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segunda-feira, 9 de maio de 2016

Catequese do Papa: A ovelha perdida

Papa Francisco
Audiência Geral
Quarta-feira, 4 de Maio de 2016
Jubileu (17): A ovelha perdida

Bom dia, queridos irmãos e irmãs!
Todos nós conhecemos a imagem do Bom Pastor, que carrega sobre os ombros a ovelha tresmalhada. Este ícone representa sempre a solicitude de Jesus pelos pecadores e a misericórdia de Deus que não se resigna a perder alguém. A parábola é narrada por Jesus, para levar a compreender que a sua proximidade em relação aos pecadores não deve escandalizar mas, ao contrário, suscitar em todos uma séria reflexão sobre o nosso modo de viver a fé. A narração vê, por um lado, os pecadores que se aproximam de Jesus para o ouvir e, por outro, os doutores da lei, os escribas desconfiados, que se afastam dele por causa deste comportamento. Afastam-se porque Jesus se aproxima dos pecadores. Eles eram orgulhosos, soberbos, julgavam-se justos.
A nossa parábola move-se em volta de três personagens: o pastor, a ovelha tresmalhada e o resto do rebanho. No entanto, quem age é unicamente o pastor, não as ovelhas. Portanto, o pastor é o único verdadeiro protagonista e tudo depende dele. Uma pergunta introduz a parábola: «Quem de vós, possuindo cem ovelhas e tendo perdido uma delas, não deixa as noventa e nove no deserto e vai em busca da que se perdeu, até a encontrar?» (v. 4). Trata-se de um paradoxo que induz a duvidar do comportamento do pastor: é sábio abandonar as noventa e nove por uma única ovelha? E além disso não na segurança de um aprisco, mas no deserto? Em conformidade com a tradição bíblica, o deserto é lugar de morte, onde é difícil encontrar alimento e água, sem abrigo e à mercê das feras e dos salteadores. O que podem fazer noventa e nove ovelhas indefesas? Contudo o paradoxo continua, afirmando que o pastor, depois de ter encontrado a ovelha, «a carrega sobre os ombros cheio de júbilo e, voltando para casa, reúne os amigos e vizinhos, dizendo-lhes: “Regozijai-vos comigo!”» (v. 6). Portanto, tem-se a impressão de que o pastor não volta ao deserto para recuperar o rebanho inteiro! Orientado para aquela única ovelha, parece esquecer-se das outras noventa e nove. Mas na realidade não é assim! O ensinamento que Jesus nos quer transmitir é, ao contrário, que nenhuma ovelha se pode perder. O Senhor não pode resignar-se ao facto de que até uma única pessoa possa extraviar-se. A ação de Deus é aquela de quem vai à procura dos filhos perdidos para depois fazer festa e rejubilar com todos porque voltou a encontrá-los. Trata-se de um desejo irrefreável: nem sequer noventa e nove ovelhas podem impedir o pastor e mantê-lo fechado no redil. Ele poderia raciocinar assim: «Faço o balanço: tenho noventa e nove, perdi uma mas não se trata de uma grande perda». Mas ele vai em busca daquela, porque cada uma é muito importante para ele, e aquela é a mais necessitada, a mais abandonada, a mais descartada; assim, ele vai à sua procura. Todos estamos avisados: a misericórdia pelos pecadores é o estilo com que Deus age, e a esta misericórdia Ele é absolutamente fiel: nada e ninguém poderá desviá-lo da sua vontade de salvação. Deus não conhece a nossa atual cultura do descartável, Deus não tem nada a ver com isto. Deus não descarta pessoa alguma; Deus ama todos, procura todos: um por um! Ele não conhece a expressão «descartar as pessoas», porque Ele é todo amor e toda misericórdia.
A grei do Senhor está sempre a caminho: ela não possui o Senhor, não pode iludir-se de o aprisionar nos nossos esquemas e nas nossas estratégias. O pastor será encontrado onde estiver a ovelha perdida. Portanto, o Senhor deve ser procurado onde Ele mesmo nos quer encontrar, não onde nós mesmo pretendemos encontrá-lo! De nenhum outro modo será possível reunir o rebanho, a não ser seguindo o caminho traçado pela misericórdia do pastor. Enquanto vai em busca da ovelha tresmalhada, ele suscita as outras noventa e nove a fim de que participem na reunificação da grei. Então não apenas a ovelha carregada nos ombros, mas o rebanho inteiro seguirá o pastor até à sua casa para fazer festa com «amigos e vizinhos».
Deveríamos ponderar com frequência sobre esta parábola, porque na comunidade cristã há sempre alguém que falta, tendo partido e deixado um lugar vazio. Às vezes isto é desanimador e leva-nos a acreditar que se trata de uma perda inevitável, uma doença sem remédio. É então que corremos o perigo de nos fecharmos dentro de um redil, onde não haverá cheiro de ovelhas, mas fedor de fechado! E os cristãos? Não devemos viver fechados, porque teremos em nós o mau cheiro dos lugares fechados. Nunca! Devemos sair, sem nos fecharmos em nós mesmos, nas pequenas comunidades, na paróquia, considerando-nos «justos». Isto acontece quando falta o impulso missionário que nos leva ao encontro dos outros. Na visão de Jesus, não existem ovelhas perdidas definitivamente, mas só ovelhas que devem ser encontradas. Devemos compreender bem isto: para Deus ninguém está definitivamente perdido. Nunca! Deus procura-nos até ao último instante. Pensai no bom ladrão; mas só na visão de Jesus ninguém está definitivamente perdido. Portanto, a perspectiva é totalmente dinâmica, aberta, estimulante e criativa. Impele-nos a sair à procura, para empreender um caminho de fraternidade. Nenhuma distância pode manter afastado o pastor; e nenhum rebanho pode renunciar a um irmão. Encontrar quem está perdido é a alegria do pastor e de Deus, mas é também o júbilo de toda a grei! Todos nós somos ovelhas reencontradas e reunidas pela misericórdia do Senhor, chamados a congregar juntamente com Ele o rebanho inteiro!


Fonte: Santa Sé

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