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segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Discurso do Papa na Vigília de Oração com as Famílias

VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO
A CUBA E AOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

(19-28 DE SETEMBRO DE 2015)

VIGÍLIA DE ORAÇÃO COM AS FAMÍLIAS
DISCURSO DO SANTO PADRE
Parque Benjamin Franklin, Filadélfia
Sábado, 26 de Setembro de 2015

Queridos irmãos e irmãs,
Queridas famílias!
Obrigado a todos aqueles que deram um testemunho. Obrigado a todos aqueles que nos alegraram com a arte, com a beleza, que é o caminho para chegar a Deus. A beleza nos leva a Deus. E um testemunho verdadeiro nos leva a Deus, porque Deus também é a verdade. É a beleza e a verdade. E um testemunho dado como serviço é bom, nos faz bem, porque Deus é bondade. Isso nos leva a Deus. Tudo aquilo que é bom, tudo o que é verdadeiro e tudo o que é belo leva-nos a Deus. Porque Deus é bom, Deus é belo, Deus é a verdade.
Obrigado a todos, por aqueles que nos transmitiram aqui uma mensagem e pela vossa presença, que é também um testemunho. Um verdadeiro testemunho de que a vida familiar vale a pena. De que uma sociedade cresce forte, cresce boa, cresce bela e verdadeira quando edifica-se sobre o fundamento da família.
Uma vez, um menino me perguntou – vós sabeis que as crianças perguntam coisas difíceis –, ele perguntou: «Padre, o que Deus estava a fazer antes de criar o mundo?». Garanto-vos que me custou responder. E eu lhe disse o que eu vos digo agora: Antes de criar o mundo, Deus amava, porque Deus é amor; mas tal era o amor que Ele tinha em si mesmo – esse amor entre o Pai e o Filho no Espírito Santo era tão grande, tão desbordante – não sei se isso é muito teológico, mas me entendereis – era tão grande que não podia ser egoísta. Tinha que sair de si mesmo para ter a quem amar fora de si. E assim, Deus criou o mundo. Então Deus fez esta maravilha onde vivemos. E que, como estamos um pouco desnorteados, estamos a destrui-la. Mas a coisa mais bela que Deus fez – diz a Bíblia – foi a família. Ele criou o homem e a mulher. E entregou-lhes tudo. Entregou-lhes o mundo: «Sede fecundos e multiplicai, cultivai a terra, fazei-a dar fruto, fazei-a crescer». Todo o amor com que fez esta maravilhosa Criação a entregou para uma família.
Vamos voltar um pouco. Todo o amor que Deus tem em si, toda a beleza que Deus tem em si, toda a verdade que Deus tem em si mesmo, entrega-a para a família. E uma família é verdadeiramente família quando ela é capaz de abrir os braços e receber todo esse amor. É evidente que o paraíso terrestre não existe mais, que a vida tem seus problemas, que os homens – pela astúcia do demónio – aprenderam a dividir-se. E todo esse amor que Deus nos deu quase se perde. E logo em seguida, teve lugar o primeiro assassinato, o primeiro fratricídio. Um irmão mata o outro irmão: a guerra. O amor, a beleza e a verdade de Deus, e a destruição da guerra. E é entre essas duas posições que nós caminhamos hoje. Cabe a nós escolher, cabe a nós decidir o caminho a percorrer.
Mas voltemos ao início. Quando o homem e sua esposa equivocaram-se e se afastaram de Deus, Deus não os deixou sozinhos. Tanto era o amor. Tanto era o amor que começou a caminhar com a humanidade, Ele começou a caminhar com o seu povo, até que chegou o momento maduro e deu a demonstração do maior amor: Seu Filho. E para onde mandou Seu Filho? Para um palácio, à uma cidade, para construir uma empresa? Enviou-o para uma família. Deus entrou no mundo numa família. E pôde fazê-lo porque essa família era uma família que tinha um coração aberto ao amor, que tinha as portas abertas. Pensemos em Maria, jovenzinha. Não tinha como entender: «Como isso pode acontecer?». E quando explicaram-na, ela obedeceu. Pensemos em José, cheio de esperanças de formar um lar, e encontra-se esta surpresa a qual não entende. Aceita, obedece. E na obediência de amor desta mulher, Maria, e deste homem, José, dá-se uma família em que veio Deus. Deus sempre bate às portas dos corações. Ele gosta de fazê-lo. Vem do seu interior. Mas sabeis do que Deus mais gosta? Bater às portas das famílias. E encontrar as famílias unidas, encontrar as famílias que se amam, encontrar as famílias que crescem os seus filhos e os educam e seguem em frente com eles, e criam uma sociedade de bondade, verdade e beleza.
Estamos na festa das famílias. A família tem uma carta de cidadania divina. Está claro? A carta de cidadania que a família tem foi Deus que lhe deu para que no seu seio crescesse cada vez mais a verdade, o amor e a beleza. Certamente, alguns de vós podeis dizer-me: «Padre, o senhor fala assim porque é solteiro». Na família há dificuldades. Nas famílias discutimos. Nas famílias, às vezes, «voam os pratos». Nas famílias os filhos dão dor de cabeça. Não vou falar das sogras. Mas nas famílias sempre, sempre, existe a cruz. Sempre. Porque o amor de Deus, o Filho de Deus, também nos abriu este caminho. Mas nas famílias também, depois da cruz, há ressurreição, porque o Filho de Deus nos abriu esse caminho. Por isso, a família é – perdoai-me a palavra – uma fábrica de esperança; esperança de vida e ressurreição, porque foi Deus quem abriu esse caminho. E os filhos. Os filhos dão trabalho. Nós, como filhos, dêmos trabalho. Às vezes, em casa, vejo alguns dos meus colaboradores que vêm trabalhar com olheiras. Eles têm um bebé de um mês, dois meses. Eu lhes pergunto: «Não dormiste?». Respondem: «Não, chorou a noite toda». Na família há dificuldades, mas essas dificuldades são superadas com amor. O ódio não supera nenhuma dificuldade. A divisão dos corações não supera nenhuma dificuldade. Só o amor é capaz de superar a dificuldade. Amor é festa, o amor é a alegria, o amor é seguir em frente.
Não quero continuar a falar, porque está ficando muito longo, mas eu queria marcar dois pequenos pontos sobre a família com os quais queria que se tivesse um cuidado especial. Não só queria. Temos de tomar um cuidado especial. As crianças e os avós. As crianças e os jovens são o futuro, são a força, aqueles que levam as coisas para frente. São aqueles em colocamos a esperança. Os avós são a memória da família. São aqueles que nos deram a fé, transmitiram-nos a fé. Cuidar dos avós e cuidar das crianças é a demonstração de amor, não sei se maior, mas – eu diria – mais promissória da família, porque eles prometem o futuro. Um povo que não sabe cuidar das crianças e um povo que não sabe cuidar dos avós é um povo sem futuro, porque não tem nenhuma força e nenhuma memória para seguir em frente. Pois bem, a família é bela, mas custa, traz problemas. Na família, às vezes, há inimizades. O marido briga com a mulher, ou olham-se mal, ou os filhos com o pai. Dou-vos um conselho: Nunca termineis o dia sem fazer as pazes na família. Numa família não se pode terminar o dia em guerra. Que Deus vos abençoe. Que Deus vos dê forças. Que Deus vos incentive a seguir em frente. Cuidemos da família. Defendamos a família, porque nela o nosso futuro está em jogo. Obrigado. Que Deus vos abençoe e rezeis por mim, por favor.


Fonte: Santa Sé

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