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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

Homilia do Papa: Jubileu Mariano (2016)

Jubileu Extraordinário da Misericórdia
Jubileu Mariano
Homilia do Papa Francisco
Praça de São Pedro
XXVIII Domingo do Tempo Comum, 09 de outubro de 2016

O Evangelho deste domingo (Lc 17,11-19) convida-nos a reconhecer, com maravilha e gratidão, os dons de Deus. Ao longo da estrada que o leva à Morte e à Ressurreição, Jesus encontra dez leprosos, que vêm ao seu encontro, param à distância e gritam o seu infortúnio àquele homem em quem a fé deles intuiu um possível salvador: «Jesus, Mestre, tem misericórdia de nós!» (v. 13). Estão doentes, e procuram alguém que os cure. Em resposta, Jesus disse-lhes que fossem apresentar-se aos sacerdotes, que, segundo a Lei, estavam encarregados de constatar uma eventual cura. Desta forma, não se limita a fazer uma promessa, mas põe à prova a sua fé. Pois, naquele momento, os dez ainda não estão curados; recuperam a saúde enquanto vão a caminho, depois de ter obedecido à palavra de Jesus. Então todos, cheios de alegria, se apresentam aos sacerdotes e seguem depois pela sua estrada, mas esquecendo o Doador, ou seja, o Pai que os curou por meio de Jesus, seu Filho feito homem.

Apenas uma exceção: um samaritano, um estrangeiro que vive marginalizado do povo eleito, quase um pagão. Este homem não se contenta com ter obtido a cura através da sua própria fé, mas faz com que tal cura atinja a sua plenitude voltando atrás para expressar a sua gratidão pelo dom recebido, reconhecendo em Jesus o verdadeiro Sacerdote que, depois de tê-lo erguido e salvado, pode fazê-lo caminhar, acolhendo-o entre os seus discípulos.

Como é importante saber agradecer, saber louvar por tudo aquilo que o Senhor faz por nós! Assim podemos perguntar-nos: somos capazes de dizer “obrigado”? Quantas vezes dizemos “obrigado” em família, na comunidade, na Igreja? Quantas vezes dizemos “obrigado” a quem nos ajuda, a quem está ao nosso lado, a quem nos acompanha na vida? Muitas vezes consideramos tudo como se nos fosse devido! E isto acontece também com Deus. É fácil ir ter com o Senhor para pedir-lhe qualquer coisa, mas voltar para lhe agradecer... Por isso Jesus sublinha fortemente a falta dos nove leprosos ingratos: «Não foram dez os que ficaram purificados? Onde estão os outros nove? Não houve quem voltasse para dar glória a Deus, senão este estrangeiro?» (vv. 17-18).

Nesta Jornada Jubilar, nos é proposto um modelo - antes, o modelo - a contemplar: Maria, a nossa Mãe. Depois de ter recebido o anúncio do Anjo, ela deixou brotar do seu coração um cântico de louvor e agradecimento a Deus: «A minha alma glorifica o Senhor...». Peçamos à Virgem Maria que nos ajude a entender que tudo é dom de Deus e a saber agradecer: então - eu vos garanto - a nossa alegria será completa. Só aquele que sabe agradecer, experimenta a plenitude da alegria.

Para saber agradecer, é preciso também a humildade. Na 1ª Leitura ouvimos o caso singular de Naamã, comandante do exército do rei da Síria (2Rs 5,14-17). Está leproso; para curar-se, aceita a sugestão de uma pobre escrava e confia-se aos cuidados do profeta Eliseu, que para ele é um inimigo. Naamã, porém, está disposto a humilhar-se. E, dele, Eliseu não pretende nada; manda-o apenas mergulhar na água do rio Jordão. Esta exigência deixa Naamã perplexo, até mesmo contrariado: poderá porventura ser verdadeiramente um Deus, Aquele que pede coisas tão banais? E estava para voltar a casa, mas depois aceita mergulhar no Jordão e, imediatamente, fica curado.

O coração de Maria, mais do que qualquer outro, é um coração humilde e capaz de acolher os dons de Deus. E, para se fazer homem, Deus escolheu precisamente ela, uma jovem simples de Nazaré, que não vivia nos palácios do poder e da riqueza, que não realizou feitos extraordinários. Interroguemo-nos - nos fará bem - se estamos dispostos a receber os dons de Deus ou preferimos antes fechar-nos nas seguranças materiais, nas seguranças intelectuais, nas seguranças dos nossos projetos.

É significativo que Naamã e o samaritano sejam dois estrangeiros. Quantos estrangeiros, incluindo pessoas de outras religiões, nos dão exemplo de valores que nós, às vezes, esquecemos ou negligenciamos! É verdade; quem vive a nosso lado, talvez desprezado e marginalizado porque estrangeiro, pode-nos ensinar como trilhar o caminho que o Senhor quer. Também a Mãe de Deus, juntamente com o esposo José, experimentou a separação da sua terra. Por muito tempo, também ela foi estrangeira no Egito, vivendo longe de parentes e amigos. Mas a sua fé soube vencer as dificuldades. Conservemos intimamente esta fé simples da Santa Mãe de Deus; peçamos-lhe a graça de saber voltar sempre a Jesus e dizer-lhe o nosso obrigado pelos inúmeros benefícios da sua misericórdia.


Fonte: Santa Sé.

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