n’Ele e com Ele necessitou devolver a todos nós a vida. Todos nós estávamos em Cristo, que por nós e para nós morreu e ressuscitou. De fato, abolido o pecado, quem podia impedir que fosse também abolida a morte por Ele, consequência do pecado? Morta a raiz, como pode salvar-se o caule? Morto o pecado, que justificação resta para a morte? Portanto, exultantes de legítima alegria pela morte do cordeiro de Deus, lacemos a provocação: Ó Morte, onde está a tua vitória? Onde está, inferno, o teu aguilhão?
Como em certo lugar cantou o salmista: é tapada a boca dos que proferem maldades, e doravante não poderá seguir acusando aos que pecam por fragilidade, porque Deus é o que justifica. Cristo nos resgatou da maldição da Lei, tornando-se um maldito por nós, para que nós nos encontremos libertos da maldição do pecado.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 116-117. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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