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sábado, 16 de abril de 2016

Homilia: IV Domingo da Páscoa - Ano C

 Santo Agostinho
Sermão 130
O Senhor criou e redimiu os seus servos

Ele é o pão descido do céu; porém, é um pão que refaz sem desfazer-se, um pão que pode se sumir, mas não se consumir. Este pão estava simbolizado pelo maná. Por isso foi escrito: Deu-lhes um trigo celeste; e o homem comeu o pão dos anjos. E quem a não ser Cristo é o pão do céu? Mas para que o homem comesse o pão dos anjos, se fez homem o Senhor dos anjos. Se ele não tivesse se feito homem não teríamos sua carne, não comeríamos o pão do altar. Apressemo-nos a tomar posse da herança, da qual tão magnífica prenda recebemos.
Meus irmãos: desejemos a vida de Cristo, pois temos o dom da morte de Cristo. Como não nos dará seus bens aquele que padeceu nossos males? Nesta terra, neste mundo malvado, o que é que abunda senão o nascer, o fadigar-se e o morrer? Examinai as realidades humanas e convencei-me, se é que estou equivocado. Considerai, homens todos, e vede se existe neste mundo algo além de nascer, fadigar-se e morrer. Esta é a mercadoria típica de nossa terá, é isto o que aqui abunda. E por tais mercadorias desceu o divino Mercador.
E uma vez que todo mercador dá e recebe: dá o que tem e recebe o que não tem - quando compra algo, paga o preço estipulado e recebe o produto comprado -, também Cristo, neste mercado do mundo, dá e recebe. E o que recebe? Aquilo que aqui sobeja: nascer, fadigar-se e morrer. E o que deu? Renascer, ressuscitar e eternamente reinar. Ó bom Mercador, compra-nos! Mas por que digo compra-nos, se o que devemos fazer é dar-lhe graças por ter-nos comprado?
Ele nos entrega o nosso próprio preço: bebemos teu sangue; entrega-nos o nosso próprio preço. O Evangelho que lemos é a ata de nossa aquisição. Somos teus servos, somos criatura tua; fizeste-nos, redimiste-nos. Comprar um servo está ao alcance de qualquer um, mas criá-los não. Pois bem: o Senhor criou e redimiu aos seus servos.
Os criou para que fossem; os redimiu para que cativos não fossem. Tínhamos caído nas mãos do príncipe deste mundo, que seduziu a Adão e o fez escravo. E começou a possuir-nos como sua herança. Mas veio nosso Redentor e foi vencido o sedutor. E o que nosso Redentor fez com o nosso escravizador? Para pagar o nosso preço armou a cilada de sua cruz, pondo nela como isca seu próprio sangue. Sangue que o sedutor pode verter, mas que não mereceu beber.
E por ter derramado o sangue de quem não era devedor, foi obrigado a restituir os devedores. Derramou o sangue do Inocente, foi obrigado a deixar em paz aos culpáveis. Pois na realidade o Salvador derramou seu sangue para apagar os nossos pecados. A carta de obrigação com o que o diabo nos retinha foi cancelada pelo sangue do Redentor. Então, o amemos, porque é doce. Degustai e vede como é bom o Senhor.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 602-603. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

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