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terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

Homilia: Quarta-feira de Cinzas

São Leão Magno
Tratado 48
“Todo o corpo da Igreja deve estar purificado de qualquer tipo de corrupção”

Caríssimos! Entre todos os dias que a devoção cristã celebra com especiais demonstrações de honra, nenhum é tão excelente como a festividade pascal, que consagra na Igreja de Deus a dignidade de todas as demais solenidades. Na realidade, até a própria geração materna do Senhor está orientada para este sacramento, e o Filho de Deus não teve outra razão de nascer, a não ser a de poder ser crucifico de Deus nolenidades. uer tipo de corrupçado. De fato, no seio da Virgem foi assumida uma carne mortal; nesta carne mortal finalizou-se a economia da paixão; e, por um desígnio inefável da misericórdia de Deus, converteu-se em sacrifício de redenção, em abolição do pecado e em primícias da ressurreição para a vida eterna. E se considerarmos o que o mundo inteiro recebeu pela cruz do Senhor, reconheceremos que para celebrar o dia da Páscoa com razão nos preparamos com um jejum de quarenta dias, a fim de poder participar dignamente nos divinos mistérios.
Pois não só os supremos pastores ou os sacerdotes de segunda dignidade, nem somente os ministros dos sacramentos, mas todo o corpo da Igreja e a universalidade dos fieis hão de estar purificados de qualquer tipo de corrupção, para que o templo de Deus, que tem como fundamento o próprio fundador, seja magnífico em todas as suas pedras e luminoso em todas as suas partes. Porque se é sensato que se enfeite com toda classe de adornos as mansões dos reis e os palácios dos supremos hierarcas - de maneira que possuem moradas mais suntuosas aqueles que estão em posse de maiores méritos -, com que dedicação não haverá de edificar e com quanto primor não convirá decorar a mansão da própria deidade! Mansão que mesmo que não possa iniciar-se cem consumar-se sem a participação de seu autor, exige, entretanto, a colaboração de quem a constrói, participando com a própria fadiga em sua edificação.
O material utilizado na construção deste templo é um material vivo e racional, que o espírito da graça estimula para que voluntariamente se coadune em um todo compacto. Este material é amado e buscado, para que por sua vez busque o que não buscava e ame o que não amava, de acordo com o que diz o apóstolo São João: Nós devemos amar-nos uns aos outros, porque Deus nos amou primeiro. Formando, pois, os fieis, de forma geral ou singularmente considerado, um único e mesmo templo de Deus, este deve ser perfeito na singularidade de seus membros como o é na universalidade. E embora a beleza dos membros não seja idêntica, nem é possível a igualdade dos méritos - dada a variedade das partes -, contudo, a caridade unificadora consegue uma harmoniosa comunhão. Pois os que estão vinculados por um santo amor, mesmo quando nem todos participem dos mesmos benefícios da graça, todavia, todos se alegram mutuamente de seus bens, e não pode ser-lhes estranho nada do que amam, porque redunda em próprio enriquecimento a alegria que experimentam no progresso alheio.


Fonte: Lecionário Patrístico Dominical, pp. 558-559. Para adquiri-lo no site da Editora Vozes, clique aqui.

Confira também uma homilia de Santo Efrém para esta celebração clicando aqui.

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