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quarta-feira, 29 de abril de 2015

Regina Coeli: III Domingo da Páscoa - Ano B

Papa Francisco
Regina Coeli
Domingo, 19 de abril de 2015

Amados irmãos e irmãs, bom dia!
Nas leituras bíblicas da Liturgia de hoje ressoa duas vezes a palavra «testemunhas». A primeira vez é dita por Pedro: ele, depois da cura do paralítico junto da porta do templo de Jerusalém, exclama: «Matastes o autor da vida, mas Deus ressuscitou-o dos mortos: e nós somos testemunhas disso» (At 3,15). A segunda vez é Jesus Ressuscitado que a pronuncia: Ele, na noite de Páscoa, abre a mente dos discípulos ao mistério da sua morte e ressurreição e diz-lhes: «Disto vós sois testemunhas» (Lc 24,48). Os Apóstolos, que viram com os seus olhos Cristo Ressuscitado, não podiam deixar de contar a sua extraordinária experiência. Ele tinha aparecido a eles para que a verdade da sua Ressurreição chegasse a todos mediante o seu testemunho. E a Igreja tem a tarefa de prolongar no tempo esta missão; cada batizado está chamado a testemunhar, com as palavras e com a vida, que Jesus ressuscitou, que Jesus está vivo e presente no meio de nós. Todos estamos chamados a dar testemunho de que Jesus está vivo.

Podemos perguntar-nos: mas quem é a testemunha? A testemunha é quem viu, recorda e conta. Verrecordar e contar são os três verbos que descrevem a sua identidade e missão. A testemunha é quem viu, com um olhar objetivo, viu uma realidade, mas não com um olhar indiferente; viu e deixou-se envolver num acontecimento. Por isso recorda, não só porque sabe reconstruir de modo claro os factos que se verificaram, mas também porque aqueles factos lhe falaram e ele captou o seu sentido profundo. Então a testemunha conta, não de modo insensível e distante, mas como alguém que se deixou pôr em questão, e a partir daquele dia mudou de vida. A testemunha é uma pessoa que mudou de vida.

O conteúdo do testemunho cristão não é uma teoria, não é uma ideologia, um sistema complexo de preceitos e proibições nem um moralismo, mas é uma mensagem de salvação, um evento concreto, aliás, uma Pessoa: é Cristo ressuscitado, vivo e único Salvador de todos. Ele pode ser testemunhado por quantos fizeram a experiência pessoal d’Ele, na oração e na Igreja, através de um caminho que tem o seu fundamento no Batismo, o seu alimento na Eucaristia, o seu selo na Confirmação, a sua conversão contínua na Penitência. Graças a este caminho, guiado sempre pela Palavra de Deus, cada cristão pode tornar-se testemunha de Jesus Ressuscitado. E o seu testemunho é tanto mais credível quanto mais transparecer de um modo de viver evangélico, jubiloso, corajoso, manso, pacífico, misericordioso. Se ao contrário o cristão se deixar cativar pela comodidade, pela vaidade, pelo egoísmo, se se tornar surdo e cego ao pedido de «ressurreição» de tantos irmãos, como poderá comunicar Jesus vivo, como poderá comunicar o poder libertador de Jesus vivo e a sua ternura infinita?

Maria nossa Mãe nos ampare com a sua intercessão, para que possamos tornar-nos, com os nossos limites, mas com a graça da fé, testemunhas do Senhor Ressuscitado, levando às pessoas que encontramos os dons pascais da alegria e da paz.


Fonte: Santa Sé.

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