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sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Homilia do Papa: II Domingo do Tempo Comum - Ano A

Visita Pastoral à Paróquia romana de Santa Maria em Setteville de Guidonia
Homilia do Papa Francisco
Domingo, 15 de janeiro de 2017

O Evangelho apresenta-nos João Batista no momento em que dá testemunho de Jesus (Jo 1,29-34). Vendo que Jesus vinha na sua direção, disse: «Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É este de quem eu disse: “Depois de mim virá um homem que me é superior, porque existe antes de mim”» (vv. 29-30). Trata-se do Messias. Dá testemunho! E ouvindo este testemunho, alguns discípulos - discípulos de João - seguiram Jesus; seguiram-no e sentiram-se felizes: «Encontramos o Messias!» (Jo 1,41). Sentiram a presença de Jesus. Mas por que motivo eles encontraram Jesus? Porque houve uma testemunha, porque houve um homem que deu testemunho de Jesus.

É assim que acontece na nossa vida. Há numerosos cristãos que professam que Jesus é Deus; existem muitos sacerdotes que professam que Jesus é Deus; tantos bispos... Mas dão todos testemunho de Jesus? Ser cristão é como... é um modo de viver como outros, como ser torcedor de uma seleção? «Mas sim, sou cristão...». Ou como seguir uma filosofia: «Observo estes mandamentos, sou cristão, devo fazer isto...». Ser cristão, antes de tudo, é dar testemunho de Jesus. É a primeira coisa. E foi isto que fizeram os Apóstolos: os Apóstolos deram testemunho de Jesus, e foi por isso que o cristianismo se propagou no mundo inteiro. Testemunho e martírio: é a mesma coisa. Dá-se testemunho em pequeno, e alguns chegam ao grande, chegam a dar a vida no martírio, como os Apóstolos. Mas os Apóstolos não tinham feito um curso para se tornar testemunhas de Jesus; não tinham estudado, não foram à universidade. Tinham sentido o Espírito dentro de si e seguiram a inspiração do Espírito Santo; foram-lhe fiéis. Mas todos eram pecadores! Os Doze eram pecadores! «Não, Padre, só Judas!». Não, coitado... Nós não sabemos o que aconteceu depois da sua morte, porque a misericórdia de Deus existe inclusive naquele momento. Mas todos eram pecadores, todos! Invejosos, havia ciúmes entre eles: «Não, eu devo ocupar o primeiro lugar e tu o segundo»; e dois deles pedem à mãe que vá falar com Jesus, para que Ele reserve o primeiro lugar aos seus filhos... Eram assim, com todos os pecados. E eram também pecadores, porque quando Jesus foi capturado, todos fugiram, cheios de medo; esconderam-se: tinham pavor. E Pedro, consciente de que era o chefe, sentiu a necessidade de se aproximar um pouco para ver o que acontecia; e quando a empregada doméstica do sacerdote disse: «Mas também tu eras...», ele respondeu: «Não, não, não!». Renegou Jesus, traiu Jesus. Pedro! O primeiro Papa traiu Jesus! E estas são as testemunhas! Sim, porque eram testemunhas da salvação trazida por Jesus, e por esta salvação todos se converteram, se deixaram salvar. É bonito quando, à margem do lago, Jesus faz aquele prodígio [a pesca milagrosa] e Pedro diz: «Afasta-te de mim, Senhor, porque sou um homem pecador» (Lc 5,8). Ser testemunha não significa ser santo, mas ser um homem pobre, uma mulher pobre que diz: «Sim, eu sou um pecador, mas Jesus é o Senhor e eu dou testemunho dele, procurando praticar o bem todos os dias, emendar a minha vida, ir pelo caminho certo».

Eu gostaria de vos transmitir uma mensagem. Todos nós entendemos isto, aquilo que eu disse: testemunhas pecadoras. No entanto, lendo o Evangelho, não encontro um [certo tipo de] pecado nos Apóstolos. Havia alguns violentos, que queriam incendiar um povoado porque não os tinham acolhido... Eles tinham muitos pecados: traidores, desleais... Mas não encontro um [particular]: não eram bisbilhoteiros, não falavam mal dos outros, não falavam mal uns dos outros. Nisto eram bons. Não se «depenavam». Penso nas nossas comunidades: quantas vezes se comete o pecado de «tirar a pele uns aos outros», de falar mal, de se julgar superior em relação ao outro e de falar mal às escondidas! Isto, no Evangelho, eles não faziam. Fizeram coisas más, traíram o Senhor, mas isto não. Inclusive numa paróquia, numa comunidade onde se sabe... este defraudou, aquele fez isso... mas depois confessa-se, converte-se... Somos todos pecadores. No entanto, uma comunidade onde existem bisbilhoteiras e bisbilhoteiros é uma comunidade incapaz de dar testemunho.

Direi apenas isto: desejais uma paróquia perfeita? Nada de mexericos, nada. Se tiveres algo contra alguém, fala diretamente com ele, com o pároco; mas não entre vós. Este é o sinal de que o Espírito Santo está presente na paróquia. Quanto aos outros pecados, todos os temos. Existe uma coleção de pecados: um tem este, outro tem aquele, mas todos nós somos pecadores. Todavia, o que destrói uma comunidade, como o caruncho, são as bisbilhotices pelas costas.

Gostaria que neste dia da minha visita esta comunidade fizesse o propósito de não mexericar. E quando tiveres a vontade de dizer uma bisbilhotice, morde a tua língua: ela inchará, mas far-vos-á muito bem, porque no Evangelho estas testemunhas de Jesus - pecadores: até chegaram a trair o Senhor! - nunca falavam mal umas das outras. E isto é bom! Uma paróquia onde não há mexericos é uma paróquia perfeita; uma paróquia de pecadores, sim, mas de testemunhas. E era este o testemunho que davam os primeiros cristãos: «Como se amam, como se amam!». Amar-se pelo menos nisto. Começar com isto. O Senhor vos conceda esta dádiva, esta graça: nunca, nunca falar mal uns dos outros. Obrigado!


Fonte: Santa Sé.

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